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A segregação escolar por riqueza estãocriando resultados desiguais de aprendizagem para criana§as no Sul Global
Os pesquisadores dizem que háuma necessidade urgente de
Por Cambridge - 27/05/2020


Alunos em sala de aula em Burkina Faso - Crédito: Global Partnership for Education

Milhaµes de criana§as mais pobres do mundo estãosaindo da escola sem dominar nem os na­veis ba¡sicos de leitura ou matemática, devido a um padrãonegligenciado de desigualdades generalizadas e baseadas na riqueza nos sistemas educacionais de seuspaíses, sugerem novas pesquisas.

"Um aspecto positivo éque nossa pesquisa enfatiza que não hánada inerente a  pobreza que impede as criana§as de aprender"

Rob Gruijters

O estudo liderado pela Universidade de Cambridge mostra que criana§as das fama­lias mais pobres, nos que já são alguns dospaíses de baixa renda do mundo, apresentam desempenho pior nos testes ba¡sicos de alfabetização e numeracia do que aquelas de origens mais ricas.

A razãoprincipal, segundo o estudo, éque as criana§as mais pobres estãodesproporcionalmente agrupadas nas escolas de menor qualidade, que geralmente carecem de recursos ba¡sicos - como livros, eletricidade ou banheiros.

Os pesquisadores dizem que háuma necessidade urgente de "elevar a palavra" na educação global, concentrando esforços denívelnacional e ajuda internacional em estudantes das comunidades mais desfavorecidas.

Instituições como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Banco Mundial hámuito se referem a uma ' crise de aprendizado ' no Sul Global. Enquanto um número crescente de criana§as empaíses de baixa renda frequenta a escola em comparação com as gerações anteriores, muitas ainda não possuem habilidades ba¡sicas de alfabetização ou numeracia.

Atéagora, a maioria das análises analisou os fatores que explicam os baixos resultados de aprendizagem em geral, em vez de diferenciar os grupos de criana§as. Mas o novo estudo sugere que existe um enorme abismo entre a qualidade da educação que as criana§as das fama­lias mais pobres recebem em comparação com as criana§as mais ricas, e que isso estãodiretamente relacionado a  capacidade de ler, escrever, adicionar ou subtrair na 6ª sanãrie. .

Dr. Rob Gruijters, do Centro de Pesquisa para Acesso e Aprendizagem Equitativos (REAL) , da Faculdade de Educação da Universidade de Cambridge, que liderou a pesquisa, disse: “Existe um altonívelde segregação social na educação de muitos dessespaíses. sistemas.
O padrãoésemelhante ao do Reino Unido, onde criana§as ricas tendem a frequentar escolas com melhores recursos. Mas as diferenças na qualidade da escola são muito mais acentuadas e estãofortemente ligadas ao hista³rico familiar ”

“Os relatórios globais sobre a crise do aprendizado costumam dar pouca atenção a essas desigualdades, concentrando-se nas diferenças médias entre ospaíses. Mas se realmente queremos consertar as coisas, épreciso haver um compromisso não apenas de investir em educação, mas também de elevar o na­vel: garantir que todas as escolas tenham umnívelma­nimo de apoio, em pessoal, treinamento e recursos. ”

O estudo analisou dados do Programa de Ana¡lise de Sistemas Educacionais (PASEC), uma pesquisa gerenciada pela associação de ministanãrios da educação na áfrica franca³fona. A pesquisa avaliou mais de 30.000 alunos da 6ª sanãrie em mais de 1.800 escolas em 10países: Benin, Burundi, Burkina Faso, Camaraµes, Chade, Congo (Brazzaville), Costa do Marfim, Na­ger, Senegal e Togo. Todos os 10 "receberam pouca atenção" em análises anteriores da crise de aprendizado, diz o estudo.

Os dados fornecem as pontuações dos alunos em matemática ba¡sica e testes de leitura. Os pesquisadores fizeram referaªncia cruzada com informações adicionais sobre suas origens socioecona´micas, sua saúde e a qualidade de suas escolas; dividindo o grupo amostral de cadapaís em quintos com base na riqueza relativa de suas fama­lias.

"Um aspecto positivo éque nossa pesquisa enfatiza que não hánada inerente a  pobreza que impea§a as criana§as de aprender", acrescentou Gruijters. "Daª a eles um lugar melhor para aprender, com melhores recursos, e eles podem fazer o mesmo que criana§as do extremo mais rico da escala".


No geral, os alunos dos 20% mais pobres das fama­lias tiveram um desempenho pior nos testes, enquanto as criana§as que - embora muitas vezes são pobres pelos padraµes internacionais - caa­ram nos 20% mais ricos, obtiveram consistentemente os resultados mais altos.

Os alunos mais pobres também tendem a não atingir o 'limiar de proficiaªncia' da 6ª sanãrie do PASEC, o que significa que, no momento em que deixam a escola prima¡ria, muitos ainda lutam com somas ba¡sicas e leitura.

Os pesquisadores então exploraram possa­veis razões pelas quais esse va­nculo entre riqueza e desempenho das fama­lias existe. Eles descobriram que as diferenças na qualidade da educação explicavam quase toda a lacuna de aprendizado entre criana§as pobres e mais ricas.

Constatou-se que criana§as de origens desfavorecidas estavam agrupadas em contextos educacionais com baixa pontuação para a qualidade da escola no conjunto de dados - o que significa que os na­veis de educação dos professores eram frequentemente ruins, as salas de aula estavam superlotadas e os recursos e instalações cra­ticos, de livros dida¡ticos a águacorrente, geralmente indispona­vel. As criana§as mais ricas, por outro lado, eram muito mais propensas a frequentar escolas particulares com melhores recursos.

a‰ importante ressaltar que nos casos em que criana§as das 20% mais pobres e 20% das fama­lias mais pobres frequentavam a mesma escola, quase não havia diferença nos resultados dos testes.

"O problema éque a maioria deles não frequenta as mesmas escolas, e épor isso que estamos vendo essas lacunas de aprendizado", disse Julia Behrman, da Northwestern University, coautora do estudo. "As criana§as mais ricas aprendem mais porque estãoindo para melhores escolas, com melhores recursos ".

Os pesquisadores dizem que sua avaliação do impacto do status socioecona´mico nos resultados da aprendizagem équase certamente conservadora, já que os dados do PASEC cobrem apenas criana§as que atingem o 6º ano. Empaíses como Burkina Faso, Na­ger e Chade, onde menos da metade de todas as criana§as terminam Na escola prima¡ria e muitas nunca frequentam, as criana§as mais pobres enfrentam um 'duplo obsta¡culo': primeiro, chegando a  escola; e segundo, encontrar uma escola que esteja suficientemente equipada para dar-lhes uma educação ba¡sica.

O estudo argumenta, portanto, que as iniciativas políticas e os esforços de ajuda destinados a solucionar a crise global de aprendizagem devem se concentrar em igualar o acesso a s oportunidades de aprendizagem para todas as criana§as.

"Um aspecto positivo éque nossa pesquisa enfatiza que não hánada inerente a  pobreza que impea§a as criana§as de aprender", acrescentou Gruijters. "Daª a eles um lugar melhor para aprender, com melhores recursos, e eles podem fazer o mesmo que criana§as do extremo mais rico da escala".

 

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