Saúde

Pandemia da poluição do ar reduz vida em 3 anos, diz estudo
Uma
Por Marlowe Hood - 03/03/2020


Mapa de calor mostrando anos de vida perdidos a cada ano devido a  poluição do ar.
Crédito: Cardiovascular Research

Uma "pandemia" de poluição do ar encurta vidas em todo o mundo em quase três anos, em média, e causa 8,8 milhões de mortes prematuras anualmente, disseram cientistas na tera§a-feira.

Eliminar o coquetel ta³xico de moléculas epartículas obstrutivas dos pulmaµes, queimadas pela queima de petra³leo, gás e carva£o, restauraria um ano inteiro de expectativa de vida, relataram na revista Cardiovascular Research .

"A poluição do ar éum risco maior a  saúde pública do que o fumo do tabaco", disse a  AFP o principal autor Jos Lelieveld, do Instituto Max Planck, em Mainz, na Alemanha.

"Muito disso pode ser evitado substituindo combusta­veis fa³sseis por energias renova¡veis ​​limpas".

Comparado a outras causas de morte prematura, a poluição do ar mata 19 vezes mais pessoas a cada ano que a mala¡ria, nove vezes mais que o HIV / AIDS e três vezes mais que o a¡lcool, segundo o estudo.

A doença carda­aca corona¡ria e o derrame são responsa¡veis ​​por quase metade dessas mortes, com doenças pulmonares e outras doenças não transmissa­veis, como diabetes e pressão alta, sendo responsa¡veis ​​pela maior parte do restante.

Apenas seis por cento da mortalidade decorrente do ar polua­do édevida ao câncer de pulma£o.

"Nossos resultados mostram que háuma 'pandemia de poluição do ar'", disse o autor saªnior Thomas Munzel, dos departamentos de química e cardiologia do Instituto Max Planck.

"Tanto a poluição do ar quanto o fumo são evita¡veis, mas nas últimas décadas muito menos atenção foi dada a  poluição do ar do que ao fumo, especialmente entre os cardiologistas".

"Mostramos que cerca de dois tera§os das mortes prematuras são atribua­veis a  poluição causada pelo homem, principalmente pelo uso de combusta­veis fa³sseis",

 Munzel

A regia£o mais atingida éa asia, onde a expectativa de vida éreduzida em 4,1 anos na China, 3,9 anos na andia e 3,8 anos no Paquistão.

Em algumas partes dessespaíses, o ar ta³xico tem um custo ainda mais acentuado, segundo outras pesquisas.

Em Uttar Pradesh, na andia - lar de 200 milhões -, a poluição por pequenaspartículas reduz a expectativa de vida em 8,5 anos, enquanto na prova­ncia de Hebei, na China (74 milhões de habitantes), o danãficit éde quase seis anos, de acordo com o Air Quality Life Index, desenvolvido por pesquisadores no Instituto de Pola­tica Energanãtica de Chicago.

As vidas africanas também são encurtadas em 3,1 anos, em média, com pessoas em algumas nações - Chade, Serra Leoa, República Centro-Africana, Niganãria e Costa do Marfim - perdendo 4,5 a 7,3 anos.

Entre ospaíses mais ricos, os antigos estados satanãlites da Unia£o Sovianãtica tem a poluição mais mortal, especialmente na Bulga¡ria, Hungria e Romaªnia.

"Mostramos que cerca de dois tera§os das mortes prematuras são atribua­veis a  poluição causada pelo homem, principalmente pelo uso de combusta­veis fa³sseis", disse Munzel.
 
"Isso chega a 80% nospaíses de alta renda", acrescentou.

"5,5 milhões de mortes em todo o mundo por ano são potencialmente evita¡veis".

Impacto "subestimado significativamente"

O excesso inevita¡vel de mortalidade decorre de tempestades de poeira naturais, como na asia central e no norte da áfrica, além de incaªndios florestais, embora ambos os fena´menos estejam sendo amplificados pelasmudanças climáticas provocadas pelo homem, segundo cientistas do clima.

As regiaµes menos impactadas do mundo são as Amanãricas, o oeste e o norte da Europa e os pequenos estados insulares.

O número de 8,8 milhões de mortes prematuras por poluição do ar ao ar livre a cada ano éuma estimativa dupla da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"O impacto da poluição do ar em doenças cardiovasculares e outras doenças não transmissa­veis foi significativamente subestimado", explicou Lelieveld, ecoando uma conclusão de outra pesquisa recente.

A poluição do ar causa danos aos vasos sangua­neos atravanãs de maior estresse oxidativo, levando a aumentos da pressão arterial, diabetes, derrame, ataques carda­acos e insuficiência carda­aca.

O número revisado para a China éde 2,8 milhões de mortes prematuras a cada ano, duas vezes e meia a estimativa da OMS.

Os pesquisadores disseram que háinda­cios na andia, China e outras economias emergentes de que as pessoas estãoficando intolerantes ao ar ta³xico que reduz a vida útil.

"A percepção de que a poluição do ar éum grande risco a  saúde pode contribuir para a disposição de eliminar gradualmente os combusta­veis fa³sseis - com o co-benefa­cio de reduzir o aquecimento clima¡tico", afirmou Lelieveld.

Para avaliar o impacto da poluição do ar na expectativa de vida, os pesquisadores aplicaram dados sobre a exposição a microparta­culas (PM2.5) e oza´nio para o ano de 2015 em modelos que simulam como os processos químicos na atmosfera interagem com poluentes naturais e artificiais, e dados da carga global de doena§as.

A poluição interna - principalmente a partir de fogaµes alimentados a biomassa ou carva£o - também éum fator importante, mas não foi considerada aqui.

 

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