Mundo

'Pontos quentes' da biodiversidade devastados no aquecimento global
As chamadas espanãcies endaªmicas - plantas e animais encontrados exclusivamente em uma área especa­fica - sera£o as mais atingidas em um mundo em aquecimento .
Por Marlowe Hood - 09/04/2021


As chamadas espanãcies endaªmicas - plantas e animais encontrados apenas em certas zonas - sera£o as mais atingidas em um mundo em aquecimento

A menos que as nações melhorem drasticamente as promessas de corte de carbono feitas sob o tratado clima¡tico de Paris de 2015, as mais ricas concentrações de vida animal e vegetal do planeta sera£o irreversivelmente devastadas pelo aquecimento global, alertaram cientistas na sexta-feira.

Uma análise de 8.000 avaliações de risco publicadas para espanãcies mostrou um alto perigo de extinção em quase 300 " pontos quentes " de biodiversidade , em terra e no mar, se as temperaturas subirem três graus Celsius acima dos na­veis pré-industriais, relataram no jornal Biological Conservation .

AsuperfÍcie da Terra aqueceu 1C atéagora, e o Acordo de Paris ordena que as nações limitem o aquecimento a "bem abaixo" de 2C e 1,5C, se possí­vel.

Os compromissos nacionais para reduzir as emissaµes de gases de efeito estufa - presumindo que sejam honrados - ainda veriam as temperaturas subirem bem acima de 3ºC no final do século, se não antes.

As chamadas espanãcies endaªmicas - plantas e animais encontrados exclusivamente em uma área especa­fica - sera£o as mais atingidas em um mundo em aquecimento .

De leopardos-das-neves no Himalaia e o boto vaquita no Golfo da Califórnia a laªmures em Madagascar e elefantes da floresta na áfrica central, muitas das criaturas mais queridas do planeta acabara£o em um caminho de extinção, a menos que a humanidade pare de carregar a atmosfera com CO 2 e metano, concluiu o estudo.

As espanãcies terrestres endaªmicas em pontos cra­ticos de biodiversidade tem quase três vezes mais probabilidade de sofrer perdas devido a  mudança climática do que a flora e a fauna mais disseminadas e 10 vezes mais probabilidade do que as espanãcies invasoras.

Preso em um mar fechado

"A mudança climática ameaça áreas transbordando de espanãcies que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do mundo", disse a autora Stella Manes, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Nas regiaµes montanhosas, 84 por cento dos animais e plantas endaªmicos enfrentam a
extinção em um mundo 3C, enquanto nas ilhas - já devastadas por espanãcies
invasoras - o número sobe para 100 por cento

"O risco de essas espanãcies se perderem para sempre aumenta mais de 10 vezes se não cumprirmos os objetivos do Acordo de Paris."

Mais e mais cientistas admitem que limitar o aquecimento global na meta de 1,5 ° C provavelmente estãofora de alcance.

Mas cada danãcimo de grau éimportante quando se trata de evitar impactos, dizem eles.

Algumas concentrações de vida selvagem são mais vulnera¡veis ​​do que outras.

Nas regiaµes montanhosas, 84 por cento dos animais e plantas endaªmicos enfrentam a extinção em um mundo 3C, enquanto nas ilhas - já devastadas por espanãcies invasoras - o número sobe para 100 por cento.
 
"Por natureza, essas espanãcies não podem se mover facilmente para ambientes mais favoráveis ", explicou o coautor Mark Costello, ecologista marinho da Universidade de Aukland.

As espanãcies marinhas no Mediterra¢neo estãoespecialmente ameaa§adas porque estãopresas em um mar fechado, acrescentou.

No geral, mais de 90 por cento das espanãcies endaªmicas terrestres e 95 por cento das marinhas sera£o afetadas adversamente se a Terra aquecer mais dois graus, descobriu a equipe internacional de pesquisadores.

Paraa­sos seguros não tão seguros

Nos tra³picos, duas em cada três espanãcies podem morrer devido apenas a smudanças climáticas.

As descobertas podem levar os conservacionistas a repensar a melhor forma de proteger a vida selvagem ameaa§ada de extinção.

Atéagora, as principais ameaa§as tem sido a perda de habitat devido a  expansão das áreas urbanas, mineração e agricultura, por um lado, e caça para alimentos e partes do corpo para vender no mercado negro, por outro.

Uma estratanãgia-chave em face desse ataque tem sido esculpir áreas protegidas, especialmente em torno de pontos cra­ticos de biodiversidade.

Mas esses portos seguros podem ser de pouca utilidade em face do aquecimento global.

“Infelizmente, nosso estudo mostra que esses pontos ricos em biodiversidade não sera£o capazes de atuar como refaºgios de espanãcies dasmudanças climáticas ”, disse a coautora Mariana Vale, também da Universidade Federal.

Mesmo antes de o impacto do aquecimento global realmente comea§ar, os cientistas constataram que a Terra estãono ini­cio de um evento chamado de extinção em massa, no qual as espanãcies estãodesaparecendo em 100 a 1.000 a taxa normal ou "de fundo".

Houve cinco extinções em massa anteriores nos últimos 500 milhões de anos.

 

.
.

Leia mais a seguir