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Como reduzir o impacto ambiental de sua próxima reunia£o virtual
O estudo revela impactos ambientais negligenciados do uso da Internet, estimando as pegadas de carbono, solo e águaassociadas.
Por Kelley Travers - 06/03/2021


Os pesquisadores estimam as pegadas ambientais associadas a cada gigabyte de dados usados ​​em aplicativos e atividades online comuns. O estudo descobriu que o streaming de va­deo contribui significativamente para o impacto do uso da Internet no meio ambiente.
Créditos: Imagem cortesia dos pesquisadores.

Antes de se esforçar para limpar seu quarto ou tentar fazer seu pijama parecer um pouco menos com pijama, aqui estãouma boa desculpa para manter seu va­deo desligado durante sua próxima reunia£o virtual: reduzindo seu impacto ambiental. Uma nova pesquisa mostra que se vocêdesligar sua ca¢mera durante uma videoconferaªncia, vocêpode reduzir sua pegada ambiental naquela reunia£o em 96 por cento.

Conduzido por uma equipe do MIT, Purdue University e Yale University, o estudo revela os impactos do uso da Internet no meio ambiente. Isso éespecialmente significativo considerando que muitospaíses relataram um aumento de pelo menos 20% no uso da Internet desde mara§o de 2020 devido aos bloqueios da Covid-19.

Embora a mudança para um mundo mais digital tenha causado uma redução impressionante nas emissaµes globais em geral - graças em grande parte a s prova¡veis ​​reduções tempora¡rias de emissaµes associadas a s viagens - o impacto de nossos estilos de vida cada vez mais virtuais não deve ser esquecido.

“O objetivo deste artigo éaumentar a conscientização”, diz Maryam Arbabzadeh , pa³s-doutoranda na Iniciativa de Energia do MIT e coautora do estudo. “a‰ a³timo estarmos reduzindo as emissaµes em alguns setores; mas, ao mesmo tempo, usar a internet também tem um impacto ambiental contribuindo para o agregado. A eletricidade usada para alimentar a Internet, com suas pegadas de carbono, águae terra associadas, não éa única coisa que causa impacto no meio ambiente; a transmissão e o armazenamento de dados também requerem águapara resfriar os sistemas dentro deles. ”

Uma hora de streaming ou videoconferaªncia pode emitir entre 150 e 1.000 gramas de dia³xido de carbono, dependendo do servia§o. Em comparação, um carro produz cerca de 8.887 gramas queimando um gala£o de gasolina. Essa hora também requer de 2 a 12 litros de águae uma área de terra do tamanho de um iPad Mini. Essas horas somam-se em nossas vidas dia¡rias com todo o tempo que gastamos em va­deo - assim como a pegada ambiental associada.

De acordo com os pesquisadores, se o trabalho remoto continuar atéo final de 2021, a pegada de carbono global pode crescer 34,3 milhões de toneladas em emissaµes de gases de efeito estufa. Para dar uma ideia da escala: Este aumento nas emissaµes exigiria uma floresta com o dobro do tamanho de Portugal para sequestrar tudo. Enquanto isso, a pegada ha­drica associada seria suficiente para encher mais de 300.000 piscinas ola­mpicas, e a pegada terrestre seria aproximadamente igual ao tamanho de Los Angeles.

Para armazenar e transmitir todos os dados que alimentam a Internet, os data centers consomem eletricidade suficiente para responder por 1 por cento da demanda global de energia - que émais do que o consumo total de muitospaíses. Mesmo antes da pandemia, a pegada de carbono da Internet estava aumentando e era responsável por cerca de 3,7% das emissaµes globais de gases de efeito estufa.

Embora tenha havido estudos avaliando a pegada de carbono da transmissão, armazenamento e uso de dados da Internet, as pegadas ha­dricas e terrestres associadas foram amplamente negligenciadas. Para resolver essa lacuna, os pesquisadores neste estudo analisam as três principais pegadas ambientais - a¡gua, solo e carbono - no que se refere ao uso e infraestrutura da Internet, fornecendo uma visão mais hola­stica do impacto ambiental. Suas descobertas foram publicadas em Recursos, Conservação e Reciclagem .

Usando dados disponí­veis publicamente, os pesquisadores fornecem uma estimativa aproximada das pegadas de carbono, águae terra associadas a cada gigabyte de dados usados ​​em aplicativos online comuns, como Netflix, Instagram, TikTok, Zoom e 14 outras plataformas, bem como em geral navegação na web e jogos online. Eles descobriram que quanto mais va­deo usado, maiores são as pegadas.

Um serviço de streaming comum, como Netflix ou Hulu, requer 7 gigabytes por hora de streaming de va­deo de alta qualidade, o que significa uma média de 441 g CO 2 e (gramas por equivalente de dia³xido de carbono) por hora. Se alguém estiver transmitindo por quatro horas por dia com essa qualidade durante um maªs, as emissaµes sobem para 53 kg CO 2 e. No entanto, se essa pessoa fosse ao invanãs do fluxo na definição padra£o, a pegada mensal seria de apenas 2,5 kg CO 2 e. Essa decisão economizaria emissaµes equivalentes a dirigir um carro de Baltimore, Maryland para Filadanãlfia, Pensilva¢nia, cerca de 93 milhas.

Agora multiplique essas economias por 70 milhões de usuários, todos transmitindo em definição padra£o, em vez de alta definição. Essa mudança de comportamento resultaria em uma redução de 3,5 milhões de toneladas de CO 2 e - equivalente a  eliminação de 1,7 milha£o de toneladas de carva£o, o que representa cerca de 6% do consumo total mensal de carva£o nos Estados Unidos.

“Os sistemas banca¡rios informam o impacto ambiental positivo de deixar de usar o papel, mas ninguanãm fala sobre o benefa­cio de desligar a ca¢mera ou reduzir a qualidade do streaming. Portanto, sem o seu consentimento, essas plataformas estãoaumentando sua pegada ambiental ”, diz Kaveh Madan, que liderou e dirigiu este estudo enquanto pesquisador visitante no Yale MacMillan Center.

Embora muitos provedores de servia§os e data centers tenham trabalhado para melhorar a eficiência operacional e reduzir suas pegadas de carbono por meio da diversificação de seus portfa³lios de energia, ainda énecessa¡rio tomar medidas para reduzir a pegada do produto. A qualidade de va­deo de um serviço de streaming éum dos maiores determinantes de sua pegada ambiental. Atualmente, o padrãopara muitos servia§os éa alta definição, colocando sobre o usua¡rio o a´nus de reduzir a qualidade de seu va­deo para melhorar sua pegada. Poucas pessoas estara£o interessadas em reduzir a qualidade de seu va­deo, especialmente se os benefa­cios dessa ação não forem bem conhecidos.

“Precisamos que as empresas deem aos usuários a oportunidade de fazer escolhas informadas e sustenta¡veis”, diz Arbabzadeh. “As empresas podem alterar suas ações padrãopara reduzir o impacto ambiental, como definir a qualidade do va­deo para definição padrãoe permitir que os usuários atualizem para alta definição. Isso também exigira¡ que os legisladores se envolvam - promulgando regulamentações e exigindo transparaªncia sobre a pegada ambiental dos produtos digitais para incentivar as empresas e os usuários a fazerem essasmudanças ”.

Os pesquisadores também analisampaíses específicos para entender como os diferentes sistemas de energia impactam as pegadas ambientais de uma unidade média de energia usada no processamento e transmissão de dados. Os dados mostram uma ampla variação na intensidade de carbono, solo e a¡gua. Nos Estados Unidos, onde o gás natural e o carva£o representam a maior parcela da geração de eletricidade, a pegada de carbono é9% maior do que a mediana mundial, mas a pegada ha­drica é45% menor e a pegada terrestre é58% menor. Enquanto isso, no Brasil, onde quase 70 por cento da eletricidade vem de hidrelanãtricas, a pegada de carbono mediana écerca de 68 por cento menor do que a mediana mundial. A pegada ha­drica, por outro lado, é210 por cento maior do que a mediana mundial,

“Todos esses setores estãorelacionados entre si”, diz Arbabzadeh. “Em data centers onde a eletricidade vem de uma fonte mais limpa, as emissaµes sera£o menores; e se vier de combusta­veis fa³sseis, o impacto serámaior. ”

“No momento, temos reuniaµes virtuais em todos os lugares e estamos gastando mais do nosso tempo de lazer do que nunca transmitindo conteaºdo de va­deo. Definitivamente, háuma mudança de paradigma ”, acrescenta ela. “Com algumas pequenasmudanças de comportamento, como cancelar a assinatura de e-mails indesejados ou reduzir o armazenamento na nuvem, podemos ter um impacto nas emissaµes. a‰ importante aumentar a conscientização pública para que, coletivamente, possamos implementarmudanças pessoais e sistemicas significativas para reduzir o impacto ambiental da Internet e fazer uma transição bem-sucedida para uma economia de baixo carbono. ”

O estudo foi apoiado pela MIT Energy Initiative, Purdue Climate Change Research Center, Purdue Center for the Environment e Yale MacMillan Center.

 

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