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Estudo explora os efeitos do bilinguismo no cérebro em desenvolvimento
Os pesquisadores analisaram imagens cerebrais de ressonância magnanãtica a  procura demudanças que ocorreram durante o desenvolvimento e depois verificaram se essas alteraçaµes diferiam entre bila­ngues e monola­ngues.
Por Ingrid Fadelli - 07/04/2020


Crédito: Jerry Wang, Unslplash

Pesquisas recentes no campo da Neurociênciasugerem que conhecer e falar mais de um idioma pode afetar a estrutura cerebral do falante. Alguns estudos, por exemplo, encontraram diferenças nas regiaµes corticais e nas estruturas subcorticais da substância cinzenta de adultos bila­ngues ou multila­ngues, em comparação com as dos monola­ngues.

Essas descobertas estãoalinhadas com outras observações que destacam asmudanças na estrutura cerebral daqueles que dominam uma nova habilidade, como malabarismo, tocar piano ou manipular ferramentas especa­ficas. Como essas alterações costumam ser observadas nas regiaµes cerebrais associadas a s habilidades adquiridas, espera-se que o bilinguismo e o multilinguismo afetem as áreas cerebrais associadas ao processamento, aprendizado e controle da linguagem .

Pesquisadores da Universidade de Reading e da Universidade de Georgetown recentemente realizaram um novo estudo explorando os efeitos no desenvolvimento cerebral de conhecer mais de um idioma, desde a primeira infa¢ncia atéa idade adulta. Seu artigo, pré-publicado no PsyArXiv e atualmente em revisão para publicação na Estrutura e Função Cerebral , ébaseado em um grande reposita³rio de imagens passadas e dados comportamentais.

"As regiaµes do cérebro afetadas pelo bilinguismo são aquelas envolvidas em como adquirimos e processamos a linguagem, bem como em como controlamos a linguagem que usamos cada vez, se soubermos mais de uma", Christos Pliatsikas, pesquisador principal do estudo , disse a  Medical Xpress. "Essasmudanças estruturais são pensadas para tornar o cérebro mais eficiente no manuseio dessas tarefas exigentes, que se tornam mais intensas se vocêébila­ngue".

Em suas pesquisas anteriores, Pliatsikas e seus colegas descobriram que asmudanças cerebrais estruturais que ocorrem no cérebro em desenvolvimento de bila­ngues e multila­ngues geralmente variam, dependendo da frequência com que falam os idiomas que conhecem. Seu novo estudo teve como objetivo investigar essasmudanças ainda mais, observando o desenvolvimento cerebral em indivíduos bila­ngues e monola­ngues desde a infa¢ncia atéo ini­cio da idade adulta.

"Usamos um grande conjunto de dados estruturais de ressonância magnanãtica de imagens de cérebro de participantes com idades entre três e 21 anos, incluindo aqueles que falam mais de um idioma", explicou Pliatsikas. "Este conjunto de dados forneceu medidas da estrutura do cérebro (por exemplo, volume) para todo o cérebro, separadas em regiaµes menores".

Os pesquisadores analisaram imagens cerebrais de ressonância magnanãtica a  procura demudanças que ocorreram durante o desenvolvimento e depois verificaram se essas alterações diferiam entre bila­ngues e monola­ngues. Eles examinaram particularmente a espessura, o volume e asuperfÍcie da substância cinzenta em 41 regiaµes corticais e subcorticais do cérebro, bem como as caracteri­sticas da substância branca em 20 tratos cerebrais.

"Usamos estata­sticas avana§adas que levam em conta as formas particulares das trajeta³rias ao longo do desenvolvimento (por exemplo, picos em certas idades seguidas de quedas), que são mais apropriados do que os manãtodos mais tradicionais que tratariam o desenvolvimento do cérebro como uma linha reta conta­nua", Michael Ullman , pesquisador saªnior deste estudo, disse ao TechXplore.

As análises realizadas por Pliatsikas, Ullman e seus colegas produziram vários resultados interessantes. Primeiro, os pesquisadores descobriram que as trajeta³rias de desenvolvimento de algumas regiaµes do cérebro foram realmente afetadas pelo bilinguismo. Por exemplo, enquanto pesquisas anteriores descobriram consistentemente que o cérebro fica um pouco menor durante a infa¢ncia, esse processo de encolhimento parecia ser mais lento para os bila­ngues, principalmente em algumas regiaµes do cérebro.

As regiaµes do cérebro que não pareciam encolher tanto nos bila­ngues foram todas previamente encontradas como associadas ao processamento e controle da linguagem. Em última análise, isso sugere que o bilinguismo e potencialmente atéo multilinguismo tornam áreas do cérebro que adquirem, processam e controlam a linguagem mais 'resiliente' aos efeitos do desenvolvimento.

"Nossas descobertas não apenas corroboram as sugestaµes anteriores de que a estrutura do cérebro bila­ngue difere da estrutura monola­nga¼e, mas também mostram que alguns dos efeitos encontrados em adultos podem ter suas raa­zes no desenvolvimento", disse Ullman.

Além de ampliar a compreensão atual de como o bilinguismo pode impactar o cérebro, as novas descobertas coletadas pelos pesquisadores podem ter implicações importantes para futuros estudos de neurociência De fato, a variação que Pliatsikas, Ullman e seus colegas identificaram na forma como o cérebro bila­nga¼e se desenvolve durante a infa¢ncia pode estar ligada ou explicar as diferenças estruturais observadas no cérebro de adultos bila­ngues.

"Nos meus pra³ximos estudos, estou particularmente interessado em explorar os efeitos a longo prazo do bilinguismo no cérebro, e especialmente no envelhecimento do cérebro", disse Pliatsikas. "Se o bilinguismo muda a estrutura do cérebro para torna¡-lo mais eficiente, ele tem o potencial de torna¡-lo mais resistente ao decla­nio relacionado a  idade, tanto em bila­ngues sauda¡veis ​​quanto em pacientes bila­ngues?"

 

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