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Dispositivo permite que pesquisadores rastreiem facilmente insetos indescrita­veis
Com algum software de segurança doméstica e um pouco de engenhosidade, os pesquisadores desenvolveram um dispositivo barato que permitira¡ estudar o comportamento e a atividade de insetos em regiaµes do mundo...
Por Angela Nicoletti e Jerald Pinson - 24/02/2022


Os insetos são notoriamente difa­ceis de rastrear devido ao seu tamanho diminuto, vida curta e sua tendaªncia a serem comidos por outros organismos. Um novo dispositivo simples e barato desenvolvido por um estudante de pós-graduação tem o potencial de informar os cientistas sobre quando a maioria dos insetos estãoativa e como a perturbação ambiental da poluição luminosa, asmudanças climáticas e o aumento da urbanização afetam seu comportamento. Crédito: Museu da Fla³rida/Eric Zamora

Com algum software de segurança doméstica e um pouco de engenhosidade, os pesquisadores desenvolveram um dispositivo barato que permitira¡ estudar o comportamento e a atividade de insetos em regiaµes do mundo onde eles são mais diversos.

Os insetos são facilmente o maior grupo de organismos do planeta e, com espanãcies que habitam todos os continentes, incluindo a Anta¡rtida, eles também são onipresentes. No entanto, em comparação com pa¡ssaros e mama­feros, os cientistas sabem muito pouco sobre quando a maioria dos insetos estãoacordada e ativa, o que éespecialmente verdadeiro para espanãcies noturnas que voam sob o vanãu obscuro da escurida£o.

"A maior parte do que sabemos sobre o comportamento dos insetos éde espanãcies que estãoativas durante o dia", disse Akito Kawahara, curador do Centro McGuire para Lepidoptera e Biodiversidade do Museu de Hista³ria Natural da Fla³rida e coautor de um novo estudo que descreve a dispositivo. “Estudamos borboletas, abelhas e formigas porque podemos vaª-los, mas existem centenas de milhares de insetos noturnos por aa­, todos quase impossa­veis de rastrear atéagora”.

Saber quando os organismos estãomais ativos éa base para entender seus comportamentos e ritmos circadianos ospadraµes que determinam quando eles procuram comida, se reproduzem, polinizam flores e muito mais. Sem essas informações ba¡sicas para insetos, émais difa­cil prever ou determinar como asmudanças no ambiente, como o aumento da poluição luminosa, podem afeta¡-los.

Mas quanto menor o animal, mais difa­cil érastrear. Os insetos geralmente são pequenos demais para carregar dispositivos de rastreamento que indicariam aos bia³logos seus movimentos. Em vez disso, os pesquisadores precisam atraa­-los com iscas ou luzes, que pintam apenas uma imagem parcial de sua atividade.

"Vocaª pode pensar que uma mariposa énoturna porque são foi vista a  noite, mas isso não significa que não estãofora durante o dia. Pode não ter sido vista", disse o principal autor Yash Sondhi, Ph.D. estudante da Florida International University coorientado por Kawahara. “Quera­amos olhar além das categorias noturnas ou diurnas padrãoque poderiam ser uma simplificação excessiva”.

Durante anos, Kawahara tentou encontrar um dispositivo porta¡til que lhe permitisse rastrear insetos enquanto trabalhava no campo com seu colaborador Jesse Barber na Boise State University, a s vezes atémesmo tentando terceirizar o trabalho para empresas na esperana§a de que pudessem construa­-lo para dele. Mas o equipamentosensívelo suficiente para medir os movimentos delicados das mariposas menores e ao mesmo tempo dura¡vel o suficiente para resistir a ambientes hostis e locais remotos sem eletricidade ou internet provou ser difa­cil de projetar.
 
Então, quando Sondhi se ofereceu para tentar cria¡-lo ele mesmo, Kawahara ficou emocionado. "Na³s deixamos o projeto de lado, mas Yash foi capaz de vir e construir o dispositivo que sempre imaginamos", disse ele.

Sondhi reuniu um microcomputador, software de rastreamento de movimento de ca³digo aberto, sensores, uma ca¢mera e luzes infravermelhas importantes que não perturbam ou confundem insetos. Ele guardou tudo isso em uma gaiola de malha que parece um cesto de roupa suja, e o monitor porta¡til de atividade de locomoção, chamado pLAM, nasceu.

Ele pode ser construa­do por menos de US$ 100, uma pequena fração da tecnologia baseada em laboratório que custa entre US$ 1.000 e US$ 4.000.

Depois de usar o pLAM para monitorar a atividade de insetos no laboratório para garantir que o equipamento funcionasse sem problemas, Sondhi e Kawahara o testaram em uma viagem de pesquisa a  Costa Rica. Eles coletaram 15 espanãcies, colocando entre quatro e oito mariposas de cada nos monitores de atividade.

Sondhi diz que um dos exemplos mais interessantes foi uma espanãcie de mariposa-tigre. Supaµe-se que essas mariposas ta³xicas de cores vivas estejam exclusivamente fora durante o dia, porque os predadores se afastam delas e podem se mover sem medo de serem comidos. No entanto, os dados dos monitores de atividade revelaram que eles também estãoativos ao anoitecer. Afinal, eles precisam escapar de outros predadores que saem ao anoitecer, como os morcegos.

"Foi muito legal ver os diferentes padraµes de atividade", disse Sondhi. "Nem tudo étão preto e branco quanto pensamos. Agora, podemos prever e entender melhor o que estãoimpulsionando quando os insetos voam. O objetivo équantificar quando eles estãoativos e depois associar isso com suas caracteri­sticas - por exemplo, se uma mariposa éfosco, bege, isso significa que éestritamente noturno?"

Kawahara estãootimista de que o novo dispositivo ajudara¡ a informar os esforços para evitar a recente tendaªncia global de decla­nio e extinção de insetos. "Os dados ba¡sicos que precisamos para entender a atividade de pequenos insetos e outros organismos são tão limitados", disse ele. “Falamos sobre como a poluição luminosa, a poluição sonora e asmudanças climáticas afetam os insetos, mas não sabemos nada sobre como isso afeta sua atividade porque não conseguimos monitorar a atividade da maioria das espanãcies de insetos. coletar essas informações."

Este ano, Sondhi usara¡ essa nova ferramenta para continuar sua pesquisa financiada pela National Geographic sobre como as mariposas respondem a  poluição luminosa. Ele coletou dados sobre os diferentes na­veis de luz em vários locais de campo na andia. Agora, ele pode examinar como a poluição luminosa pode confundir mariposas, interferindo em seus padraµes circadianos naturais e impactando quando estãoativas.

A pesquisa foi publicada em Manãtodos em Ecologia e Evolução.

 

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