Combate a COVID-19: Dr. Olivier Restif
O pesquisador Olivier Restif usa modelagem matemática para entender como as doenças infecciosas se espalham dentro e entre as espanãcies.
"Esperamos uma pandemia como essa háquase vinte anos", diz Olivier Restif, que usa modelagem matemática para entender como as doenças infecciosas se espalham dentro e entre as espanãcies. Em meio a uma pandemia global que começou quando uma pessoa foi infectada por um animal selvagem, ele deseja chamar a atenção para a importa¢ncia de usar a pesquisa para estar melhor preparada.Â
Minha pesquisa estãofocada em varus em morcegos que podem ser transmitidos a pessoas ou animais domanãsticos. Chamamos esses varus zoona³ticos. O trabalho éimportante para ajudar a entender onde e como as pandemias podem surgir e pode ajudar a reduzir a exposição das pessoas a doena§as. No entanto, quando uma pandemia estãoem andamento, ela se torna um problema de saúde pública e outros colegas estãoem melhor posição do que eu para responder. Como muitos cientistas, me ofereci para ajudar a avaliar novas evidaªncias relacionadas ao coronavarus, por exemplo, respondendo a solicitações das equipes de modeladores que aconselham o governo do Reino Unido. Â
Tenho muita sorte que meu trabalho seja principalmente baseado em escrita³rio , portanto, trabalhar em casa não causou muita interrupção além de ter que cancelar algumas viagens e conferaªncias. Obviamente, manter contato com todos da minha equipe exige um pouco mais de organização, mas todos estãoindo bem. No lado positivo, passo mais tempo com meu filho de três anos.
Faa§o parte de um grande consãorcio internacional, chamado Bat One Health, que estuda varus zoona³ticos em morcegos na áfrica, asia e Austra¡lia. Usando anos de dados de campo, desenvolvemos modelos para investigar como a ecologia dos morcegos afeta a propagação de varus. Chegamos a conclusão de que as atividades humanas, ao interromper a vida selvagem, aumentam o risco de doenças se espalharem para os seres humanos de várias maneiras. Trabalhando com acadaªmicos e comunidades nospaíses afetados, nosso objetivo éencontrar soluções prática s e sustenta¡veis ​​para preservar a biodiversidade e, ao mesmo tempo, reduzir as ameaa§as a saúde humana.
O Reino Unido e outrospaíses de alta renda estãoenfrentando desafios sem precedentes na resposta ao surto. Mas acho que a maior crise estãoapenas comea§ando a atingir muitospaíses africanos e asia¡ticos. Muitos registraram um número muito baixo de casos atéagora e alguns impuseram medidas dra¡sticas de distanciamento social. No entanto, o varus provavelmente estãose espalhando por essespaíses hásemanas devido a falta de capacidade de detecção. Se casos graves aumentam exponencialmente em comunidades pobres que não tem acesso a cuidados de saúde, em breve poderemos testemunhar uma nova crise humanita¡ria.
A reação da comunidade de pesquisa da Universidade foi extraordina¡ria. Foram criados fa³runs on-line para trocar informações e coordenar ações, para garantir que os recursos e a experiência necessa¡rios possam ser encontrados e empregados muito rapidamente. Embora muitas vezes se afirme que os pesquisadores trabalham em silos, essa não éa minha experiência: a pesquisa interdisciplinar estãoprosperando.
A ironia éque esperamos uma pandemia como essa háquase vinte anos. Aprendemos muito com os recentes surtos internacionais de SARS, Ebola e gripe suana, em particular, e os planos de contingaªncia foram elaborados por alguns dos melhores especialistas. A pesquisa foi compartilhada com governos e também com o paºblico em geral, por exemplo, no excelente livro de David Quammen Spillover (2012) e no filme de Hollywood Contagion (2011). Então, por que esse conhecimento não se traduziu em melhor preparação? Este émais um exemplo de prioridades políticas de curto prazo que atrapalham o planejamento de eventos extremos.Â
Do ponto de vista acadaªmico, melhores colaborações entre cientistas naturais e economistas certamente ajudariam. O surto de coronavarus definitivamente destaca a importa¢ncia da pesquisa sobre varus zoona³ticos na vida selvagem 'a montante' de pandemias. Além de continuar nosso trabalho sobre varus em morcegos, estaremos procurando novas oportunidades para colaborar com cientistas da saúde pública e formuladores de políticas. Mais do que nunca, nossa aªnfase estara¡ na capacitação na áfrica.Â
Quando a pandemia termina, estou ansioso para me encontrar com parentes e amigos. Tambanãm estou consciente de que as restrições atuais estãocausando grandes interrupções para nossos alunos, que precisara£o de apoio adicional para se atualizar. Esperamos que a experiência inspire mais estudantes a trabalhar em pandemias e aprecie a importa¢ncia da pesquisa interdisciplinar.Â
O Dr. Olivier Restif éprofessor de Epidemiologia da Alborada, sediado no Departamento de Medicina Veterina¡ria da Universidade. Leia seu artigo de opinia£o recente para The Conversation.