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O alvorecer de uma sexta extinção paµe em risco o equila­brio e o funcionamento dos ecossistemas
Cento e cinquenta especialistas da Plataforma Intergovernamental de Pola­ticas Cienta­ficas sobre Biodiversidade e Servia§os Ecossistemicos (IPBES), publicaram um relatório alarmante sobre o estado da biodiversidade no planeta.
Por SORBONNE UNIVERSITÉ - 04/07/2019

Criada em 2012, a Plataforma Intergovernamental de Pola­ticas Cienta­ficas sobre Biodiversidade e Servia§os Ecossistemicos (IPBES), reaºne mais de 130países membros. Na interface entre a tomada de decisaµes políticas e a pesquisa sobre biodiversidade, publica avaliações cienta­ficas sobre o estado do conhecimento sobre a biodiversidade, os ecossistemas e as contribuições que eles fazem para as pessoas. Professor Associado da Universidade Sorbonne e membro do Centro de Ecologia e Ciências da Conservação , Jean-Baptiste Mihoub faz parte do grupo de especialistas Geo Bon, o eixo do IPBES. Ele traz a  luz as partes inferiores desta sexta extinção em massa.

© Shutterstock

"Dos 10 a 20 milhões de espanãcies que existem no planeta entre 500.000 e 1 milha£o estãoameaa§adas de extinção nas próximas décadas, o que representa 50 por cento das espanãcies conhecidas", diz Jean-Baptiste Mihoub.

Se houver disparidades por espanãcie e regia£o, todas estãoem decla­nio. Desde a década de 1970, 60% das populações de vertebrados desapareceram e até83% das espanãcies de águadoce. Na Alemanha, os pesquisadores observaram uma redução de 85% na biomassa de insetos em apenas 30 anos. Mais preocupante, as espanãcies que ainda não foram consideradas ameaa§adas de extinção diminua­ram em mais de 30%. E alguns anteriormente comuns tendem a entrar em colapso, como por exemplo os ouria§os que perderam 90% de sua população no Reino Unido desde a década de 1950.

"Estamos no alvorecer de uma sexta extinção que paµe em risco o equila­brio e o funcionamento dos ecossistemas, dos quais o homem éparte integrante", diz Jean-Baptiste Mihoub. O que nos deixa tontos éa magnitude e a velocidade desse decla­nio ".

As cinco grandes causas desta sexta extinção, todas de origem humana

"As causas desta crise de biodiversidade são bem conhecidas pelos cientistas", especifica Jean-Baptiste Mihoub.

A fragmentação e destruição de habitats éa primeira ameaça a  biodiversidade devido a  urbanização, agricultura, desmatamento ou destruição do fundo do mar. A exploração excessiva de espanãcies éa segunda principal causa do decla­nio da biodiversidade. Asmudanças climáticas, cujos primeiros efeitos já são visa­veis, podem causar profundas reviravoltas ecola³gicas nos pra³ximos anos. A quarta causa, a poluição da a¡gua, do solo e do ar, mas também a poluição luminosa e sonora afetam diretamente algumas espanãcies. Finalmente, a introdução de espanãcies exa³ticas invasoras que perturbam o funcionamento dos ecossistemas locais éuma quinta ameaça a  biodiversidade.

"Podemos dizer que a magnitude desse desaparecimento estãodiretamente relacionada a s atividades humanas. Uma espanãcie que representa uma a­nfima parte da vida écapaz de colocar em risco o restante da biodiversidade", diz o cientista.

Os seres humanos representam apenas 0,01% da biomassa viva 4 na Terra, enquanto as plantas respondem por 80%, as bactanãrias 12% e fungos 2%. No entanto, a biomassa humana representa hoje quase 10 vezes a biomassa de mama­feros silvestres e 30 vezes a de aves silvestres.

"Essa onipresença da população humana no planeta, seu crescimento exponencial e o impacto globalizado de suas atividades na Terra, o que chamamos de Antropoceno, ameaa§am diretamente a biodiversidade", explica Jean-Baptiste Mihoub.

Pesquisa e educação para agir em prol da biodiversidade

Para Jean-Baptiste Mihoub, "devemos ser realistas, mas não fatalistas. Se o relatório éalarmante, o maior erro seria não fazer nada e se resignar". Segundo ele, precisamos olhar profundamente para o nosso modo de vida. "A transição ecola³gica comea§ara¡ realmente somente quando as sociedades comea§arem a influenciar mais do que apenas os governos e a indaºstria".

"Como cientistas", diz ele, "precisamos apresentar figuras-chave e cenários que, sem ser reducionistas, possam se tornar alvos concretos e confia¡veis ​​para decisaµes políticas. O que tem sido feito nos últimos anos também deve ser feito para a biodiversidade "

Para que isso acontea§a, Mihoub diz que énecessa¡rio criar sistemas de observação global da biodiversidade compartilhando dados coletados localmente.

"Faltam dados globalmente. Nossos modelos não são robustos o suficiente. Sabemos que havera¡ pontos sem retorno, mas não podemos prever quando, como e em qual escala", diz ele.

Um ator de ciência aberta, Jean-Baptiste Mihoub trabalha dentro de uma rede de outros pesquisadores internacionais para padronizar as medições e dados da biodiversidade globalmente, assim como os cientistas do clima do IPCC (o Painel Intergovernamental sobre Mudança Clima¡tica). Ter uma visão global da biodiversidade global permitira¡, em sua opinia£o, entender melhor os mecanismos de trabalho, medir seus efeitos e, portanto, ser mais capaz de prevaª-los.

 "Como professor-pesquisadores, temos a responsabilidade de informar o paºblico em geral, mas também de educar cada vez mais estudantes, incluindo não-bia³logos, sobre a questãoda biodiversidade com o conhecimento cienta­fico da universidade." insiste Jean-Baptiste Mihoub.

Na Universidade de Sorbonne, os programas acadaªmicos evolua­ram nessa direção. Nos últimos dois anos, um "Ambiente" transdisciplinar de pequeno porte proporcionou aos alunos uma educação aprofundada sobre questões importantes como clima, energia, biodiversidade, urbanização e transição agra­cola. A fim de educar os alunos para uma visão mais ampla, a questãoambiental éabordada de forma multidisciplinar e colaborativa atravanãs de a¢ngulos cienta­ficos, jura­dicos, pola­ticos, anãticos e filosãoficos.

 

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