Pesquisa atual combinada com estudos cla¡ssicos para destacar a vida social secreta dos ranãpteis
O livro reaºne várias décadas de pesquisas de todo o mundo que detalham a misteriosa vida social de ranãpteis não avia¡rios, incluindo tartarugas, crocodilianos, lagartos, cobras e tuatara.
Todos nossabemos que os humanos e outros mamaferos tem vidas sociais complexas, mas os bia³logos conservacionistas dizem que écrucial reconhecer que os ranãpteis também se envolvem em comportamentos sociais complexos.
"Temos que ser capazes de entendaª-los para protegaª-los", explicou J. Sean Doody, professor assistente e diretor graduado do Departamento de Biologia Integrativa do campus da USF em Sa£o Petersburgo.
As criaturas escamosas de sangue frio são frequentemente consideradas solita¡rias, indiferentes ou antissociais. Na realidade, os especialistas acreditam que se comunicam amplamente uns com os outros e caçam, alimentam, cortejam, acasalam, nidificam e eclodem em grupos.
A vida social extensa e amplamente desconhecida desses animais éa premissa de um novo livro "The Secret Social Lives of Reptiles", de Doody, Vladimir Dinets e Gordon M. Burghardt, três dos maiores especialistas mundiais em ranãpteis.
O livro reaºne várias décadas de pesquisas de todo o mundo que detalham a misteriosa vida social de ranãpteis não avia¡rios, incluindo tartarugas, crocodilianos, lagartos, cobras e tuatara. Uma das muitas pesquisas fascinantes detalhadas no livro vem da própria pesquisa de campo de Doody, que também foi apresentada no The Atlantic, onde ele e sua equipe escavaram uma área comum de postura de ovos (um grupo concentrado de tocas) na Austra¡lia do lagarto monitor de manchas amarelas e encontrou um total de 130 ninhos a profundidades de atéquatro metros.
Os três autores compartilham a convicção de que o comportamento social dos ranãpteis foi amplamente subestimado. Doody acrescentou que eles queriam criar uma vitrine para a comunidade cientafica.
"Tentamos ler todos os artigos sobre o comportamento social dos ranãpteis . Muitos dos estudos são pessoas observando meticulosamente, rastreando pelo ra¡dio, seguindo e descobrindo evidaªncias de comportamentos sociais em cobras, tartarugas e lagartos em todo o mundo. Pessoalmente, comecei a estudar tipos de comportamento social em ranãpteis, particularmente nidificação comunal em ranãpteis, como as ma£es trocam informações sociais e onde colocam seus ovos ", disse Doody.
Conversamos com Doody sobre seu novo livro e por que ele acha que as pessoas, especialmente os estudantes, devem saber sobre a vida social dos ranãpteis.
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Por que foi importante para vocêe seus colegas escreverem este livro?
Esta¡vamos discutindo como todos rejeitam o fato de os ranãpteis se engajarem em comportamento social porque eles não podem se comparar aos mamaferos, pa¡ssaros e alguns insetos, como as formigas. Mas eles podem ser altamente complexos socialmente. Então acabou havendo uma dicotomia onde vocêtem seus mamaferos e pa¡ssaros, que são altamente sociais, e então os ranãpteis estãosendo classificados como não sociais quando esse simplesmente não era o caso. Além disso, se entendermos como o comportamento social evolui, precisamos entender suas origens fundamentais e rudimentares. Como se tornou o que anã, complexo em mamaferos e pa¡ssaros, de um ancestral tipo reptiliano? Compreender a evolução do comportamento social requer que o entendamos em grupos como os ranãpteis.
Se vocêéum estudante interessado no comportamento social dos animais, se sentira¡ atraado por mamaferos e pa¡ssaros porque os ranãpteis são considerados anti-sociais, então vocênão vai por aa. Um preconceito se acumula. Eles não sabem que os ranãpteis são sociais. Percebemos perfeitamente o quanto pouco sabemos sobre o comportamento dos ranãpteis. Este livro serve para dizer que precisamos voltar la¡ e descobrir as coisas. Temos muitas extinções, a biodiversidade estãoem declanio e estamos perdendo espanãcies antes mesmo de sabermos o que elas fazem ou fizeram.
Quais são alguns exemplos de comportamentos sociais em ranãpteis?
Crocodilos machos cuidam de centenas, a s vezes milhares de bebaªs que nem são seus. Então, vocêtem bebaªs nas costas de um pai passeando ao redor do lago. Um colega meu trabalha nisso. a‰ muito incomum proteger jovens que nem são seus, mesmo em animais como mamaferos. a‰ um comportamento social extraordina¡rio para qualquer animal. Eles descobriram que os machos mais jovens estãoencarregados disso, e esses machos mais jovens nem mesmo conseguem acasalar, então parece que éum ritual que os machos jovens passam protegendo os bebaªs. Então, a medida que envelhecem, eles se acasalam com as faªmeas.
O comportamento social também pode incluir namoro, briga, combate entre machos para faªmeas e qualquer interação entre a mesma espanãcie. Por exemplo, um casal de lagartos se encontra todo ano há27 anos para acasalar. O lagarto sonolento na Austra¡lia ésazonalmente monoga¢mico, então machos e faªmeas se encontram e saem por algumas semanas, acasalam e seguem caminhos separados pelo resto do ano.
O que podemos fazer para proteger esses ranãpteis?
Queremos entender esses animais. Temos que ser capazes de entendaª-los para protegaª-los. Temos vários problemas importantes para reduzir a biodiversidade.
A perda de habitat éo grande problema. Continuamos limpando matas e construindo residaªncias e shopping centers. Temos uma população crescente bem aqui na Fla³rida, e isso não ajuda.
O outro éa mudança climática. Muitas pessoas estãofalando sobre isso. Ainda não aconteceu muita coisa, mas estãocomea§ando a acontecer. Nossos netos e seus filhos tera£o algumas surpresas.
As espanãcies invasoras também são um problema. A Fla³rida éuma das piores do mundo por causa do comanãrcio de animais de estimação. Muitas espanãcies exa³ticas são liberadas, como as patons nos Everglades. Tambanãm temos superexploração - por exemplo, chifres de rinoceronte, presas de elefante e superexploração de animais para alimentação.
Essas são as coisas nas quais precisamos trabalhar para conter a maranã. Teremos que fazer alguns compromissos ou continuar perdendo espanãcies.