Opinião

Madeleine Albright via os EUA como uma 'nação indispensa¡vel' e a expansão da OTAN para o leste como essencial
Quando ela se tornou secreta¡ria de Estado em 1997, os Estados Unidos haviam se tornado uma superpotaªncia encalhada. Durante a Guerra Fria, suas forças foram desdobradas em todo o mundo com o propa³sito expla­cito de deter a agressão sovianãtica.
Por Peter Harris - 25/03/2022


Ajudando a forjar uma identidade pa³s-Guerra Fria para os Estados Unidos. Foto: MIKE SEGAR / REUTERS/Arquivo

Madeleine Albright pode não ter cunhado a expressão “nação indispensa¡vel”, mas sempre estara¡ associada ao conceito.

Quando ela se tornou secreta¡ria de Estado em 1997, os Estados Unidos haviam se tornado uma superpotaªncia encalhada. Durante a Guerra Fria, suas forças foram desdobradas em todo o mundo com o propa³sito expla­cito de deter a agressão sovianãtica. Quando a Unia£o Sovianãtica desapareceu em 1991 , também desapareceu a principal justificativa para a enorme presença de tropas dos Estados Unidos no exterior e a rede global de aliana§as militares.

A tcheca Albright, que morreu em 23 de mara§o aos 84 anos , ajudou os Estados Unidos a evocar uma nova lógica para seu papel global militarizado na era pa³s-Guerra Fria.

Sua crena§a incisiva de que os Estados Unidos eram indispensa¡veis ​​para a paz e o progresso globais levou Albright a apoiar a ação militar contra o Iraque em 1998 e a Sanãrvia em 1999. Seria o arrependimento duradouro de Albright que os EUA não tivessem intervindo em Ruanda em 1994 e impedido o massacre .

Albright deixou o cargo paºblico em janeiro de 2001 . Mas sua convicção ba¡sica osque o combate, quando feito pelos Estados Unidos, pode ser um ato progressista e atéaltrua­sta ospersistiu nos corredores de Washington.

Ele deu aos lideres de ambos os partidos uma ferramenta reta³rica para justificar políticas externas intervencionistas, mesmo quando os pedidos de contenção e contenção foram fortes.

Expansão da OTAN

Um dos atos mais importantes de Albright ostanto como embaixador nas Nações Unidas de 1993 a 1997 quanto como secreta¡rio de Estado do presidente Bill Clinton osfoi apoiar a expansão da OTAN.

A OTAN tinha sido uma pedra angular da ordem de segurança da Guerra Fria na Europa, vinculando os Estados Unidos a  defesa da Europa Ocidental. A abordagem de Albright foi lana§ar a OTAN não apenas como uma aliana§a militar, mas como um pilar da estabilidade internacional e um motor do progresso democra¡tico . Ela viu a aliana§a como um canal atravanãs do qual os Estados Unidos poderiam transmitir paz, ordem e boa governana§a a um fra¡gil continente europeu.

Na anãpoca, os cra­ticos alertaram que a ampliação da OTAN antagonizaria uma Raºssia pa³s-sovianãtica e poderia acabar piorando a ordem de segurança europeia.

A resposta de Albright foi intransigente.

“Nãoprecisamos que a Raºssia concorde com o alargamento”, assegurou ela aos senadores em 1997, enfatizando a palavra “necessidade”.

O argumento estratanãgico e moral para o alargamento era esmagador, explicou Albright. Se os estados recanãm-democratizados da Europa Central e Oriental ansiavam pela proteção dos Estados Unidos, concluiu ela, nenhuma outra nação deveria ter permissão para ficar no caminho.

Esses argumentos prevaleceram em Washington e em outras capitais da OTAN. Em julho de 1997, Pola´nia, Hungria e República Tcheca foram formalmente convidadas a ingressar na OTAN. Eles foram aceitos na aliana§a em 1999 osa primeira, mas não a última , ex-nações do Bloco Oriental aceitas na aliana§a.

Uma mulher do seu tempo

Em retrospectiva, a rápida rejeição de Albright a s preocupações de segurança da Raºssia pode parecer ter sido mal avaliada. Isso éespecialmente verdadeiro a  luz da invasão da Ucra¢nia pela Raºssia, que alguns analistas culpam em parte pela velocidade e pela percepção de imprudaªncia da expansão da OTAN durante a década de 1990.

A conveniaªncia do alargamento da OTAN seráacaloradamente debatida nos pra³ximos anos e o papel de Albright no processo não deve ser poupado de escruta­nio. Mas, ao mesmo tempo, deve-se lembrar que Albright era uma mulher de seu tempo; os pontos altos de sua carreira durante o governo Clinton coincidiram com o auge do poder americano.

De fato, não éexagero dizer que, durante a década de 1990, o trabalho de Albright era ajudar a conduzir as relações exteriores dopaís mais poderoso da história do mundo. a‰ compreensa­vel, talvez, que ela quisesse aproveitar esse poder incra­vel para causas como nutrir a liberdade e a democracia empaíses que lutaram por décadas para se livrar do autoritarismo.

O futuro da nação indispensa¡vel

Albright viveu para ver cinco presidentes governarem de acordo com suas próprias ideias sobre o propa³sito especial da Amanãrica. Mesmo Donald Trump a s vezes traiu um apego subjacente a  lógica da indispensabilidade dos EUA.

O mundo hoje édiferente do dos anos 1990, no entanto. Agora que os estados rivais estãomais dispostos a revidar , émuito mais arriscado para os lideres dos EUA desempenhar o papel de nação indispensa¡vel. Como o presidente Joe Biden advertiu, uma intervenção militar contra a Raºssia na Ucra¢nia poderia significar nada menos que a Terceira Guerra Mundial .

Com a morte de Madeleine Albright, então, os lideres dos EUA também deveriam pensar em que tipo de ideias deveriam substituir seus elevados preceitos de engajamento no exterior. a‰ uma tarefa urgente.


Peter Harris
Professor Associado de Ciência Pola­tica, Colorado State University


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