Saúde

Estudo mostra grandes lacunas no acesso aos cuidados de saúde bucal para os californianos mais pobres
Residentes de baixa renda, mesmo aqueles com seguro, consultam dentistas com menos frequência
Por Elaiza Torralba - 28/07/2020


Shutterstock / Nutthaseth Archer
"a‰ importante quebrar os silos que perpetuam as disparidades no acesso ao atendimento odontola³gico", disse Nadereh Pourat, principal autor do estudo. "Podemos comea§ar promovendo a paridade no seguro odontola³gico."

Um novo resumo de políticas do Centro de Pesquisa em Pola­ticas de Saúde  da  UCLA mostra que os adultos da Califórnia de baixa renda são menos propensos a receber atendimento odontola³gico oportuno, como exames regulares, e são mais propensos a visitar o dentista para problemas específicos do que aqueles com renda mais alta - um fato que vale mesmo para residentes de baixa renda que possuem seguro odontola³gico.

Os autores do estudo descobriram que, entre os adultos com renda mais baixa, 59% haviam consultado um dentista no último ano, em comparação com 80% para residentes de alta renda. A disparidade persistiu mesmo para aqueles com seguro odontola³gico privado, com 75% dos adultos de baixa renda e 85% dos residentes de alta renda que tiveram uma consulta odontola³gica no ano passado.

As descobertas são baseadas em uma análise dos dados de 2017 e 2018 da California Health Interview Survey do centro, que analisou como as disparidades na renda e no status do seguro podem afetar o acesso dos adultos californianos aos cuidados de saúde bucal. Aqueles com renda igual ou inferior a 138% donívelfederal de pobreza foram considerados na categoria de baixa renda, enquanto os residentes de alta renda tinham renda igual ou superior a 250% da FPL.

Os pesquisadores descobriram que entre os adultos de baixa renda, 64% tinham seguro odontola³gico paºblico atravanãs da Medi-Cal, 16% possua­am seguro privado e 20% não possua­am seguro. Embora o seguro odontola³gico tenha atenuado algumas disparidades para os de menor renda, o tipo de seguro também parecia ter um papel importante no acesso, dizem os autores. Aqueles com Medi-Cal, por exemplo, eram menos propensos do que aqueles com seguro privado a visitar um dentista nos últimos seis meses (41% vs. 56%) e eram mais propensos a ver um dentista por um problema especa­fico (43 % vs. 31%).

Os autores enfatizam que o atendimento odontola³gico e o seguro odontola³gico não são acessa­veis a todos os californianos. A Lei de Assistaªncia Acessa­vel não considera o atendimento odontola³gico um benefa­cio essencial, muitos empregadores não incluem benefa­cios denta¡rios em seus planos de seguro de saúde baseados no emprego e as apa³lices odontola³gicas particulares são caras. Além disso, muitos dentistas não participam do Medi-Cal devido a na­veis mais baixos de reembolso do fornecedor.

"Nossas descobertas indicam que o seguro odontola³gico melhora o acesso aos cuidados odontola³gicos para todos, assim como a maréalta eleva todos os barcos, mas as disparidades de renda ainda permanecem", disse  Nadereh Pourat , principal autor do estudo e diretor associado do centro. “A saúde bucal éparte integrante da saúde geral, e os indivíduos de baixa renda tem menos acesso e sofrem as consequaªncias. a‰ importante quebrar os silos que perpetuam as disparidades no acesso aos cuidados denta¡rios. Podemos comea§ar promovendo a paridade no seguro odontola³gico. ”

Entre suas recomendações, os autores sugerem que sejam estabelecidas políticas para incluir o atendimento odontola³gico como um benefa­cio essencial a  saúde e promover a disponibilidade de opções acessa­veis de seguro odontola³gico.

Outras descobertas importantes do resumo de políticas incluem:

41% dos adultos no grupo de baixa renda visitaram o dentista para problemas específicos, e 23% no grupo de alta renda.

69% dos adultos de renda mais alta tem seguro de saúde privado, enquanto apenas 16% dos adultos de renda mais baixa tem.

28% dos adultos de baixa renda sem seguro consultaram um dentista nos últimos seis meses, em comparação com 57% dos residentes de alta renda sem seguro.

"O estudo estãoalinhado com outros que mostram que indivíduos com baixa renda tem menos exames e menos acesso a cuidados oportunos do que pessoas em grupos de alta renda", disse  Maria Ditter , coautora do estudo e analista de pesquisa do centro. “a‰ evidente que precisamos de políticas que melhorem a disponibilidade de seguro odontola³gico. Precisamos garantir acesso justo e equitativo aos servia§os, independentemente da renda. ”

Os autores observam, no entanto, que os efeitos econa´micos da pandemia de coronava­rus podem tornar a promulgação dessas políticas e o desafio da paridade.

"Essas disparidades podem aumentar com a pandemia do COVID-19 por causa das crescentes taxas de desemprego e perda de seguro odontola³gico baseado no emprego", acrescentou Pourat. "A perda de receita tributa¡ria também tera¡ um impacto negativo na cobertura, principalmente para os adultos de baixa renda que são beneficia¡rios da Medi-Cal, porque os benefa­cios odontola³gicos da Medi-Cal são opcionais."

 

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