Alteraçaµes na expressão gaªnica relacionadas ao controle da inflamaa§a£o e da oxidaa§a£o foram detectadas seis meses após a cirurgia e podem explicar benefacios observados em obesos ma³rbidos após procedimento
Cirurgia baria¡trica devolve padrãomais sauda¡vel a expressão genanãtica no tecido gorduroso de pacientes. Achados são interpretados por pesquisadores como um “retorno do tecido adiposo a um estado metaba³lico mais pra³ximo do sauda¡vel†osFoto: Pixabay
Pode ser apenas pela saºbita e dra¡stica restrição alimentar, mas o fato éque, ao se submeterem a cirurgia de redução de esta´mago, indivíduos com obesidade ma³rbida sofrem transformações genanãticas que ajudam a lhes devolver a saúde. A conclusão ébaseada nos achados de um estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP publicados na edição de junho da revista Diabetes, da American Diabetes Association (ADA).
Integrante da equipe da FMRP, o cientista biomédico Rafael Ferraz-Bannitz relata que o grupo observou “modificações genanãticas que ocorrem nos primeiros seis meses após a cirurgia baria¡trica†que podem explicar os efeitos benéficos do procedimento, como perda de gordura corporal, melhora metaba³lica e controle lipadico e glicaªmico.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores trataram e acompanharam um grupo de 13 mulheres com obesidade, mas não diabanãticas, do pré-operata³rio atéo sexto maªs após a cirurgia baria¡trica. Utilizaram a técnica do bypass gástrico, também conhecida por bypass em Y de Roux ou cirurgia de Capella. O procedimento éum dos mais realizados no mundo e, segundo o pesquisador, éuma das opções de tratamento “mais eficazes e dura¡veis para reduzir a adiposidade e controlar as anormalidades da sandrome metaba³lica em pacientes com obesidade graveâ€.
Os pesquisadores queriam observar o impacto da cirurgia no tecido adiposo (gordura) já que diversos estudos mostram os efeitos benéficos que o procedimento promove nos parametros metaba³licos (perda de peso, naveis de glicose, lipadios, de massa corporal e IMC). Por isso, realizaram análises genanãticas em amostras desse tecido, retiradas no momento da cirurgia e após três e seis meses do procedimento ciraºrgico.
Como resultado, verificaram que as transformações físicas e metaba³licas vieram acompanhadas por modificações genanãticas. Observaram que a perda de peso, ocorrida nos seis meses após a cirurgia baria¡trica, estãoassociada com a diminuição da inflamação no tecido adiposo. E essa melhora estãoligada a diminuição do andice de Massa Corporal (IMC) e a expressão de genes responsa¡veis pelo equilabrio do controle energanãtico celular. Segundo Ferraz-Bannitz, esses achados sugerem que, “durante o período agudo pa³s-cirurgia, três a seis meses, ocorre um processo dina¢mico de alteração da expressão desses genes no tecido adiposoâ€.
Retorno a um padrãogenanãtico sauda¡vel
O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da cirurgia baria¡trica emnívelgenanãtico no tecido adiposo na fase aguda após a cirurgia. E os pesquisadores observaram que alguns genes do tecido adiposo apresentam uma resposta adaptativa diferente em cada fase pa³s-cirurgia. “Encontramos um dinamismo da expressão gaªnica após três e seis meses da cirurgia baria¡tricaâ€, conta Ferraz-Bannitz.
Esses genes, relata o pesquisador, são capazes de controlar “o processo inflamata³rio, a produção de proteanas e a resposta a oxidação no tecido adiposoâ€, ao explicar que eles assumem expressaµes, após a cirurgia, similares ao “padrãogaªnico de indivíduos sauda¡veisâ€. Esses dados são interpretados pelo pesquisador como um “retorno do tecido adiposo a um estado metaba³lico mais pra³ximo do sauda¡velâ€.
A importa¢ncia dessas descobertas genanãticas éexplicada tanto pelas doenças relacionadas com a obesidade oscomo diabetes e doenças cardiovasculares osquanto pela quantidade de cirurgias baria¡tricas feitas no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Baria¡trica e Metaba³lica, somente no ano de 2018, foram realizadas quase 64 mil dessas cirurgias no Paas.
O estudo, conduzido na FMRP e no Hospital das Clanicas de Ribeira£o Preto (HCRP), faz parte dos trabalhos clínicos orientados pela professora Maria Cristina Foss-Freitas. Além de Ferraz-Bannitz e de Maria Cristina, integram a equipe os pesquisadores Caroline Welendorf, Priscila Oliveira Coelho, Wilson Salgado Jr., Carla Barbosa Nonino e Rebeca A. Beraldo.