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Estudo revela impacto de séculos de atividade humana nos tra³picos americanos
Pesquisadores descobriram que a atividade humana, como mudança de habitat e caça excessiva, éamplamente responsável pela perda esmagadora, ou
Por University of East Anglia - 15/09/2020


Campos altitudinais, sul do Brasil. Crédito: Juliano A Bogoni

Os efeitos devastadores da atividade humana sobre a vida selvagem nos tra³picos americanos nos últimos 500 anos são revelados em um novo estudo publicado hoje.

Mais da metade das espanãcies em 'assembleias' locais - conjuntos de espanãcies coexistentes - de mama­feros de manãdio e grande porte que viviam nos Neotra³picos da Mesoamanãrica e da Amanãrica do Sul morreram desde que a regia£o foi colonizada pela primeira vez pelos europeus em 1500.

Pesquisadores da University of East Anglia (UEA), no Reino Unido, e da Universidade de Sa£o Paulo (USP), Brasil, descobriram que a atividade humana, como mudança de habitat e caça excessiva, éamplamente responsável pela perda esmagadora, ou "defaunação", em diversidade de mama­feros na Amanãrica Latina.

O estudo, publicado na revista Scientific Reports , comparou todos os inventa¡rios de animais em mais de 1000 locais de estudo neotropicais publicados nos últimos 30 anos com dados ba¡sicos que remontam a  era colonial.

As descobertas baseiam-se em uma compilação de 1.029 assembleias separadas de mama­feros - normalmente a alguns quila´metros de distância umas das outras - abrangendo aproximadamente 10.700 km e 85 ° de latitude em 23países, do Manãxico a  Argentina e Chile.

Eles revelam que a causa dominante da extinção de espanãcies locais e redução do tamanho da assembleia - a redução no tamanho do corpo dentro de cada assembleia - éum resultado direto dasmudanças de habitat, como agricultura, extração de madeira e incaªndios, e agravado pelo processo cra´nico de caça excessiva.

O Dr. Juliano AndréBogoni, pesquisador pa³s-doutorado patrocinado pela Fundação de Amparo a  Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo e atuante na Escola de Ciências Ambientais da UEA, conduziu o estudo com o Prof. Carlos Peres, também da UEA, e a Prof. Katia Ferraz, da USP.

Dr. Bogoni disse: "Nossas descobertas podem ser usadas para informar as políticas internacionais de conservação para prevenir a erosão ou restaurar a biodiversidade nativa. Mais esforços de conservação devem ser mobilizados para prevenir os biomas mais intactos da fauna, como a Amaza´nia e as zonas aºmidas do Pantanal , de seguir as pegadas de 'ecossistemas vazios', hoje ta­picos de áreas historicamente degradadas, como a Mata Atla¢ntica e a Caatinga.

"Isso inclui a implementação efetiva e a aplicação da lei nas áreas protegidas existentes e a redução das pressaµes políticas para rebaixar ou reduzir o tamanho dessas áreas. Um maior investimento deve ser alocado para um controle mais eficaz da caça ilegal, particularmente caça comercial, desmatamento e incaªndios antropogaªnicos, também para garantir que as áreas protegidas totalmente implementadas estejam funcionando. "

O Prof Peres disse: “A gestãode recursos sãolidos deve sersensívelao contexto socioecona´mico, enquanto recruta, em vez de antagonizar as potenciais aliana§as locais que podem efetivamente preencher o vazio institucional em regiaµes de baixa governana§a.

"Homina­neos e outros mama­feros coexistiram desde os primeiros caçadores do Paleola­tico, empunhando ferramentas de pedra, hácerca de três milhões de anos. Ao longo dessa longa escala de tempo, as perdas de biodiversidade são recentemente aceleraram a velocidades vertiginosas desde a revolução industrial.

"Vamos nos certificar de que essa onda implaca¡vel de extinções locais seja desacelerada rapidamente, ou então as perspectivas para mama­feros neotropicais e outros vertebrados parecera£o cada vez mais sombrias."

A equipe analisou 165 espanãcies e analisou as perdas locais em mais de 1000 conjuntos de espanãcies de mama­feros de manãdio a grande porte que foram pesquisadas nos Neotra³picos.

Em média, mais de 56% da vida selvagem local dentro das assembleias de mama­feros na regia£o Neotropical foram exterminadas, com a Anta Brasileira ungulada e os queixadas representando a maioria das perdas. A extensão da defaunação foi generalizada, mas afetando cada vez mais os principais biomas relativamente intactos que estãorapidamente sucumbindo a  invasão das fronteiras do desmatamento.

Com o passar do tempo, a distribuição da massa corporal dos mama­feros em toda a assembleia foi reduzida de um hista³rico 95º percentil de aproximadamente 14 kg para apenas cerca de 4 kg nas assembleias modernas.

 

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