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Quando os humanos perturbam os mama­feros marinhos, édifa­cil saber o impacto de longo prazo
Um desafio de longa data para cientistas e agaªncias regulata³rias tem sido entender o significado biola³gico dessasmudanças em termos de seu impacto geral nas populaa§aµes de animais afetadas.
Por Universidade da Califórnia - Santa Cruz - 26/08/2021


Diferentes estratanãgias reprodutivas podem levar a diferenças na resiliencia de uma espanãcie a perturbações por atividades humanas. O elefante marinho do norte éum "criador de capital" - a faªmea armazena energia para amamentar seu filhote durante uma longa migração de forrageamento. Apa³s o parto, a ma£e não precisa deixar o filhote para mamar. Crédito: Dan Costa

De pesquisas sa­smicas e sonar da Marinha a  pesca e navegação, muitas atividades humanas no ambiente ocea¢nico causammudanças de curto prazo no comportamento dos mama­feros marinhos. Um desafio de longa data para cientistas e agaªncias regulata³rias tem sido entender o significado biola³gico dessasmudanças em termos de seu impacto geral nas populações de animais afetadas.

Um novo estudo liderado por cientistas da Universidade da Califa³rnia, em Santa Cruz, fornece uma estrutura abrangente para conduzir esse tipo de avaliação. Publicado em 25 de agosto na revista Proceedings of the Royal Society B , o artigo sintetiza uma grande quantidade de conhecimento sobre mama­feros marinhos e pesquisas sobre os impactos de vários distúrbios.

O autor saªnior Daniel Costa, professor de ecologia e biologia evolutiva e diretor do Instituto de Ciências Marinhas da UC Santa Cruz, disse que começou a lidar com esse problema hádécadas, quando estudava o impacto do som de baixa frequência em baleias e outros animais marinhos mama­feros. "Ta­nhamos parametros mensura¡veis ​​que eram estatisticamente significativos, mas não saba­amos o significado biola³gico dessasmudanças de comportamento. Isso me incomodou e incomodou muitas outras pessoas na área", disse ele.

Um relatório de 2005 do National Research Council levou ao desenvolvimento de uma abordagem, conhecida como Population Consequences of Disturbance (PCoD), que pode ser usada para avaliar os custos bioenerganãticos dasmudanças comportamentais. Desde então, pesquisadores vão desenvolvendo modelos quantitativos de PCoD para diferentes espanãcies e tipos de distúrbios.

"Esses modelos fornecem muitas informações, mas quera­amos ter uma abordagem hola­stica, identificando os temas comuns e usando esses conceitos para informar como os gestores da vida selvagem e outros podem avaliar os riscos de uma atividade proposta", disse a primeira autora Kelly Keen , um estudante de graduação da UCSC que já trabalhou para a Comissão de Terras do Estado da Califórnia como cientista ambiental. "Vindo do governo estadual e tendo feito muitas avaliações de risco, estava interessado em como esses modelos quantitativos podem ser aplicados."

O novo estudo destaca a importa¢ncia dos traa§os da história de vida, como estratanãgias reprodutivas, padraµes de movimento, tamanho do corpo e ritmo de vida na determinação da vulnerabilidade de uma espanãcie a diferentes tipos de distúrbios. Por exemplo, Costa explicou como as diferenças no comportamento reprodutivo podem tornar os leaµes-marinhos da Califórnia menos resistentes do que os elefantes-marinhos do norte.

"O lea£o-marinho da Califórnia vive de sala¡rio em sala¡rio", disse ele. "A ma£e tem seu filhote na praia, e então ela sai para o mar para se alimentar, volta e amamenta seu filhote, então sai e amamenta novamente. Ela estãorestrita a uma área relativamente pequena e não pode ir muito longe do cola´nia, então se háum distaºrbio que afeta a alimentação dela, isso tem um grande impacto porque ela não tem dinheiro no banco. "

Diferentes estratanãgias reprodutivas podem levar a diferenças na resiliencia de
uma espanãcie a perturbações por atividades humanas. O lea£o-marinho da
Califórnia éum "criador de renda" - para adquirir energia para a lactação, a
faªmea precisa deixar seu filhote na praia e ir repetidamente ao mar
para se alimentar. Crédito: Dan Costa

As ma£es-foca-elefante, por outro lado, tem dinheiro no banco. Elas migram grandes distâncias pelo Oceano Paca­fico Norte, alimentando-se e armazenando energia, então, quando voltam para a cola´nia para dar a  luz, podem ficar na praia com seus filhotes. "Eles não se alimentam enquanto estãoamamentando, apenas despejam toda a energia armazenada no filhote", disse Costa. "Eles são mais resistentes porque cobrem uma área tão grande enquanto estãose alimentando e podem evitar mais facilmente qualquer fator de estresse."
 
Como resultado, se houver elefantes-marinhos e leaµes-marinhos em uma área onde uma atividade proposta poderia perturba¡-los, a população de leaµes-marinhos provavelmente estara¡ em maior risco. Da mesma forma, diferentes considerações se aplicam a espanãcies com um ritmo de vida "viva rápido, morra jovem" e uma alta taxa reprodutiva, como botos, versus uma grande espanãcie de baleia que élenta para amadurecer e se reproduzir.

"O que os reguladores realmente querem éuma ferramenta na qual vocêpossa conectar os números e as espanãcies e ele daª uma resposta", disse Costa. "Ainda não chegamos la¡, mas esta éa segunda melhor coisa. Diz a vocêas principais caracteri­sticas que vocêprecisa considerar ao tomar uma decisão."

Além de recursos de história de vida, o artigo descreve a importa¢ncia das caracteri­sticas especa­ficas do distaºrbio, incluindo sua localização, duração e frequência. As condições ambientais, incluindo asmudanças climáticas, também podem influenciar a sensibilidade da população aos distúrbios, disse Keen.

“Esses modelos estãoimersos na estrutura da bioenerganãtica, então olhamos para a disponibilidade de presas e como isso poderia ser afetado pelas condições ambientais em uma área especa­fica, porque se houver um distaºrbio sobreposto naquela área, isso poderia ter consequaªncias para a população”, afirmou. ela disse.

Costa observou que as a¡guas costeiras da Califa³rnia, com a mais diversa fauna de mama­feros marinhos do mundo, são um lugar particularmente desafiador para fazer esse tipo de avaliação de risco. Embora ele não espere ver novos desenvolvimentos de petra³leo offshore, o movimento em direção a recursos de energia renova¡vel significa um número crescente de propostas para desenvolver energia ea³lica offshore e das ondas na Califa³rnia.

"Ao decidir onde colocar algo assim, uma avaliação quantitativa completa sempre serádifa­cil", disse Costa. "Com esse processo conceitual, podemos pelo menos fazer julgamentos informados. a‰ uma ferramenta que pode dizer em quais considerações vocêprecisa pensar."

 

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