Os pesquisadores disseram na terça-feira que identificaram uma forma particularmente grave de mpox em pessoas com HIV avançado, que teve uma taxa de mortalidade de 15 por cento entre os pacientes com AIDS.

A Mpox, anteriormente conhecida como monkeypox, há muito é endêmica em vários países africanos, mas começou a se espalhar pelo mundo em maio passado, afetando de forma esmagadora os homens que fazem sexo com homens.

Desde então, mais de 85.800 casos de mpox, incluindo 93 mortes, foram relatados em 110 países, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Entre 38-50 por cento dos pacientes globais com mpox também viviam com HIV, de acordo com um novo estudo publicado na revista The Lancet .

Para o estudo, uma equipe internacional de médicos examinou 382 pessoas com HIV e mpox de 19 países. Esse número inclui 27 pessoas que morreram da doença – mais de um quarto do número total durante o surto global.

Os médicos identificaram uma forma particularmente extrema da doença, que eles chamaram de "mpox fulminante", que afetava pessoas com HIV avançado ou AIDS. Os sintomas incluem lesões necrotizantes maciças na pele, genitais e, às vezes, até nos pulmões.

As piores lesões e outros sintomas foram frequentemente observados nos pacientes com a contagem mais baixa de um tipo de glóbulo branco chamado células CD4.

O HIV destrói as células CD4, que são usadas como um indicador da saúde do sistema imunológico do paciente .

Uma pessoa saudável sem HIV deve ter uma contagem de CD4 acima de 500 células por milímetro cúbico de sangue.

As pessoas são diagnosticadas com AIDS quando sua contagem de CD4 cai abaixo de 200, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

A forma grave de mpox resultou na morte de 15% dos pacientes com contagem de CD4 abaixo de 200, que incluiu todas as 27 mortes, disse o estudo, enfatizando que o tamanho da amostra era pequeno.

As pessoas que usam terapia antirretroviral para o HIV geralmente têm uma contagem de CD4 maior que 200, sugerindo que as pessoas com maior risco dessa forma grave de mpox provavelmente não estão recebendo tratamento.

O primeiro autor do estudo, Oriol Mitja, do Hospital Universitário Germans Trias i Pujol, da Espanha, disse em comunicado que as autoridades de saúde devem priorizar as vacinas contra a mpox para "pessoas que vivem com HIV, particularmente em países com baixos níveis de diagnóstico ou sem acesso universal gratuito ao tratamento antirretroviral ".

Os pesquisadores também pediram que esta forma grave de mpox seja adicionada à lista de "condições definidoras de AIDS" mantida por agências internacionais de saúde pública, que ajudam os médicos a identificar quais infecções podem ser mais perigosas para pessoas vivendo com HIV.

Matthew Hodson, diretor executivo da instituição de caridade NAM Aidsmap, com sede no Reino Unido, disse que o estudo mostrou que, apesar da queda nos números de mpox em grande parte do mundo, a doença continua sendo uma "ameaça significativa" para pessoas com HIV avançado.