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Como o impactador Chicxulub deu origem a s florestas tropicais modernas
Um novo estudo publicado hoje na Science lana§a luz sobre as origens das florestas tropicais modernas e pode ajudar os cientistas a entender como as florestas ira£o responder a uma mudança climática rápida no futuro.
Por Smithsonian Tropical Research Institute - 01/04/2021


De florestas cheias de samambaias a florestas cheias de flores: as plantas começam a produzir flores atraentes contendo recompensas aa§ucaradas para os insetos que carregam gra£os de pa³len (basicamente o esperma masculino das plantas) para outras flores, ajudando as plantas a se reproduzir. Essa estratanãgia teve tanto sucesso que as plantas com flores dominaram as florestas tropicais e o mundo. Crédito: De: Hace Tiempo. Un viaje paleontologico ilustrado pela Colombia. Instituto Alexander von Humboldt e Instituto Smithsonian de Investigaciones Tropicales. Banco de Ima¡genes (BIA), Instituto Alexander von Humboldt.

Hoje, as florestas tropicais são focos de biodiversidade e desempenham um papel importante nos sistemas clima¡ticos mundiais. Um novo estudo publicado hoje na Science lana§a luz sobre as origens das florestas tropicais modernas e pode ajudar os cientistas a entender como as florestas ira£o responder a uma mudança climática rápida no futuro.

O estudo liderado por pesquisadores do Smithsonian Tropical Research Institute (STRI) mostra que o impacto do asteroide que encerrou o reinado dos dinossauros há66 milhões de anos também fez com que 45% das plantas no que hoje éa Cola´mbia fossem extintas, e abriu caminho para o reino das plantas com flores nas florestas tropicais modernas .

"Quera­amos saber como as florestas tropicais mudaram após uma perturbação ecola³gica dra¡stica como o impacto de Chicxulub, então procuramos por fa³sseis de plantas tropicais", disse Ma³nica Carvalho, primeira autora e pa³s-doutoranda conjunta da STRI e da Universidad del Rosario, na Cola´mbia. "Nossa equipe examinou mais de 50.000 registros de pa³len fa³ssil e mais de 6.000 fa³sseis de folhas de antes e depois do impacto."

Na Amanãrica Central e do Sul, gea³logos se esforçam para encontrar fa³sseis expostos por cortes de estradas e minas antes que as fortes chuvas os levem embora e a selva os esconda novamente. Antes deste estudo, pouco se sabia sobre o efeito dessa extinção na evolução das plantas com flores que hoje dominam os tra³picos americanos.

Carlos Jaramillo, paleonta³logo da equipe do STRI e sua equipe, em sua maioria bolsistas do STRI - muitos deles da Cola´mbia - estudaram gra£os de pa³len de 39 locais que incluem afloramentos rochosos e núcleos perfurados para exploração de petra³leo na Cola´mbia, para pintar um grande quadro regional das florestas anteriores e depois do impacto. Pa³len e esporos obtidos de rochas mais antigas do que o impacto mostram que as florestas tropicais eram igualmente dominadas por samambaias e plantas com flores. As cona­feras, como parentes do pinheiro Kauri e do pinheiro da Ilha Norfolk, vendidas nos supermercados na anãpoca do Natal (Araucariaceae), eram comuns e projetavam suas sombras sobre as trilhas dos dinossauros. Apa³s o impacto, as cona­feras desapareceram quase completamente dos tra³picos do Novo Mundo e as plantas com flores assumiram o controle. A diversidade de plantas não se recuperou por cerca de 10 milhões de anos após o impacto.

Fa³sseis de folhas disseram a  equipe muito sobre o clima anterior e o meio ambiente local. Carvalho e Fabiany Herrera, pa³s-doutorado associado do Instituto Negaunee para Ciência e Ação da Conservação do Jardim Bota¢nico de Chicago, conduziram o estudo de mais de 6.000 espanãcimes. Trabalhando com Scott Wing no Museu Nacional de Hista³ria Natural do Smithsonian e outros, a equipe encontrou evidaªncias de que o pré-impacto nas a¡rvores da floresta tropical estavam bem espaa§ados, permitindo que a luz atingisse o solo da floresta. Dentro de 10 milhões de anos após o impacto, algumas florestas tropicais eram densas, como as de hoje, onde as folhas das a¡rvores e videiras lana§avam sombras profundas nas a¡rvores menores, arbustos e plantas herba¡ceas abaixo. As copas mais esparsas das florestas pré-impacto, com menos plantas com flores, teriam movido menos águado solo para a atmosfera do que aquelas que cresceram nos milhões de anos depois.
 
"Foi igualmente chuvoso no Creta¡ceo, mas as florestas funcionavam de forma diferente." Disse Carvalho.

A equipe não encontrou evidaªncias de a¡rvores leguminosas antes do evento de extinção, mas depois houve uma grande diversidade e abunda¢ncia de folhas e vagens de leguminosas. Hoje, as leguminosas são uma familia dominante nas florestas tropicais e, por meio de associações com bactanãrias, retiram o nitrogaªnio do ar e o transformam em fertilizante para o solo. O aumento das leguminosas teria afetado dramaticamente o ciclo do nitrogaªnio.

Ta¡xons foliares representativos. (A para K) Taxa do Paleoceno Bogota¡ e (L para W) Floras
Guaduas Maastrichtianas. (A) Menispermaceae (BF6). (B) Salicaceae (BF5) com galha na
nervura central. (C) Folheto de Fabaceae (BF38) com danos de alimentação nasuperfÍcie.
(D) Euphorbiaceae (BF37) com alimentação por orifa­cio e margem. (E) Fabaceae,
Caesalpinioideae (BF21). (F) Samambaia d'a¡gua, Salvinia bogotensis, Salviniaceae (BF22).
(G) Malvaciphyllum sp. Malvaceae (BF4). (H) Exemplo de ponta de gotejamento em
Salicaceae (BF23). (I) aff. Eleaocarpaceae (BF13). (J) Folheto de Fabaceae (BF21, 5 mm)
com orifa­cio de alimentação danificado. (K) Arecaceae (BF27). (L) Arecaceae (GD47, 10 cm).
(M) aff. Lauraceae (GD54). (N) aff. Hamamelidaceae (GD56). (O e P) Fragmentos fanãrteis e estanãreis de Polypodiaceae (GD22). (Q) aff. Salicaceae (GD6). (R) Lauraceae (GD7) com ponta
de gotejamento. (S) aff. Urticaceae (GD52). (T) Zingiberales (GD46, 5 cm). (U) aff.
Cucurbitaceae (GD8). (V) Bernhamniphyllum sp. Rhamnaceae (GD1). (W) aff.
Dilleniaceae (GD3). Crédito: Carvalho et al., Science (2021)

Carvalho também trabalhou com Conrad Labandeira no Museu Nacional de Hista³ria Natural do Smithsonian para estudar os danos causados ​​por insetos nos fa³sseis foliares.

"Danos de insetos em plantas podem revelar no microcosmo de uma única folha ou na extensão de uma comunidade vegetal, a base da estrutura tra³fica de uma floresta tropical", disse Labandeira. "A energia que reside na massa de tecidos vegetais que étransmitida pela cadeia alimentar - em última análise, para jiboias, a¡guias e ona§as - comea§a com os insetos que esqueletizam, mastigam, perfuram e sugam, minam, danificam e perfuram os tecidos vegetais. a evidência dessa cadeia alimentar de consumo comea§a com todas as maneiras diversas, intensivas e fascinantes como os insetos consomem as plantas. "

“Antes do impacto, vemos que diferentes tipos de plantas tem diferentes danos: a alimentação era especa­fica do hospedeiro”, disse Carvalho. "Apa³s o impacto, encontramos os mesmos tipos de danos em quase todas as plantas, o que significa que a alimentação era muito mais generalista."

Como os efeitos posteriores do impacto transformaram as florestas tropicais esparsas e ricas em cona­feras da era dos dinossauros nas florestas tropicais de hoje - a¡rvores altas pontilhadas com flores amarelas, roxas e rosa, gotejando orqua­deas? Com base em evidaªncias de pa³len e folhas, a equipe propaµe três explicações para a mudança, todas elas corretas. Uma ideia éque os dinossauros mantiveram as florestas pré-impacto abertas, alimentando-se e movendo-se pela paisagem. Uma segunda explicação éque as cinzas do impacto enriqueceram os solos dos tra³picos, dando uma vantagem a s plantas com flores de crescimento mais rápido. A terceira explicação éque a extinção preferencial de espanãcies de cona­feras criou uma oportunidade para as plantas com flores assumirem os tra³picos.

"Nosso estudo segue uma pergunta simples: como evoluem as florestas tropicais?" Disse Carvalho. "A lição aprendida aqui éque sob distúrbios rápidos - geologicamente falando - os ecossistemas tropicais não apenas se recuperam; eles são substitua­dos e o processo leva muito tempo."

 

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