Mundo

Polinizadores: primeiro a­ndice de risco global para decla­nios de espanãcies e efeitos na humanidade
As três principais causas globais de perda de polinizadores são a destruia§a£o do habitat, seguida pelo manejo da terra - principalmente pastagem, fertilizantes e monocultura de lavouras - e depois o uso generalizado de pesticidas
Por Universidade de Cambridge - 17/08/2021


Doma­nio paºblico

O desaparecimento de habitats e o uso de pesticidas estãocausando a perda de espanãcies de polinizadores em todo o mundo, representando uma ameaça aos "servia§os ecossistemicos" que fornecem alimentos e bem-estar a muitos milhões - especialmente no Sul Global - bem como bilhaµes de da³lares em produtividade agra­cola.

Isso éde acordo com um painel internacional de especialistas, liderado pela Universidade de Cambridge, que usou as evidaªncias disponí­veis para criar o primeiro a­ndice de risco planetario das causas e efeitos do decla­nio drama¡tico de polinizadores em seis regiaµes globais.

As abelhas, borboletas, vespas, besouros, morcegos, moscas e beija-flores que distribuem pa³len, vitais para a reprodução de mais de 75% das safras de alimentos e plantas com flores - incluindo cafanã, colza e a maioria das frutas - estãodiminuindo visivelmente em todo o mundo, mas pouco conhece as consequaªncias para as populações humanas .

"O que acontece com os polinizadores pode ter enormes efeitos colaterais para a humanidade", disse a Dra. Lynn Dicks, do Departamento de Zoologia de Cambridge. "Essas pequenas criaturas desempenham papanãis centrais nos ecossistemas do mundo, incluindo muitos dos quais humanos e outros animais dependem para nutrição. Se eles forem, podemos ter sanãrios problemas."

Dicks reuniu uma equipe de 20 cientistas e representantes inda­genas para tentar uma avaliação inicial das causas e dos riscos de decla­nio de polinizadores em todo o mundo. A pesquisa foi publicada hoje na Nature Ecology & Evolution .

As três principais causas globais de perda de polinizadores são a destruição do habitat, seguida pelo manejo da terra - principalmente pastagem, fertilizantes e monocultura de lavouras - e depois o uso generalizado de pesticidas, de acordo com o estudo. O efeito da mudança climática vem em quarto lugar, embora os dados sejam limitados.

Talvez o maior risco direto para os humanos em todas as regiaµes seja o "danãficit de polinização das safras": quedas na quantidade e na qualidade das safras de alimentos e biocombusta­veis. Os especialistas classificaram o risco de "instabilidade" da produção agra­cola como sanãrio ou alto em dois tera§os do planeta - da áfrica a  Amanãrica Latina - onde muitos dependem diretamente de plantações polinizadas por meio de pequenos agricultores.

“Culturas dependentes de polinizadores apresentam maior variação de rendimento do que, por exemplo, cereais”, disse Dicks. "Fena´menos clima¡ticos cada vez mais incomuns, como chuvas e temperaturas extremas, já estãoafetando as safras. A perda de polinizadores aumenta ainda mais a instabilidade - éa última coisa que as pessoas precisam."
 
Um importante relatório de 2016 para o qual Lynn Dicks contribuiu sugeriu que houve um aumento de até300% na produção de alimentos dependente de polinizadores na última metade do século passado, com um valor de mercado anual que pode chegar a US $ 577 bilhaµes.

A redução da diversidade de espanãcies foi vista como um risco global de alto escala£o para os humanos, que não são paµe em risco a segurança alimentar, mas também uma perda de "valor estanãtico e cultural". Essas espanãcies tem sido emblemas da natureza por milaªnios, argumentam os especialistas, e muito pouca consideração édada a como seus decla­nios afetam o bem-estar humano.

"Os polinizadores tem sido fontes de inspiração para arte, música, literatura e tecnologia desde o ini­cio da história humana", disse Dicks. "Todas as principais religiaµes do mundo tem passagens sagradas sobre as abelhas. Quando a traganãdia atingiu Manchester em 2017, as pessoas procuraram as abelhas como um sa­mbolo da força da comunidade."

"Os polinizadores costumam ser os representantes mais imediatos do mundo natural em nossas vidas dia¡rias. Essas são as criaturas que nos cativam no ini­cio da vida. Percebemos e sentimos sua perda. Onde estãoas nuvens de borboletas no jardim do fim do vera£o, ou a mira­ade mariposas entrando pelas janelas abertas a  noite? "

"Estamos no meio de uma crise de extinção de espanãcies, mas para muitas pessoas isso éintanga­vel. Talvez os polinizadores sejam o terma´metro da extinção em massa", disse Dicks.

A perda de acesso a "polinizadores gerenciados", como colmeias industriais, foi classificada como um alto risco para a sociedade norte-americana, onde eles aumentam as safras, incluindo maçãs e amaªndoas, e sofreram sanãrios decla­nios de doenças e 'desordem do colapso das cola´nias'.

O impacto do decla­nio dos polinizadores nas plantas e frutas silvestres foi considerado um sanãrio risco na áfrica, asia-Paca­fico e Amanãrica Latina - regiaµes com muitospaíses de baixa renda, onde as populações rurais dependem de alimentos silvestres.

Na verdade, a Amanãrica Latina era vista como a regia£o com mais a perder. As safras polinizadas por insetos, como o caju, a soja, o cafée o cacau, são essenciais para o abastecimento alimentar regional e o comanãrcio internacional em todo o continente. a‰ também o lar de grandes populações inda­genas dependentes de plantas polinizadas, com espanãcies polinizadoras, como beija-flores, incorporadas na cultura oral e na história.

A asia-Paca­fico foi outra regia£o global onde o decla­nio dos polinizadores foi considerado um risco sanãrio para o bem-estar humano. China e andia dependem cada vez mais de frutas e vegetais que precisam de polinizadores, alguns dos quais agora exigem que as pessoas polinizem manualmente.

Os pesquisadores alertam que não se sabe o suficiente sobre o estado das populações de polinizadores no Sul Global, já que a evidência de decla­nio ainda vem principalmente de regiaµes ricas como a Europa (onde pelo menos 37% das espanãcies de abelhas e 31% das borboletas estãoem decla­nio) . Os danãficits de polinização e a perda de biodiversidade foram vistos como os maiores riscos para os europeus, com potencial para afetar as lavouras que variam de morangos a colza.

O Dr. Tom Breeze, coautor e Pesquisador em Economia Ecola³gica da University of Reading, disse: "Este estudo destaca o quanto ainda não sabemos sobre o decla­nio dos polinizadores e os impactos que isso tem nas sociedades humanas, particularmente em partes de o mundo em desenvolvimento.

"Embora tenhamos dados sobre como os polinizadores estãose saindo em regiaµes como a Europa, hálacunas de conhecimento significativas em muitas outras. Mais pesquisas são necessa¡rias emnívelglobal para que possamos realmente entender os problemas que enfrentamos e como podemos resolvaª-los."

 

.
.

Leia mais a seguir