Estudo mostra que usina hidrelanãtrica da Amaza´nia contribui com emissaµes de efeito estufa de formas significativas
Os incorporadores construaram centenas de usinas hidrelanãtricas na bacia amaza´nica para aproveitar a energia supostamente
Vista da Usina Hidrelanãtrica de Belo Monte em Altamira, Estado do Para¡, Brasil.
Quando o pesquisador de clima Dailson Bertassoli foi medir as emissaµes de gases de efeito estufa na usina hidrelanãtrica de Belo Monte, no Brasil, a primeira coisa que percebeu foram as bolhas.
Os incorporadores construaram centenas de usinas hidrelanãtricas na bacia amaza´nica para aproveitar a energia supostamente "verde" gerada por seu complexo de rios.
Mas os pesquisadores do clima agora sabem que a energia hidrelanãtrica não étão boa para o meio ambiente quanto se pensava. Embora nenhum combustavel fa³ssil seja queimado, os reservata³rios liberam milhões de toneladas de metano e dia³xido de carbono a medida que a vegetação se decompaµe debaixo d'a¡gua.
As chamadas barragens de fio d' água(ROR), como Belo Monte, ao longo do rio Xingu, que tem reservata³rios menores e canais que permitem a redução do fluxo do rio, deveriam resolver o problema, mas um estudo realizado na sexta-feira na Science Advances descobriu que não foi o problema. caso.
A equipe de Bertassoli estudou as emissaµes de metano e dia³xido de carbono durante os primeiros dois anos de operação de Belo Monte e comparou os resultados aos naveis anteriores ao enchimento dos reservata³rios, descobrindo um aumento de três vezes nas emissaµes de gases de efeito estufa.
“Assim que ocorre a inundação da terra seca, a matéria orga¢nica que ficou presa no solo comea§a a se degradarâ€, disse a AFP o professor de geologia emudanças climáticas da Universidade de Sa£o Paulo.
Essas foram as fontes das bolhas que ele viu em um dos reservata³rios da usina.
“Em vez de um rio natural, temos agora um reator que favorece a produção de metanoâ€, acrescentou.
E como o colega autor e pesquisador do clima Henrique Sawakuchi apontou, esses reservata³rios "menores" ainda são bastante grandes, com os maiores em um rio parcialmente represado, onde a¡rvores mortas se erguem totalmente brancas em meio a vastos canais verdes estagnados.
O irmão de Sawakuchi, Andre Sawakuchi, professor da Universidade de Sa£o Paulo com foco emmudanças climáticas e sistemas fluviais que também participou do estudo, acrescentou que esta análise destaca duas questões a serem consideradas na construção de usinas hidrelanãtricas na regia£o.
Um éo impacto ambiental local sobre as espanãcies aqua¡ticas exclusivas da área â€, disse ele a AFP.“ O outro éo impacto social nas comunidades indagenas que vivem ao longo do rio â€.
Hista³ria quadriculada
Grupos indagenas e ambientalistas protestaram contra a construção proposta de Belo Monte na década de 1990, fazendo com que fosse abandonado antes de ser revivido como uma usina ROR em 2011.
Grupos ambientalistas protestaram contra a perda da floresta que teve que ser derrubada para o local, enquanto grupos indagenas resistiram a perda de terras inundadas e redirecionaram ou desviaram o fluxo natural do rio.
Andre Sawakuchi argumenta que éimportante manter o fluxo da Amaza´nia, apesar das crescentes necessidades de energia, e não "interromper esse ciclo natural com usinas hidrelanãtricas de qualquer tipo.
"Este éo pulso do rio", disse ele. "Com uma hidroplante, não hámais pulso."
Os autores concluaram em seu estudo que se o Brasil deve continuar construindo barragens ROR ao longo da Amaza´nia, éimportante pelo menos evitar inundações de vegetação, aumentando assim os gases de efeito estufa.
Um estudo de 2019 do Fundo de Defesa Ambiental descobriu que algumas das usinas hidrelanãtricas do mundo são sumidouros de carbono - o que significa que absorvem mais carbono por meio da fotossantese por organismos que vivem na águado que emitem por decomposição - enquanto outras são emissores laquidos.
"Nãoháutopia aqui", disse Bertassoli. "Especialmente parapaíses que olham tanto para a energia hidrelanãtrica como uma resposta 'verde' sustenta¡vel para suas necessidades de energia."