Enquanto as espanãcies vão e va£o, seus ecossistemas persistem por milhões de anos
Comunidades de mamaferos passaram por longos períodos de chamada estabilidade funcional, apesar do aumento e diminuia§a£o de suas espanãcies constituintes ao longo de dezenas de milhões de anos, mesmo persistindo por várias crises ambientais.
Reconstrução paleoambiental da extinta comunidade de mamaferos recuperada no satio fa³ssil de Els Casots (Espanha), datado de cerca de 16 milhões de anos atrás, que éum exemplo da primeira grande etapa dos ecossistemas ibanãricos dos últimos 21 milhões de anos. Durante este período, parentes fa³sseis de cervos e elefantes modernos viveram em um ambiente seco e quente, com interações ecola³gicas menos diversas do que as comunidades geologicamente mais jovens. Obra de Oscar Sanisidro (Universidad de Alcala¡ de Henares). Crédito: Oscar Sanisidro (Universidad de Alcala¡ de Henares)
Comunidades de mamaferos passaram por longos períodos de chamada estabilidade funcional, apesar do aumento e diminuição de suas espanãcies constituintes ao longo de dezenas de milhões de anos, mesmo persistindo por várias crises ambientais. Esta éa principal conclusão de um novo estudo publicado na revista Science por uma equipe interdisciplinar da Espanha e da Alemanha.
O estudo lana§a uma nova luz sobre um debate contanuo entre bia³logos da conservação: se devemos conservar conjuntos de espanãcies ameaa§adas de extinção ou se devemos preservar o funcionamento do ecossistema, ou seja, os processos inerentes aos ecossistemas, incluindo aqueles que beneficiam os humanos - também chamados de servia§os ecossistemicos. Usando uma abordagem de tempo profundo de hoje a 21 milhões de anos atrás, os autores compararam as comunidades definidas por suas espanãcies residentes com aquelas definidas pelos diferentes papanãis ecola³gicos de suas espanãcies. Por exemplo, uma comunidade pode incluir muitas espanãcies comedoras de plantas diferentes, mas todas elas podem estar pastando para coletar seu alimento, enquanto em outra comunidade hámenos comedores de plantas, mas apenas um punhado estãopastando enquanto todas as outras estãopastando. Como essas diferentes comunidades se comportam quando, por exemplo, o clima estãomudando? "a mudança ambiental nos ajudara¡ a anteciparmudanças futuras e fazer melhores políticas de conservação â€, explica Fernando Blanco, pesquisador do Museum fa¼r Naturkunde Berlin (Alemanha) e principal autor do estudo.
O estudo baseia-se no registro fa³ssil excepcional dos grandes mamaferos que habitaram a Penansula Ibanãrica durante os últimos 21 milhões de anos. “O registo paleontola³gico dos mamaferos ibanãricos éum dos registos mais completos e mais bem estudados do mundo para este intervalo de tempo, o que nos permite realizar este tipo de estudos e conhecer em pormenor como os ecossistemas evoluaram hámilhões de anos », acrescenta Soledad Domingo, coautora do trabalho e professora da Universidade Complutense de Madrid. chamada de Ana¡lise de Rede, para agrupar comunidades extintas com composição de espanãcies semelhantes, por um lado, e com estrutura ecola³gica semelhante, por outro. Para isso, eles reuniram informações sobre a dieta, tamanho do corpo e tipo de locomoção de cada espanãcie, e os agruparam em diferentes "entidades funcionais", isto anã, conjuntos de espanãcies com papanãis ecola³gicos semelhantes. "Esta informação funcional condensa vários aspectos do papel ecola³gico de uma espanãcie. A convicção geral éque a conservação de uma maior diversidade funcional deve ajudar a estabilizar os ecossistemas em face das perturbações,
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Essa abordagem permitiu aos pesquisadores avaliar o quanto rápido a composição de espanãcies das comunidades mudou em comparação com sua estrutura ecola³gica ao longo de milhões de anos. "Olhando para o passado, podemos fazer perguntas fundamentais sobre a persistaªncia do funcionamento do ecossistema ao longo do tempo evolutivo e também podemos orientar ações de conservação no futuro a longo prazo", acrescenta Johannes Ma¼ller, coautor e professor do Museum fa¼r Naturkunde e Humboldt University Berlin (Alemanha).
Os pesquisadores descobriram que as assembleias ecola³gicas eram mais resistentes do que as composições de espanãcies sobmudanças ambientais, e apenas grandes perturbações foram capazes de empurrar os ecossistemas para uma nova organização ecola³gica. Seus resultados mostraram que a assembleia ecola³gica ibanãrica de hoje compartilha elementos estruturais com as comunidades de mamaferos dos últimos 8 milhões de anos. “Isto significa que, surpreendentemente, a estrutura funcional das comunidades de mamaferos ibanãricos manteve-se esta¡vel apesar de enfrentarmudanças drama¡ticas no ambiente, como a seca do Mar Mediterra¢neo hácerca de 6 milhões de anos ou as flutuações climáticas associadas a s glaciações da Idade do Gelo, que começam hácerca de 2,5 milhões de anos ", explica Manuel Herna¡ndez Ferna¡ndez, coautor e professor da Universidad Complutense de Madrid (Espanha). “Nos últimos 20 milhões de anos, apenas duasmudanças ambientais afetaram significativamente esta estrutura ecola³gica, 14 e 9 milhões de anos atrás, ambas associadas amudanças na distribuição da precipitação em um cena¡rio global escala."
Os resultados desafiam novamente a noção de que a conservação deve se concentrar principalmente na preservação de conjuntos de espanãcies ameaa§adas ou ica´nicas, uma vez que de uma perspectiva evolutiva as associações de espanãcies são transita³rias em comparação com seus papanãis ecola³gicos. “As ações realizadas para preservar o funcionamento do ecossistema tendem a durar mais do que as ações orientadas para a proteção das espanãcies individuaisâ€, acrescenta Juan L. Cantalapiedra, autor saªnior e pesquisador da Universidad de Alcala¡ de Henares (Espanha).
No entanto, a preservação de assembleias ecola³gicas duradouras não garante que suas espanãcies tenham uma chance melhor de sobreviver no futuro. “Descobrimos que mesmo as espanãcies em assembleias ecologicamente muito ricas não tem um risco de extinção menor do que aquelas em assembleias mais pobres, portanto, apostar nessas comunidades ricas em espanãcies não impediria necessariamente a perda de espanãcies a longo prazoâ€, conclui Blanco. “a‰ claro que estamos cientes de que os esforços de conservação são frequentemente guiados pela polatica além da ciaªncia, mas consideramos que éimportante pensar mais explicitamente sobre nossas prioridades de longo prazoâ€.