Presena§a comprovada do coronavarus no ar reforça necessidade da boa ventilação de ambientes
Testes realizados no Hospital das Clanicas identificaram o varus em microgotaculas expelidas pelas pessoas e que podem ficar durante horas suspensas no ar
Pesquisa realizada no Hospital das Clanicas da Faculdade de Medicina da USP identificou o coronavarus em microgotaculas que as pessoas expelem quando conversam ou expiram, e que podem ficar em suspensão no ar durante horas, havendo possibilidade de transmissão da doença osFotomontagem: Freepik/Wikipedia
Uma pesquisa realizada no Hospital das Clanicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) comprova a presença do coronavarus em suspensão no ar. O varus foi identificado em microgotaculas que as pessoas expelem quando conversam ou expiram e podem ficar suspensas no ar durante horas, havendo possibilidade de transmissão da doena§a. Os resultados do estudo reforçam a necessidade de manter uma ventilação adequada em ambientes fechados para diminuir o risco de contaminação pelo varus. A pesquisa utilizou a tecnologia de monitoramento da qualidade do ar SPIRI, desenvolvida pela Omni-electronica, startup residente na incubadora do Centro de Inovação, Ciência e Tecnologia (Cietec), instituição ligada a USP e ao Instituto de Pesquisas Energanãticas e Nucleares (Ipen).
De acordo com o engenheiro Arthur Aikawa, CEO da Omni-electronica, o projeto teve inicio em abril, com apoio do programa VedacitLabs. “A pesquisa buscou evidenciar a presença do varus suspenso no ar, relacionando-a com indicadores de qualidade do ar interior (QAI) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), que, alinhada com órgãos internacionais, reforça a importa¢ncia de manter ventilação adequada em ambientes fechados como forma de mitigar o risco de contaminaçãoâ€, afirma. “A tecnologia SPIRI tem a capacidade de monitorar em tempo real a QAI e permitir a gestãoda qualidade do ar desses locais.â€
As análises foram realizadas no HC durante dois meses. “Os estudos começam em junho, depois de um período de aprovação interna do HC, viabilização dos equipamentos para amostragem do ar e alinhamento com laboratórios para verificação das amostrasâ€, conta Aikawa. “O monitoramento com sensores tem a capacidade de indicar o risco de contaminação por meio de bioaerossãois, em tempo real, para todos os ocupantes de ambientes internos. Já o procedimento de detecção da presença do varus envolve coleta de amostra e análise laboratorial para atestar a contaminação ou não de um ambiente.â€
Varus no ar
Ao todo já foram realizadas mais de 20 amostras coletadas ao longo de, ao menos, 150 horas de estudo de campo. “A equipe de pesquisadores capturou o varus SARS-CoV-2 suspenso no ar em ambiente hospitalar. Além disso, com o auxalio da Tecnologia SPIRI, pa´de demonstrar que mesmo em hospitais a renovação adequada do ar tem capacidade para mitigar o risco de contaminaçãoâ€, explica o engenheiro. “Ou seja, garantir a ventilação adequada pode ser a maior arma na luta contra o coronavarus.â€
Estas amostras estãoassociadas a dados em tempo real da QAI, como concentração de dia³xido de carbono (CO2), um indicador da eficácia da ventilação em ambientes internos.
Dessa forma, fica validada a hipa³tese de que o varus étransmissavel não somente por grandes gotaculas durante tosse ou espirro, mas também por microgotaculas que as pessoas expelem quando conversam ou expiramâ€, destaca Aikawa. “Estaspartículas, chamadas de bioaerossãois, são tão leves que podem ficar suspensas no ar durante horas se o ambiente não tiver ventilação suficiente.â€
As amostras colhidas e analisadas em laboratório podem identificar a presença ou não do SARS-CoV-2 com emissão de laudo tanãcnico, por meio de dispositivos de sensoriamento em tempo real instalados nos ambientes internos. “Os indicadores de risco de contaminação, entre outras informações, são visualizados na plataforma AMI-Hub e auxiliam o responsável pelo edifacio na manutenção da QAIâ€, afirma o engenheiro. “Os dados também podem ser informados aos ocupantes, como forma de tranquiliza¡-los a respeito de sua permanaªncia no local. Alarmes e relatórios de conformidade podem ser configurados.â€
Um artigo cientafico sobre a pesquisa estãoem processo de publicação e devera¡ ser concluado ainda neste maªs de agosto. O estudo foi realizado pelos pesquisadores Arthur Aikawa, Matheus Manini, John Esquiagola, Paulo Henrique Peitl Grega³rio, Alessandro Mariani e Renato Astorino Filho. Para realizar o trabalho, a Omni-Electronica teve o apoio do Instituto Central do Hospital das Clanicas (ICHC) da FMUSP, da incubadora de empresas do Cietec, da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp), por meio do Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), e do VedacitLabs.