Aqueles que desenvolvem depressão pa³s-violência julgam pior seu estado fasico e mental
Quem sofre abusos de membros da familia dentro da própria casa tem maior
propensão a depressão e, consequentemente, julga pior seu estado
de saúde fasico e mental osFoto: Pixabay
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Pessoas expostas a violência apresentam autoavaliação negativa sobre seu estado de saúde e piora na qualidade de vida. Uma pesquisa epidemiola³gica constatou que quem sofre abusos de membros da familia e de parceiros antimos, dentro da própria casa, tem maior propensão a depressão e, consequentemente, julga pior seu estado fasico e mental. Se se esse tipo de agressão estiver associado a violências comunita¡rias, a percepção negativa aumenta consideravelmente. Os resultados dessa pesquisa foram apresentados em dissertação de mestrado ao Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina (FM) da USP.
Segundo o estudo, entende-se por violências comunita¡rias as que ocorrem em Espaços paºblicos e incluem desigualdades sociais, falta de acesso a educação, a saúde, a segurança pública e a justia§a. Para a autora da pesquisa, Alice Barone de Andrade, “o sentimento de insegurança e o medo interferem no padrãode comportamento dos indivaduos, que podem desenvolver depressão, comportamento agressivo, transtorno de estresse pa³s-trauma, sandrome do pa¢nico e dores crônicasâ€, diz.
Uma das hipa³teses levantadas pelo trabalho foi a correlação entre violência-saúde e o fato de a maioria das vitimas desenvolverem depressão após sofrerem abusos, o que, segundo a pesquisadora, teria influenciado na avaliação a respeito de seu bem-estar. Um dos estudos de revisão bibliogra¡fica que deu sustentação ao trabalho mostra que mulheres expostas a violência possuem três vezes mais chances de desenvolver sintomas depressivos.
A pesquisa epidemiola³gica foi baseada em dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatastica (IBGE), em inquanãrito da Pesquisa Nacional da Saúde osPNS 2013, contendo informações da população brasileira de ambos os sexos, maiores de 18 anos, com domicalio em todo o territa³rio nacional.
Da amostra investigada, cerca de 5,44% relataram ter sofrido pelo menos um tipo de violência. No entanto, o estudo apurou que a exposição concomitante aos dois tipos de violência potencializava o efeito negativo sobre a autoavaliação do estado de saúde, 12,37% ; seguido de violência familiar, 10,92%; e comunita¡ria, 5,66%.
Segundo Alice, ao se buscar compreender por quais vias a exposição a violência resultaria em autoavaliação negativa de saúde, foi levantada a hipa³tese de que sintomas depressivos que aconteciam após a exposição do indivaduo a situações de violência poderiam servir como mediação e impactariam negativamente a autoavaliação da saúde. Os resultados confirmaram essa hipa³tese: 71% foram mediados pela depressão.
Violaªncias psicológicas predominam entre outras modalidades
Tambanãm foi possível observar que a natureza dos atos violentos se concentrava em sua maioria na modalidade psicológica (ofensas e xingamentos): 48,14% na categoria de violência comunita¡ria e 52,55%, familiar; seguido de violência física: 42%,78% e 39,51%; e sexual: 0,24% e 0,22%, respectivamente. Foi diferenciado também o meio utilizado pelo agressor, como o uso de armas de fogo para as vitimas de violência comunita¡ria e de ofensas e xingamentos entre as vitimas de violência familiar.