Saúde

Dieta com prebia³ticos pode modular microbiota do leite materno
Segundo estudo do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC) com a Universidade de Copenhagen, a modulaa§a£o poderia ser usada para conferir benefa­cios a  saúde do bebaª
Por Angela Trabbold - 06/08/2020


Prebia³ticos são componentes alimentares não digeridos pelo organismo, mas que podem ser consumidos por grupos de bactanãrias benanãficas presentes no intestino osFoto: Pixabay

Durante a amamentação, a microbiota do leite materno osconjunto de micro-organismos naturalmente presentes no leite osétransferida para o bebaª, ajudando na formação da sua microbiota intestinal e no desenvolvimento de seu sistema imunológico. Uma pesquisa desenvolvida pelo Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center osFoRC), em parceria com a Universidade de Copenhagen (Dinamarca), mostrou que épossí­vel modular a microbiota do leite materno atravanãs da dieta com prebia³ticos oso que poderia beneficiar a saúde do bebaª.

Os prebia³ticos são componentes alimentares não digeridos pelo organismo, mas podem ser consumidos por grupos de bactanãrias benanãficas presentes no intestino, tais como Lactobacillus e Bifidobacterium, estimulando a sua atividade e proliferação. Segundo a pesquisadora Marina Padilha, primeira autora do estudo, dois grupos de mulheres lactantes foram acompanhados durante 20 dias os28 mulheres receberam fruto-oligossacara­deos (FOS), um prebia³tico, com um complemento de maltodextrina, e 25 receberam apenas a maltodextrina. O leite materno foi coletado antes e depois da intervenção.

Ao analisar estatisticamente a microbiota do leite materno, a pesquisadora identificou uma maior mudança na comunidade de bactanãrias do leite materno no grupo de mulheres que receberam o FOS, quando comparado ao grupo controle. “Se podemos modular a microbiota do leite atravanãs da dieta da ma£e, acreditamos que futuramente serápossí­vel fazer com que o bebaª receba determinados grupos de micro-organismos que poderiam proporcionar algum benefa­cio a  saúde”, explica Padilha.

Atéo momento, asmudanças encontradas na microbiota do leite foram individuais e não houve um padrãonestasmudanças. O grupo analisou diversos fatores que poderiam estar influenciando a resposta ao FOS, como o andice de Massa Corporal (IMC) e o uso de antibia³ticos durante a gestação. No entanto, o aºnico fator relacionado foi a idade materna: asmudanças foram maiores em mulheres mais jovens.

De acordo com a pesquisadora, uma possí­vel explicação para isso seriam diferenças na composição da microbiota intestinal das participantes. Fatores como a idade ou mesmo os hábitos alimentares decorrentes da idade poderiam influenciar a composição de micro-organismos no intestino. Estudos prévios mostram que diferenças na microbiota intestinal podem ser responsa¡veis por diferentes respostas a uma intervenção dietanãtica, como o FOS.

A orientadora do estudo, Susana Saad, professora da Faculdade de Ciências Farmacaªuticas (FCF) da USP e pesquisadora do FoRC, explica que a microbiota do intestino se torna mais esta¡vel conforme o indiva­duo envelhece. Assim, outra hipa³tese éque a microbiota de uma pessoa mais jovem pode ser mais susceta­vel aos efeitos dos prebia³ticos.

Pra³ximos passos

A pesquisadora Marina Padilha pretende investigar a microbiota intestinal das mulheres lactantes, para identificar se de fato essa microbiota responde de forma diferente ao FOS de acordo com a idade da mulher. Ela também propaµe verificar se, de fato, a suplementação materna com o FOS exerceria influaªncia sobre a microbiota do bebaª.

“Seria importante, ainda, analisar outro tipo de componente do leite materno, os chamados oligossacara­deos do leite humano (HMOs) que, ao serem consumidos, estimulam a multiplicação de bactanãrias benanãficas. a‰ possí­vel que o consumo de FOS pela ma£e também influencie a composição de HMOs no leite.”

Internacionalização

O estudo faz parte do doutorado de Padilha, que recebeu uma Bolsa Esta¡gio de Pesquisa no Exterior (Bepe) da Fundação de Amparo a  Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp) para conduzir a pesquisa na Universidade de Copenhagen durante seis meses. La¡, a cientista realizou o trabalho de biologia molecular: isolou o DNA das bactanãrias do leite materno e analisou os grupos de micro-organismos do leite.

A professora Susana Saad, orientadora da pesquisa, já tinha uma parceria com pesquisadores da Dinamarca, coordenando um projeto tema¡tico Fapesp de interca¢mbio internacional. Saad também coordenou um projeto da Coordenação de Aperfeia§oamento de Pessoal de Na­vel Superior (Capes) de interca¢mbio internacional com a Wageningen University (Holanda), entre 2007 e 2011.

 

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