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Aprenda com a pandemia para evitar uma cata¡strofe ambiental, argumentam os cientistas
O COVID-19 écompara¡vel a emergaªncias climáticas e de extina§a£o, dizem cientistas do Reino Unido e dos EUA - todos compartilham caracteri­sticas como impactos atrasados, ciclos de feedback e dina¢mica complexa.
Por Fred Lewsey - 04/07/2020


Guarda Nacional dos EUA trabalhando para extinguir incaªndios no Alasca
Crédito: Balinda O'Neal

A dina¢mica da pandemia de SARS-CoV-2 compartilha 'impressionantes semelhanças' com as duas crises ambientais de aquecimento global e extinção de espanãcies, argumentam uma equipe de cientistas e especialistas em políticas do Reino Unido e dos EUA.

As consequaªncias da inação conta­nua diante demudanças climáticas catastra³ficas e extinção em massa são muito graves para serem consideradas"

Andrew Balmford

Eles dizem que as lições aprendidas da maneira mais difa­cil ao conter o COVID-19 - a necessidade de intervenção precoce para reduzir a morte e os danos econa´micos; a restrição de alguns aspectos do estilo de vida das pessoas para o bem de todos nos- também deve estar no centro de evitar uma cata¡strofe ambiental.

“Vimos as consequaªncias do atraso na ação na luta contra o COVID-19. As consequaªncias da inação conta­nua diante dasmudanças climáticas catastra³ficas e da extinção em massa são muito graves para serem consideradas ”, disse o professor Andrew Balmford, do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge.

Escrevendo na revista Current Biology , Balmford e colegas argumentam que a disseminação do coronava­rus compartilha caracteri­sticas comuns com o aquecimento global e a iminente "sexta extinção em massa".

Por exemplo, cada novo caso COVID-19 pode gerar outros e, portanto, levar a taxas de infecção crescentes, assim como climas mais quentes alteram os ecossistemas, aumentando as emissaµes de gases de efeito estufa que causam aquecimento. "Ambos são perigosos ciclos de feedback", argumentam os cientistas.

A equipe também faz comparações do que chamam de "impactos atrasados". Para o coronava­rus, o atraso - ou atraso - antes que os sintomas se concretizem significa que as pessoas infectadas espalham a doença antes que sintam efeitos e mudem o comportamento.

Os pesquisadores igualam isso ao atraso entre a destruição do habitat e a eventual extinção de espanãcies, bem como a defasagens entre as emissaµes que bombeamos e os efeitos totais do aquecimento global, como a elevação doníveldo mar. Assim como na infecção viral, a mudança de comportamento pode chegar tarde demais.

"Como as crises gaªmeas de extinção e clima, a pandemia de SARS-CoV-2 pode ter parecido um problema distante a princa­pio, muito distante do cotidiano da maioria das pessoas", disse o co-autor Ben Balmford, da Universidade de Exeter.

“Mas, desmarcada por muito tempo, a doença fora§ou grandesmudanças na maneira como vivemos. O mesmo se aplica a  devastação ambiental que estamos causando, exceto que as consequaªncias podem ser verdadeiramente irreversa­veis. ”

Os autores encontram paralelos na indiferença que hámuito recebe avisos da comunidade cienta­fica sobre novas doenças zoona³ticas emudanças induzidas pelo homem no clima e no habitat.

"Os impactos atrasados, os ciclos de feedback e a dina¢mica complexa das pandemias e crises ambientais significam que identificar e responder a esses desafios exige que os governos oua§am cientistas independentes", disse Brendan Fisher, co-autor da Universidade de Vermont. "Tais vozes foram tragicamente ignoradas."

As semelhanças entre a pandemia de SARS-CoV-2 e o desastre ambiental residem não apenas em sua natureza, mas também em sua mitigação, dizem os cientistas, que escrevem que 'não hásubstituto para a ação precoce'.

Os pesquisadores incluem uma análise do momento do bloqueio nospaíses da OCDE e concluem que, se tivesse ocorrido apenas uma semana antes, cerca de 17.000 vidas no Reino Unido (até21 de maio de 2020) teriam sido salvas e quase 45.000 nos EUA. .

Eles dizem que, assim como o atraso no bloqueio custa milhares de vidas, o atraso na ação climática que nos da¡ 2ºC de aquecimento em vez de 1,5 expaµe um número estimado de 62 a 457 milhões de pessoas - principalmente as mais pobres do mundo - a 'riscos clima¡ticos multissetoriais', como como seca, inundação e fome.

Da mesma forma, émenos prova¡vel que os programas de conservação sejam bem-sucedidos quanto mais atrasados. "Amedida que o deserto desaparece, vemos um ciclo de feedback acelerado, pois uma determinada perda de habitat causa uma perda ainda maior de espanãcies", explicou o professor de Princeton e co-autor David Wilcove.    

Os cientistas apontam que a ação adiada que resulta em mais mortes por COVID-19 também custara¡ mais a essas nações em crescimento econa´mico, segundo estimativas do FMI, assim como climas mais quentes e mais perturbadores reduzira£o a prosperidade econa´mica.

Intervir para conter a pandemia e as crises ambientais exige que os tomadores de decisão e os cidada£os ajam no interesse da sociedade como um todo, argumentam os pesquisadores.

"Na crise do COVID-19, vimos jovens em idade de trabalhar sacrificando educação, renda e conexão social principalmente para o benefa­cio de pessoas mais velhas e mais vulnera¡veis", disse a coautora doutora Dame Georgina Mace, da UCL.

“Para conter os impactos dasmudanças climáticas e combater a perda de biodiversidade, os adultos mais velhos e mais ricos tera£o que renunciar a  extravaga¢ncia material de curto prazo para o benefa­cio das gerações pobres e futuras de hoje. a‰ hora de manter nosso fim da barganha social - disse Mace.

Andrew Balmford, de Cambridge, acrescentou: “Os cientistas não estãoinventando essas ameaa§as ambientais, assim como não estavam inventando a ameaça de uma pandemia como a COVID-19. Eles são reais e estãosobre nós.

 

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