As interações humanas com animais devem mudar drasticamente para reduzir o risco de outra pandemia mortal
Sa£o necessa¡riasmudanças generalizadas na maneira como interagimos com os animais; solua§aµes que abordam apenas um problema - como o comanãrcio de animais selvagens - não são suficientes.
Cortesia
Compilado por uma equipe de especialistas internacionais em vida selvagem e veterina¡ria, um novo estudo identificou sete rotas pelas quais pandemias poderiam ocorrer e 161 opções para reduzir o risco. Conclui que são necessa¡riasmudanças generalizadas na maneira como interagimos com os animais; soluções que abordam apenas um problema - como o comanãrcio de animais selvagens - não são suficientes.
"Nãopodemos evitar completamente outras pandemias, mas háuma variedade de opções que podem reduzir substancialmente o risco".
Silviu Petrovan
Os autores do novo relatório argumentam que ações bem-intencionadas, mas simplistas, como proibições completas ao comanãrcio de caça e vida selvagem, 'mercados aºmidos' ou consumo de animais selvagens podem ser inatingaveis e não são suficientes para evitar outra pandemia. Medidas como essas podem ser difaceis de implementar, por isso devem ser cuidadosamente planejadas para impedir a proliferação do comanãrcio ilegal ou a alienação e o aumento das dificuldades para as comunidades locais em todo o mundo que dependem de animais selvagens como alimento.
As doenças zoona³ticas com potencial epidaªmico também podem transmitir de animais silvestres de criação (como civetas) e animais domesticados (como exemplificado pela gripe suana e gripe avia¡ria), com maiores riscos ocorrendo onde seres humanos, gado e vida selvagem interagem estreitamente.Â
Compilado por uma equipe de 25 especialistas internacionais, o estudo considerou todas as principais maneiras pelas quais as doenças com alto potencial de transmissão humano para humano podem saltar de animais para humanos (denominadas doenças zoona³ticas). Os autores dizem que lidar com uma mistura tão complicada de fontes potenciais de infecção requermudanças generalizadas na maneira como os seres humanos e os animais interagem.
“Muitas campanhas recentes se concentraram em banir o comanãrcio de animais selvagens, e lidar com o comanãrcio de animais selvagens érealmente importante, mas éapenas uma das muitas rotas possaveis de infecção. Nãodevemos assumir que a próxima pandemia surgira¡ da mesma maneira que o COVID-19; precisamos agir em uma escala mais ampla para reduzir o risco â€, disse o professor William Sutherland no Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge e a Iniciativa de Pesquisa BioRISC no St Catharine's College, Cambridge, que liderou a pesquisa.
As possaveis maneiras de surgir outra pandemia humana incluem: agricultura, transporte, comanãrcio e consumo de animais silvestres; comanãrcio internacional ou de longa distância de gado; comanãrcio internacional de animais exa³ticos para animais de estimação; aumento da invasão humana nos habitats da vida selvagem; resistência antimicrobiana - especialmente em relação a agricultura intensiva e poluição; e bioterrorismo.
Algumas das maneiras de reduzir o risco de outra pandemia são relativamente simples, como incentivar pequenos agricultores a manter galinhas ou patos afastados das pessoas. Outros, como melhorar a biossegurança e introduzir padraµes veterina¡rios e de higiene adequados para animais de criação em todo o mundo, exigiriam investimentos financeiros significativos em escala global.Â
As 161 opções incluem:
• Leis para impedir a mistura de diferentes animais selvagens ou a mistura de animais selvagens e domanãsticos durante o transporte e nos mercados;
• Aumentar a mudança para alimentos a base de plantas para reduzir o consumo e a demanda por produtos de origem animal;
• Protocolos de segurança para espeleologia em áreas com alta densidade de morcegos, como o uso de macaca£o impermea¡vel e ma¡scaras;
• Melhorar a saúde animal nas fazendas, limitando as densidades de estocagem e garantindo altos padraµes de atendimento veterina¡rio.
“Nãopodemos evitar completamente outras pandemias, mas háuma variedade de opções que podem reduzir substancialmente o risco. A maioria dos patógenos zoona³ticos não écapaz de transmissão sustentada de homem para homem, mas alguns podem causar grandes epidemias. Impedir sua transferaªncia para seres humanos éum grande desafio para a sociedade e também uma prioridade para proteger a saúde pública â€, disse Silviu Petrovan, veterina¡rio e especialista em vida selvagem da Universidade de Cambridge e principal autor do estudo.Â
“Animais selvagens não são o problema - eles não causam o surgimento de doena§as. Pessoas fazem. Na raiz do problema estãoo comportamento humano, portanto, mudar isso fornece a solução â€, disse o professor Andrew Cunningham, diretor adjunto de ciências da Zoological Society de Londres e co-autor do estudo.
As soluções foram focadas em medidas que podem ser implementadas na sociedade em escala local, regional e internacional. O estudo não considerou o desenvolvimento de vacinas e outras opções de medicamentos médicos e veterina¡rios. Ele não oferece recomendações, mas um conjunto de opções para ajudar os formuladores de políticas e profissionais a pensarem cuidadosamente sobre possaveis cursos de ação.Â
Todas as categorias de animais - animais selvagens, em cativeiro, selvagens e domésticas - foram incluadas no estudo. O foco estava nas doena§as, particularmente os varus, que poderiam rapidamente se tornar epidemias atravanãs de altas taxas de transmissão de homem para homem, uma vez que eles pulassem de um animal. Isso exclui algumas doenças zoona³ticas bem conhecidas, como raiva e doença de Lyme, que requerem transmissão contanua dos animais.
O relatório estãoatualmente sendo revisado por pares. As descobertas foram geradas por um manãtodo chamado Solution Scanning, que usa uma ampla variedade de fontes para identificar uma variedade de opções para um determinado problema. As fontes incluaam a literatura cientafica, documentos de posição de organizações não-governamentais, diretrizes do setor, especialistas em diferentes áreas e a experiência da própria equipe de estudo.
Este trabalho foi financiado pela Fundação David e Claudia Harding, Arcadia e MAVA.