Saúde

Sobrevivaªncia dos mais amiga¡veis: como nossas amizades próximas nos ajudam a prosperar
Nãoapreciamos totalmente nossas amizades, diz o escritor de ciência e autor do novo livro Amizade: a evolua§a£o, a biologia e o poder fundamental extraordina¡rio do va­nculo fundamental da vida
Por Elena Renken - 22/02/2020


Um crescente campo da ciência mostra que a amizade évital para a nossa saúde.
Muaz Bin Saat / EyeEm / Getty Images

Lydia Denworth quer que vocêreserve mais tempo para seus amigos.

Nãoapreciamos totalmente nossas amizades, diz o escritor de ciência e autor do novo livro Amizade: a evolução, a biologia e o poder fundamental extraordina¡rio do va­nculo fundamental da vida. Se o fizanãssemos, levara­amos o cultivo desses laa§os a­ntimos tão a sanãrio quanto malhar ou comer bem. Porque, ela escreve, um novo campo da ciência estãorevelando que as conexões sociais desempenham um papel vital em nossa saúde.

Em média, as pessoas tem apenas quatro relacionamentos muito pra³ximos, afirma Denworth, e poucas pessoas conseguem sustentar mais de seis. Mas o efeito desses poucos relacionamentos centrais se estende além de nossas vidas sociais, influenciando nossa saúde nonívelcelular - do sistema imunológico ao sistema cardiovascular.

Denworth conversou com a NPR sobre a ciência da amizade e seu valor subestimado para criana§as e adultos e atépara outras espanãcies, como ovelhas e peixes. (Embora seja frequentemente questionada sobre amizades homem-animal, Denworth mantanãm va­nculos dentro de uma espanãcie do livro.)

Esta entrevista foi editada para maior clareza e duração.

O que émais incompreendido sobre amizades?

Muito poucas pessoas entendem que seus relacionamentos sociais podem realmente mudar sua saúde. Eles podem mudar seu sistema cardiovascular, seu sistema imunológico, como vocêdorme, sua saúde cognitiva. Como essa coisa que existe inteiramente fora do corpo afeta a probabilidade de pegar um va­rus? E, no entanto, éexatamente isso que sabemos agora que a conexão social faz. Pensamos na solida£o como essa emoção difa­cil, mas apenas uma emoção. E pensamos nos amigos como uma coisa adora¡vel - mas na verdade éuma questãode vida ou morte. E háesse impulso evolutivo para se conectar. As pessoas pensam o tempo todo sobre a competição e a sobrevivaªncia dos mais aptos, mas na verdade éa sobrevivaªncia dos mais amiga¡veis.

A amizade éapenas algo que os humanos fazem ou a vemos em outras espanãcies?

"As pessoas pensam o tempo todo sobre a competição e a sobrevivaªncia dos mais aptos, mas na verdade éa sobrevivaªncia dos mais amiga¡veis".


Lydia Denworth

O que tem surpreendido os bia³logos evolucionistas éo quanto de amizade existe entre as espanãcies. Eles encontraram algo que parece amizade em golfinhos, elefantes, cavalos, zebras, hienas e todo tipo de espanãcie. Atépeixes - seus cérebros respondem a peixes familiares versus peixes estranhos de maneiras muito parecidas com o que acontece em nossos cérebros. O entendimento que diz a vocêque existe uma história muito maior do que apenas a cultura humana. E era assim que as pessoas pensavam que a amizade era: um produto da cultura e da linguagem humanas. Mas agora entendemos que éuniversal.

Os laa§os com os amigos são diferentes dos laa§os com parceiros roma¢nticos ou sexuais? Ou laa§os com a fama­lia?

Na verdade, não acho que seja tão aºnico assim. Geralmente pensamos nos amigos como pessoas com quem não fazemos sexo e com quem não estamos relacionados. Mas a verdade éque, nessa nova ciência e, de fato, na maneira como vivemos nossas vidas, essas linhas são borradas. Penso na amizade agora como um modelo para todos os seus relacionamentos, porque se vocêpensar no tipo de definição ba¡sica de amizade - faz vocêse sentir bem, épositivo, um relacionamento esta¡vel e duradouro, e tem alguma cooperação e reciprocidade para éisso que vocêdeseja buscar nos seus relacionamentos mais pra³ximos. E isso pode ser com seu ca´njuge, irmão ou parente, mas nem sempre. O que importa éa qualidade do va­nculo, não sua origem.

A linha padrãoéque as mulheres fazem amizade cara a cara e os homens fazem lado a lado, o que significa que as mulheres passam o tempo conversando e os homens fazem as coisas juntos. E háverdade nisso, mas quando vocêpergunta aos homens o quanto eles valorizam a amizade, suas respostas são as mesmas, na maior parte. As semelhanças são maiores que as diferenças entre homens e mulheres.

Um de seus capa­tulos se concentra no aspecto social do ensino manãdio. Como a pesquisa que afetou seu pensamento como pai ou ma£e?

A coisa do ensino manãdio, éum crisol. E érealmente verdade: o ensino manãdio ésobre o almoa§o. A maioria dos pais que pensa que seus filhos va£o para o ensino manãdio sabe que socialmente pode ser um período muito difa­cil, mas não necessariamente pensa em como isso acontece no decorrer de um dia. [Perceber] isso cristalizou para mim essa ideia de que a amizade realmente importa na vida das criana§as, e estamos caindo no emprego, como pais e professores, se não estivermos entendendo completamente. Coisas que eu poderia ter dito não antes, tenho mais chances de dizer sim agora, se isso significa que meus filhos va£o ficar com seus bons amigos.

As ma­dias sociais estãoajudando ou prejudicando nossas amizades?

A amizade estãoviva e bem na era das ma­dias sociais. Em termos de relacionamentos, conectividade e redes, épositivo. O lugar em que os relacionamentos são difa­ceis équando vocêestãocara a cara e, em vez de olhar para seus amigos, vocêestãoolhando para o telefone. Olhando para uma pessoa pessoalmente, seu cérebro responde de maneira diferente, mesmo que vocêolhe para a mesma pessoa na tela e, certamente, se vocêestãoonline e não estãoolhando para o rosto dela. Ha¡ toda essa conversa sobre a palavra "amigo" ser desvalorizada por coisas como o Facebook usando [o termo], mas eu realmente não acho que isso seja verdade. Sabemos quem são nossos bons amigos, estejam online com eles ou offline.

Vocaª vaª a amizade como certa no mundo ao seu redor?

Eu faa§o. A amizade étão familiar que achamos que sabemos tudo sobre ela, mas não a apreciamos totalmente. Achamos agrada¡vel e divertido, mas os amigos costumam ser a primeira coisa a se fazer quando vocêestãoocupado. Ou vocêse apaixona e deixa seus amigos. Eu me culpava de passar por um amigo na esquina da rua aqui no Brooklyn e dizer: "Vamos definitivamente ficar juntos" e depois não. Na³s somos tão motivados por realizações em muito do que fazemos. Acho sauda¡vel lembrar que o tempo com outras pessoas realmente importa.

Como escrever este livro fez vocêpensar diferente sobre suas próprias amizades?

Isso me fez prioriza¡-los mais. A mensagem não éque quero que as pessoas pensem na amizade como outra tarefa. Espero que as pessoas sintam que isso lhes estãodando permissão para fazer dos amigos uma prioridade. Para passar um tempo com seus amigos e saber que, quando o fazem, eles estãofazendo algo bom para sua própria saúde e para a saúde de seus amigos, e eu levei isso a sanãrio.

 

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