Mundo

Derretimento recorde: a Groenla¢ndia perdeu 586 bilhaµes de toneladas de gelo em 2019
O derretimento da Groenla¢ndia no ano passado adicionou 0,06 polegadas (1,5 mila­metros) ao aumento global doníveldo mar.
Por Seth Borenstein - 20/08/2020


Nesta foto de arquivo de 16 de agosto de 2019, uma mulher estãoao lado de uma antena em um acampamento-base da NYU na geleira Helheim, na Groenla¢ndia. De acordo com um estudo divulgado na quinta-feira, 20 de agosto de 2020, a Groenla¢ndia perdeu uma quantidade recorde de gelo durante um ano quente extra de 2019, com o derretimento macia§o o suficiente para cobrir a Califórnia em mais de 1,25 metros de profundidade. (AP Photo / Felipe Dana)

A Groenla¢ndia perdeu uma quantidade recorde de gelo durante o aquecimento extra de 2019, com o derretimento macia§o o suficiente para cobrir a Califórnia em mais de 1,25 metros de profundidade, segundo um novo estudo.

Depois de dois anos, quando o derretimento do gelo no vera£o foi ma­nimo, o vera£o passado quebrou todos os recordes com 586 bilhaµes de toneladas (532 bilhaµes de toneladas) de derretimento de gelo, de acordo com medições de satanãlite relatadas em um estudo na quinta-feira. Sa£o mais de 140 trilhaµes de galaµes (532 trilhaµes de litros) de a¡gua.

Isso émuito mais do que a perda média anual de 259 bilhaµes de toneladas (235 bilhaµes de toneladas manãtricas) desde 2003 e supera facilmente o antigo recorde de 511 bilhaµes de toneladas (464 bilhaµes de toneladas manãtricas) em 2012, disse um estudo da Nature Communications Earth & Environment . O estudo mostrou que, no século 20, houve muitos anos em que a Groenla¢ndia ganhou gelo.

"Nãoapenas a camada de gelo da Groenla¢ndia estãoderretendo, mas estãoderretendo cada vez mais rápido", disse o autor do estudo, Ingo Sasgen, geocientista do Instituto Alfred Wegener, na Alemanha.

O derretimento da Groenla¢ndia no ano passado adicionou 0,06 polegadas (1,5 mila­metros) ao aumento global doníveldo mar. Isso soa como uma quantidade minaºscula, mas "em nosso mundo éenorme, isso ésurpreendente", disse o coautor do estudo Alex Gardner, um cientista de gelo da NASA. Adicione mais águado derretimento de outras camadas de gelo e geleiras, junto com um oceano que se expande a  medida que se aquece - e isso se traduz em aumento lento doníveldo mar, inundações costeiras e outros problemas, disse ele.

Enquanto os registros gerais de derretimento do gelo na Groenla¢ndia remontam a 1948, os cientistas desde 2003 tem registros precisos sobre a quantidade de gelo derretido porque os satanãlites da NASA medem a gravidade das camadas de gelo. Isso éo equivalente a colocar o gelo em uma balana§a e pesa¡-lo enquanto a águaflui, disse Gardner.

Nesta foto de arquivo de 16 de agosto de 2019, icebergs flutuam enquanto o sol nasce
perto de Kulusuk, na Groenla¢ndia. De acordo com um estudo divulgado na quinta-feira,
20 de agosto de 2020, a Groenla¢ndia perdeu uma quantidade recorde de gelo durante
um ano quente extra de 2019, com o derretimento macia§o o suficiente para
cobrir a Califórnia em mais de 1,25 metros de profundidade. 
(AP Photo / Felipe Dana, Arquivo)

Ta£o massivo quanto o derretimento foi no ano passado, os dois anos anteriores foram em média apenas cerca de 108 bilhaµes de toneladas (98 bilhaµes de toneladas manãtricas). Isso mostra que háum segundo fator chamado bloqueio da Groenla¢ndia, que sobrecarrega ou amortece o degelo relacionado ao clima, disse Gardner.

No vera£o, geralmente hádois fatores no clima da Groenla¢ndia, disse Gardner. No ano passado, o bloqueio da Groenla¢ndia - uma alta pressão sobre o Canada¡ que altera a corrente de jato do norte - fez com que o ar quente do sul subisse dos Estados Unidos e do Canada¡ e flua­sse para a Groenla¢ndia, forçando mais degelo.

Em 2017 e 2018 sem o bloqueio da Groenla¢ndia, o ar mais frio do artico fluiu do oceano aberto para a Groenla¢ndia, tornando o vera£o mais ameno, disse ele.

Este ano, o derretimento do vera£o na Groenla¢ndia não foi tão severo, mais pra³ximo do normal nos últimos tempos, disse Ruth Mottram, uma cientista de gelo do Instituto Meteorola³gico Dinamarquaªs, que não fez parte da pesquisa de Sasgen.

Mottram e vários outros cientistas de fora disseram que os ca¡lculos de Sasgen fazem sentido. Em seu pra³prio estudo neste maªs no International Journal of Climatology, ela encontrou resultados semelhantes e também calculou que as regiaµes costeiras da Groenla¢ndia se aqueceram em média 3 graus (1,7 graus Celsius) no vera£o desde 1991.

"O fato de 2019 ter estabelecido um recorde hista³rico émuito preocupante", disse o cientista de gelo da Universidade de Nova York David Holland, que não participou de nenhum dos estudos.

 

.
.

Leia mais a seguir