A descoberta vai ajudar, no futuro, no desenvolvimento de novos fa¡rmacos contra o pata³geno que tem algumas cepas resistentes a antibia³ticos
Pesquisadores identificaram moléculas capazes de se ligar a uma das principais enzimas da bactanãria Mycobacterium tuberculosis, a diidrofolato redutase (DHFR) osFotomontagem sobre imagnes Wikimedia Commons e AUN- USP
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A tuberculose éa doença infecciosa que mais mata jovens e adultos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Sa£o aproximadamente 10 milhões de casos e 1,5 milha£o de mortes por ano. Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP identificaram moléculas capazes de se ligar a uma das principais enzimas da bactanãria Mycobacterium tuberculosis, a diidrofolato redutase (DHFR). Publicado na revista ACS Infectious Diseases, da Sociedade Americana de Química, e financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp), o estudo representa um importante avanço na busca por novos tratamentos para a doena§a.
Coordenado pelo pesquisador Marcio Vinicius Bertacine Dias, o grupo foi um dos primeiros no Brasil a usar a técnica de descoberta de fa¡rmacos baseada em fragmentos, que consiste em testar moléculas simples e pequenas contra alvos biola³gicos específicos em algum pata³geno. O alvo escolhido foi a enzima DHFR, por ser essencial para a sobrevivaªncia da bactanãria. “Essa enzima também émuito estudada na descoberta de fa¡rmacos para ca¢ncer, doenças autoimunes e doenças infecciosas causadas por bactanãrias e protozoa¡riosâ€, explica.
Ha¡ mais de dez anos trabalhando com a DHFR em tuberculose, os cientistas já observaram que a bactanãria possui algumas caracteristicas que a tornam mais resistente a antibia³ticos utilizados para outras infecções bacterianas. “Mesmo o Bactrim, que também tem a DHFR como alvo, não éefetivo contra a tuberculoseâ€, diz o pesquisador. Dessa forma, os cientistas escolheram testar moléculas diferentes dos inibidores de DHFR já conhecidos, explorando outros grupos quamicos. De 1.200 molanãculas, foram selecionadas dez com melhor capacidade de se ligar a enzima.
Essas pequenas moléculas são excelentes pontos de partida para a descoberta de novos fa¡rmacos, uma vez que podem ser facilmente modificadas, considerando propriedades importantes presentes em medicamentos. Um desses “pontos de partida†foi modificado pela equipe e levou a descoberta de algumas moléculas promissoras, que já mostraram alta afinidade com a DHFR da M. tuberculosis. No entanto, ainda não foi confirmado se as moléculas identificadas são capazes de matar a bactanãria ospara isso, elas precisariam atravessar a sua complexa parede celular e chegar ao alvo, que éum dos grandes desafios no tratamento da tuberculose. Hoje, o grupo estãotrabalhando para aumentar a eficiência dessas moléculas em inibir a DHFR e torna¡-las ainda mais potentes e para que consigam
Impacto e inovação
O atual tratamento para tuberculose envolve a administração de pelo menos quatro fa¡rmacos diferentes durante seis meses, acompanhados de uma sanãrie de efeitos colaterais, como danos no fagado. “Com os efeitos adversos e a longa duração, muitas pessoas desistem do tratamento assim que comea§am a melhorar. Logo, temos uma grande quantidade de cepas que são resistentes aos medicamentosâ€, afirma Marcio Dias. “Nosso trabalho abre perspectivas para desenvolver compostos com novos mecanismos de ação contra a tuberculose.â€
O pesquisador também chama atenção para as vantagens da técnica de descoberta de fa¡rmacos baseada em fragmentos, comum no Reino Unido e Estados Unidos, mas ainda pouco explorada no Brasil. “Sa£o moléculas mais baratas, que permitem desenvolver um composto também com prea§o reduzido osalgo muito relevante quando se produz um medicamento.†Durante seu pa³s-doutorado na Universidade de Cambridge (Reino Unido), Dias trabalhou com os pesquisadores Sir Tom Blundell e Chris Abell, pioneiros na aplicação