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Esterco de verme fa³ssil mostra traa§os de 'mineradores' microsca³picos em prata elementar
Os pesquisadores encontraram a prata em copra³litos, ou fezes fossilizadas, coletadas do Ravens Throat River Lagersta¤tte nos Territa³rios do Noroeste do Canada¡.
Por Francisco Tutella - 20/12/2021


Micrografia de microscopia eletra´nica de varredura de dois acaºmulos menores de prata em um copra³lito, ou fezes fossilizadas. Os pesquisadores encontraram copra³litos em tocas fossilizadas de vermes do período geola³gico cambriano, que datam de mais de 500 milhões de anos atrás, e pensam que os microorganismos provavelmente desempenharam um grande papel no acaºmulo de prata nos copra³litos. Crédito: Julien Kimmig

Quando o lixo de um organismo contanãm vesta­gios de tesouros humanos, procure por atividade microbiana antiga, de acordo com pesquisadores que encontraram prata elementar em esterco fossilizado de verme.

Os pesquisadores encontraram a prata em copra³litos, ou fezes fossilizadas, coletadas do Ravens Throat River Lagersta¤tte nos Territa³rios do Noroeste do Canada¡. Um lagersta¤tte éum depa³sito de fa³sseis excepcionalmente preservados que a s vezes inclui tecidos moles fossilizados ou, neste caso, esterco de verme fossilizado. Os fa³sseis datam do período geola³gico cambriano, hámais de 500 milhões de anos. Hoje, o local fica em uma área fria e montanhosa, mas no período cambriano ficava perto do equador e submerso no oceano.

"A Amanãrica do Norte parece diferente agora do que era no período Cambriano", disse Julien Kimmig, professor assistente de pesquisa no Earth and Environmental Systems Institute da Penn State. "As placas continentais mudaram muito desde então. Hoje em dia, o Ravens Throat River Lagersta¤tte estãono meio das montanhas Mackenzie, mas durante o período que estamos estudando, estamos observando um ambiente de plataforma mais profundo, completamente subaqua¡tico."

No ina­cio, Kimmig e seu colega, Brian Pratt, professor de ciências geola³gicas da Universidade de Saskatchewan, não tinham certeza do produtor das fezes, atéque se dividiram e cortaram suas amostras de rocha e se depararam com vermes fossilizados e tocas de vermes. Eles perceberam que as manchas pretas escamosas que tinham eram fezes de vermes que foram preservadas em tocas feitas nas profundezas do oceano.

A dupla analisou os copra³litos em um microsca³pio eletra´nico de varredura e encontraram o que Kimmig chama de "os culpados usuais" - carbono, pirita e silicatos de aluma­nio.

"E então algo realmente brilhante apareceu no meio da tela do nosso instrumento, e quando olhamos para ele, descobriu-se que era prata elementar", disse ele.

Os pesquisadores examinaram a rocha circundante em busca de quantidades elevadas de prata e encontraram alguma, mas não o suficiente para explicar as grandes bolhas de prata encontradas nos copra³litos.

"Se vocêolhar para os depa³sitos de prata, geralmente encontrara¡ outros elementos associados a  prata, como chumbo e zinco", disse Kimmig. "Nãovimos quantidades elevadas desses elementos em nosso site, então havia diferentes mecanismos em ação por trás da criação desse depa³sito em comparação com os depa³sitos de minanãrio. As montanhas Mackenzie tem alguns depa³sitos de minanãrio ricos e hávárias minas na regia£o , mas nenhum tem uma composição de prata elevada sem na­veis elevados de outro elemento meta¡lico. "
 
Para dar sentido a s suas descobertas, Kimmig começou a estudar como as bactanãrias podem extrair ouro e prata da drenagem de minas, bem como de habitats naturais. Ele descobriu que a formação de prata também foi associada a bactanãrias, fungos e algas. Os pesquisadores logo perceberam que a atividade microbiana provavelmente desempenhou um grande papel no acaºmulo de prata nos copra³litos.

“Provavelmente tivemos o coca´ primeiro, depois algumas bactanãrias ou algas crescendo no coca´, e algumas delas provavelmente estavam extraindo prata da coluna d'a¡gua”, disse Kimmig. "Para formar a maior pea§a de prata que encontramos, que mede 300 micra´metros, a cola´nia microbiana deve ter um tamanho relativamente decente."

Para efeito de comparação, a largura de um cabelo humano éde aproximadamente 17 a 180 micra´metros. Pode não parecer muito, mas 300 micra´metros de prata vistos sob um microsca³pio se destacam, especialmente dadas as baixas quantidades de prata nas rochas ao redor.

Os pesquisadores acham que a prata veio da coluna d' águaou, mais provavelmente, uma salmoura do fundo do oceano.

Alguns organismos modernos - como certas bactanãrias, peixes e ostras - podem viver com um grau de na­veis elevados de prata no ambiente, mas ainda éextremamente ta³xico e os sistemas metaba³licos que lidam com isso são mal compreendidos, de acordo com Kimmig. Alguns microrganismos modernos são aºteis na extração de elementos nobres como prata e ouro, e os cientistas observaram um comportamento semelhante no passado geola³gico com bactanãrias e depa³sitos de ferro, mas ainda não haviam observado esses processos no passado geola³gico em relação a  prata.

"Esta éuma história evolutiva para bactanãrias e microorganismos", disse Kimmig. "Ver no período cambriano que os microrganismos eram de alguma forma capazes de acumular prata sugere que éuma caracterí­stica muito mais antiga do que podera­amos ter pensado antes quando olhamos para os microrganismos modernos que fazem isso. Tambanãm pode indicar que, embora o fluxo de fluido desempenhe um grande papel papel na formação de depa³sitos de minanãrio, alguns depa³sitos de minanãrio podem ter tido ajuda bacteriana, e esses microorganismos podem ter desempenhado um papel importante na criação de alguns de nossos maiores depa³sitos de prata ou ouro no passado geola³gico. "

Os pesquisadores relataram suas descobertas no Canadian Journal of Earth Sciences.

 

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