Saúde

Assinatura baseada em açúcar identifica células T onde o HIV se esconde apesar da terapia anti-retroviral
Essas descobertas foram publicadas na Cell Reports e podem ter implicaçaµes translacionais para melhorar o cuidado de longo prazo de pessoas HIV positivas.
Por Instituto Wistar - 08/08/2020


Dr. Mohamed Abdel-Mohsen. Crédito: The Wistar Institute

Os cientistas do Instituto Wistar podem ter descoberto uma nova maneira de identificar e direcionar reservata³rios virais ocultos do HIV durante o tratamento com terapia anti-retroviral (ART). Essas descobertas foram publicadas hoje na Cell Reports e podem ter implicações translacionais para melhorar o cuidado de longo prazo de pessoas HIV positivas.

A ART aumentou drasticamente a saúde e a expectativa de vida de indivíduos infectados pelo HIV, suprimindo a replicação do va­rus nas células imunes do hospedeiro e interrompendo a progressão da doença ; no entanto, quantidades baixas, embora persistentes, de va­rus permanecem no sangue e nos tecidos, apesar da terapia. A persistaªncia do va­rus limita a recuperação imunola³gica e estãoassociada a na­veis cra´nicos de inflamação, de forma que indivíduos infectados pelo HIV tratados tem maior risco de desenvolver uma sanãrie de doena§as.

Esta infecção persistente deriva da capacidade do VIH para ocultar numa população rara de células T CD4 T células . Encontrar novos marcadores para identificar o reservata³rio do va­rus éde suma importa¢ncia para alcana§ar a erradicação do HIV.

"Com os avanços recentes que estamos fazendo nas áreas de glicobiologia e glicoimunologia, tornou-se claro que as moléculas de açúcar presentes nasuperfÍcie das células imunola³gicas desempenham um papel crítico na regulação de suas funções e destino", disse o autor correspondente, Mohamed Abdel-Mohsen , Ph.D., professor assistente do The Wistar Institute Vaccine & Immunotherapy Center. "No entanto, a releva¢ncia da glicosilação dasuperfÍcie da canãlula hospedeira na persistaªncia do HIV permaneceu amplamente inexplorada, tornando-se uma 'matéria escura' em nossa compreensão da lataªncia do HIV. Pela primeira vez, descrevemos uma assinatura glica´mica dasuperfÍcie da canãlula que pode impactar a persistaªncia do HIV . "

As células infectadas de forma persistente podem ser divididas em dois grupos: células em que o va­rus écompletamente silencioso e não produz nenhum RNA (isto anã, reservata³rio silencioso de HIV); e células onde o va­rus produz baixos na­veis de RNA (isto anã, reservata³rio de HIV ativo). Visar e eliminar os dois tipos de reservata³rios éo foco da busca pela cura do HIV. O principal desafio dessa busca éque não temos um entendimento claro de como esses dois tipos de células infectadas são diferentes entre si e das células não infectadas pelo HIV. Portanto, a identificação de marcadores que podem distinguir essas células umas das outras écra­tica.

Para seus estudos, Abdel-Mohsen e seus colegas usaram um modelo de canãlula prima¡ria de lataªncia de HIV para caracterizar os gla³bulos desuperfÍcie celular de células infectadas com HIV. Eles confirmaram seus resultados em células CD4 isoladas diretamente de indivíduos infectados pelo HIV em TARV.

Eles identificaram um processo denominado fucosilação como uma caracterí­stica das células T infectadas persistentemente nas quais o genoma viral estãosendo ativamente transcrito. A fucosilação éa ligação de uma molanãcula de açúcar chamada fucose a s protea­nas presentes nasuperfÍcie da canãlula e écra­tica para a ativação das células T.

Os pesquisadores também descobriram que a expressão de um anta­geno fucosilado especa­fico chamado Sialyl-LewisX (SLeX) identifica a transcrição persistente do HIV in vivo e que as células T CD4 prima¡rias com altos na­veis de SLeX tem na­veis mais elevados de vias de células T e protea­nas conhecidas por impulsionar a transcrição do HIV durante o ART. Esses padraµes de glicosilação não foram encontrados em células infectadas com HIV nas quais o va­rus étranscricionalmente inativo, fornecendo uma caracterí­stica distintiva entre esses dois compartimentos celulares. Curiosamente, os pesquisadores também descobriram que o pra³prio HIV promove essas alterações glica´micas dasuperfÍcie celular.

a‰ importante ressaltar que ter um altonívelde SLeX éuma caracterí­stica de algumas células cancerosas que permite a meta¡stase (propagação para outros locais do corpo). Na verdade, os pesquisadores descobriram que as células infectadas pelo HIV com altos na­veis de SLeX são enriquecidas com vias moleculares envolvidas no tra¡fego entre o sangue e os tecidos. Esses na­veis diferenciais de tra¡fico podem desempenhar um papel importante na persistaªncia do HIV nos tecidos, que são os principais locais onde o HIV se esconde durante a TARV.

Com base nessas descobertas, o papel da fucosilação na persistaªncia do HIV justifica mais estudos para identificar como ela contribui para a persistaªncia do HIV e como pode ser usada para direcionar os reservata³rios do HIV no sangue e nos tecidos.

 

.
.

Leia mais a seguir