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Acasalamento, tatuagens e saa­da de casa: um conto de guppy crescendo
A equipe mostrou que, embora a maioria dos guppies permanecesse ima³vel ao longo de suas vidas, os machos que se aventuraram a fugir tinham mais probabilidade de ter filhos do que seus homa³logos caseiros.
Por Matt Davenport - 07/12/2021


Os guppies faªmeas, como os peixes a  esquerda, não viam nenhuma vantagem reprodutiva em sair de casa. Por outro lado, os machos, como os peixes da direita, que se moviam mais, tinham mais descendentes. Crédito: Fitzpatrick Lab

A natureza estãocheia de grandes questões que são fa¡ceis de fazer e difa­ceis de responder. Com algum trabalho duro a  moda antiga e a ajuda de um humilde vertebrado, Sarah Fitzpatrick e Isabela Lima Borges, da Michigan State University, avana§aram em um desses mistanãrios.

Eles conduziram um extenso estudo de guppies de Trinidad para coletar dados evasivos sobre nadadas relativamente curtas. Essas informações podem ajudar a explicar o mistério maior de por que algumas pessoas deixam a segurança de casa para buscar a vida em outro lugar.

"Viajar pode ser perigoso e exige energia. Dados todos os riscos, por que as coisas se movem?" disse Fitzpatrick, professor assistente de biologia integrativa na Faculdade de Ciências Naturais da Estação Biola³gica WK Kellogg, ou KBS. "a‰ uma parte tão fundamental da ecologia sobre a qual sabemos tão pouco."

As respostas a esta pergunta basearam-se principalmente em teorias, mas graças a um novo estudo publicado na revista Ecology Letters em 25 de novembro, a equipe forneceu dados concretos para apoia¡-los.

Os dados também são valiosos do ponto de vista da conservação, disse Borges, o primeiro autor do novo estudo e um estudante de pós-graduação pesquisador do Departamento de Biologia Integrativa, também da KBS. Ao revelar mais sobre o comportamento natural de um animal, os pesquisadores podem identificar melhor quando a atividade humana comea§a a muda¡-lo.

A equipe mostrou que, embora a maioria dos guppies permanecesse ima³vel ao longo de suas vidas, os machos que se aventuraram a fugir tinham mais probabilidade de ter filhos do que seus homa³logos caseiros. As faªmeas tendiam a se mover menos e também não viam vantagem em se mover mais. Ainda assim, havia uma recompensa clara para os homens que nadassem no galinheiro.

“Pegamos a galinha e o ovo”, disse Borges. "Vemos que os machos se movem mais e que se beneficiam mais com a movimentação."

Esta não foi uma surpresa total. A teoria sugere que, como ficar em casa costuma ser mais seguro - por exemplo, háum risco menor de ser comido -, deve haver uma vantagem em viajar. Caso contra¡rio, por que sair? Mas os dados para confirmar os benefa­cios eram escassos.

"O que fizemos foi ir mais longe e rastrear as vantagens dos guppies que saa­ram de casa", disse Fitzpatrick, que também émembro do corpo docente do programa de Ecologia, Evolução e Biologia da MSU e coordenador do Laborata³rio de Ecologia Molecular e Gena´mica KBS. "a‰ legal ver um resultado que faz sentido."

Embora as faznhas reprodutivas do despretensioso guppy possam não parecer uma grande nota­cia, eles podem informar como outras espanãcies respondem a  pergunta devo-ficar-ou-devo-ir.
 
“Embora este seja um estudo de uma espanãcie, existem muitas teorias mais amplas que podem ser informadas por ele”, disse Borges. "Por exemplo, esperamos ver esse comportamento em outras espanãcies que não tem cuidados parentais masculinos."

Essas implicações mais amplas são possibilitadas pelo lugar especial do guppy de Trinidad na ciência Os peixes vivem em riachos ao longo de Trinidad e cada riacho apresenta os guppies que o chamam de casa com condições ligeiramente diferentes. Assim, os diferentes fluxos são quase como diferentes iterações do mesmo experimento natural, disse Borges.

Por causa disso, os cientistas estudaram os peixes por décadas e estabeleceram o guppy como um organismo modelo. Com uma riqueza de história e conhecimento a  sua disposição, os cientistas podem usar o que aprenderam sobre guppies para informar sua compreensão de motivos maiores no mundo natural.

a‰ semelhante a como os cientistas hámuito confiam nas moscas da fruta para testar ideias sobre genanãtica e evolução em laboratório, disse Fitzpatrick, com algumas diferenças nota¡veis. Os guppies tem espinha dorsal e os cientistas podem estuda¡-los na natureza com relativa facilidade.

"Eu digo a s pessoas que os guppies são a mosca das frutas do mundo dos vertebrados", disse Fitzpatrick, "com eles, podemos estudar a evolução em ação em ambientes naturais."

Dito isso, o estudo ainda era intenso. "Isso foi muito difa­cil e éuma espanãcie 'fa¡cil' de estudar", disse Borges, o que ajuda a explicar, em parte, por que dados tão robustos não estavam disponí­veis antes.

Trabalhando com colaboradores da Colorado State University e da University of Texas em Austin, os pesquisadores "tatuaram" cerca de 1.300 guppies. Os pesquisadores essencialmente codificaram individualmente os peixes com pequenas etiquetas injeta¡veis ​​para rastrear os movimentos dos guppies.

A equipe então pescou os guppies de seus riachos uma vez por maªs durante um ano, anotando sua posição, tirando fotos e registrando outras medições antes de devolvaª-los a  a¡gua.

Os dados mostraram que a maioria dos peixes ficava nas mesmas piscinas em que nasceram, mas outros se aventuravam a dezenas de metros de distância (mover-se mais de 10 metros ou cerca de 33 panãs era considerado longe para um guppy). O recordista nadou cerca de 250 metros - pouco mais de 800 panãs.

Além de documentar o benefa­cio reprodutivo do movimento, a equipe também observou outras tendaªncias em seus dados. Por exemplo, os machos maiores tinham maior probabilidade de se mover mais longe do que os machos menores. E os peixes que viviam mais tendiam a se mover mais.

Ainda assim, por todas as respostas que este estudo oferece, Fitzpatrick espera que o trabalho ajude a inspirar perguntas simples, mesmo para pessoas que não estudam ecologia ou evolução.

"Gostaria que as pessoas olhassem para fora e se perguntassem, ao verem um animal, a que distância de casa esse indiva­duo se mudou e por quaª?" ela disse.

 

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