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Estudo confirma a ligação evolutiva entre estrutura social e egoa­smo
Os pesquisadores revelaram que comportamentos menos egoa­stas evolua­ram em condia§aµes de vida que forçavam os indivíduos a interagir com mais frequência com os irmãos.
Por Rice University - 26/03/2021


Volker Rudolf éprofessor de biociências na Rice University. Crédito: Jeff Fitlow / Rice University

Um dos canibais mais prola­ficos da natureza pode estar escondido em sua despensa, e os bia³logos o usaram para mostrar como a estrutura social afeta a evolução do comportamento egoa­sta.

Os pesquisadores revelaram que comportamentos menos egoa­stas evolua­ram em condições de vida que forçavam os indivíduos a interagir com mais frequência com os irmãos. Embora a descoberta tenha sido verificada com experimentos com insetos, o bia³logo da Rice University, Volker Rudolf, disse que o princa­pio da evolução pode ser aplicado para estudar qualquer espanãcie, incluindo humanos.

Em um estudo publicado online esta semana na Ecology Letters , Rudolf, colaborador de longa data Mike Boots, da University of California, Berkeley, e colegas mostraram que poderiam conduzir a evolução do canibalismo em lagartas de mariposas indianas commudanças simples em seus habitats.

Tambanãm conhecidas como traças do gorgulho e mariposas da despensa, as traças da refeição indiana são pragas comuns da despensa que colocam ovos em cereais, farinha e outros alimentos embalados. Como larvas, são lagartas vegetarianas com uma exceção: a s vezes comem umas a s outras, incluindo seus pra³prios companheiros de ninhada.

Em testes de laboratório, os pesquisadores mostraram que podiam aumentar ou diminuir previsivelmente as taxas de canibalismo em mariposas indianas, diminuindo a distância que os indivíduos podiam percorrer uns dos outros e, assim, aumentando a probabilidade de interações "locais" entre as larvas dos irmãos. Em habitats onde as lagartas eram forçadas a interagir com mais frequência com os irmãos, o comportamento menos egoa­sta evoluiu em 10 gerações.

Rudolf, um professor de biociências na Rice, disse que o aumento das interações locais empilham o jogo contra a evolução de comportamentos egoa­stas como o canibalismo.

Para entender o porquaª, ele sugere que os comportamentos imagina¡rios podem ser classificados do menos para o mais egoa­sta.

“Em uma extremidade do continuum estãoos comportamentos altrua­stas, onde um indiva­duo pode estar abrindo ma£o de sua chance de sobreviver ou se reproduzir para aumentar a reprodução de outros”, disse ele. "O canibalismo estãono outro extremo. Um indiva­duo aumenta sua sobrevivaªncia e reprodução literalmente consumindo sua própria espanãcie."

Rudolf disse que o estudo forneceu um raro teste experimental de um conceito-chave na teoria evoluciona¡ria : a  medida que as interações locais aumentam, também aumenta a pressão seletiva contra comportamentos egoa­stas. Essa éa essaªncia de uma previsão tea³rica de 2010 por Rudolf e Boots, o autor correspondente do estudo da mariposa refeição, e Rudolf disse que as descobertas do estudo confirmaram a previsão.
 
“Fama­lias que eram altamente canibais simplesmente não se saa­am tão bem nesse sistema, disse ele. "Fama­lias menos canibais tiveram muito menos mortalidade e produziram mais descendentes."

Nos experimentos da mariposa refeição, Rudolf disse que era bastante fa¡cil garantir que o comportamento da mariposa fosse influenciado pelas interações locais.

"Eles vivem em sua comida", disse ele. "Então, variamos o quanto pegajoso era."

Quinze faªmeas adultas foram colocadas em vários recintos para botar ovos. As mariposas paµem ovos na comida e as lagartas larvais comem e vivem dentro da comida atéformarem uma pupa. A comida era abundante em todos os recintos, mas variava em viscosidade.

"Por estarem botando ovos em grupos, émais prova¡vel que fiquem nesses pequenos grupos familiares nos alimentos mais pegajosos que limitam a rapidez com que podem se mover", disse Rudolf. "Isso fora§ou mais interações locais, o que, em nosso sistema, significava mais interações com os irmãos. Isso érealmente o que pensamos que estava impulsionando essa mudança no canibalismo."

Rudolf disse que o mesmo princa­pio evolutivo também pode ser aplicado ao estudo do comportamento humano.

"Em sociedades ou culturas que vivem em grandes grupos familiares entre parentes pra³ximos, por exemplo, vocêpode esperar ver um comportamento menos egoa­sta, em média, do que em sociedades ou culturas onde as pessoas estãomais isoladas de suas fama­lias e com maior probabilidade de estarem cercadas por estranhos porque tem que se mudar com frequência para empregos ou outros motivos ", disse ele.

Rudolf estudou os impactos ecola³gicos e evolutivos do canibalismo por quase 20 anos. Ele acha isso fascinante, em parte porque foi mal compreendido e pouco estudado por décadas. Gerações de bia³logos tiveram uma aversão tão forte ao canibalismo humano que descreveram o comportamento de todas as espanãcies como uma "aberração da natureza", disse ele.

Isso finalmente começou a mudar lentamente algumas décadas atrás, e o canibalismo já foi documentado em mais de 1.000 espanãcies e acredita-se que ocorra em muitas outras.

"Esta¡ em toda parte. A maioria dos animais que comem outros animais écanibal atécerto ponto, e mesmo aqueles que normalmente não comem outros animais - como a mariposa indiana - costumam ser canibais", disse Rudolf. "Nãohámoralidade ligada a isso. Essa éapenas uma perspectiva humana. Na natureza, o canibalismo éapenas obter outra refeição."

Mas o canibalismo "tem consequaªncias ecola³gicas importantes", disse Rudolf. "Isso determina a dina¢mica de populações e comunidades, a coexistaªncia de espanãcies e atémesmo ecossistemas inteiros. a‰ definitivamente pouco estudado por sua importa¢ncia."

Ele disse que o acompanhamento experimental de seu artigo tea³rico e de Boots de 2010 surgiu quase por acaso. Rudolf viu um estudo epidemiola³gico publicado por Boots alguns anos depois e percebeu que a mesma configuração experimental poderia ser usada para testar sua previsão.

Embora o estudo da mariposa tenha mostrado que "limitar a dispersão" e, portanto, aumentar as interações locais, pode empurrar contra a evolução do canibalismo, aumentando o custo do egoa­smo extremo, Rudolf disse que o impulso evoluciona¡rio provavelmente pode ir no sentido oposto também. "Se as condições alimentares forem ruins, o canibalismo fornece benefa­cios adicionais, que podem levar a um comportamento mais egoa­sta ."

Ele disse também que épossí­vel que um terceiro fator, o reconhecimento de parentesco, também possa fornecer um impulso evolutivo.

“Se vocêérealmente bom em reconhecer parentes, isso limita o custo do canibalismo”, disse ele. "Se vocêreconhece parentes e evita comaª-los, pode se dar ao luxo de ser muito mais canibal em uma população mista, o que pode ter benefa­cios evolutivos."

Rudolf disse que planeja explorar a interação de três vias entre canibalismo, dispersão e reconhecimento de parentesco em estudos futuros.

"Seria bom obter uma melhor compreensão das forças motrizes e ser capaz de explicar mais sobre a variação que vemos", disse ele. "Tipo, por que algumas espanãcies são extremamente canibalistas? E mesmo dentro da mesma espanãcie, por que algumas populações são muito mais canibais do que outras. Nãoacho que seráuma única resposta. Mas existem alguns princa­pios ba¡sicos com os quais podemos trabalhar para testar? a‰ superespeca­fico para cada sistema ou existem regras mais gerais? "

Outros co-autores incluem Dylan Childs e Jessica Crossmore, da University of Sheffield, e Hannah Tidbury, da University of Sheffield e do Center for Environment, Fisheries and Aquaculture Science, em Weymouth, Inglaterra.

 

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