Saúde

Pesquisadores da Unicamp sugerem que asma não éum fator de risco importante para Covid-19
Equipe analisou dados de artigos cienta­ficos publicados durante os primeiros seis meses da pandemia
Por Edimilson Montalti - 31/01/2021


Imagem - Renan Garcia

Um grupo de pesquisadores da Faculdade de Ciências Manãdicas (FCM) e da Faculdade de Enfermagem (Fenf) da Unicamp avaliou a relação entre o diagnóstico prévio de asma e o desenvolvimento de Covid-19 nos pacientes infectados. Para isso, a equipe analisou dados de artigos cienta­ficos publicados durante os primeiros seis meses da pandemia. "A revisão sistema¡tica identificou 1.069 artigos que descreveram os quadros clínicos e antecedentes médicos de 161.271 pacientes com Covid-19. O estudo revelou que somente 1,6% dos pacientes tinham diagnóstico prévio de asma", explica o médico e pesquisador La­cio Augusto Velloso.

Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Global Asthma Report, apontam que 4,4% da população mundial tem diagnóstico de asma. Assim, de acordo com os pesquisadores da Unicamp, os dados epidemiola³gicos disponí­veis atéo momento indicam que, o fato de um paciente ter diagnóstico de asma, não se constitui num fator de risco para o desenvolvimento da Covid-19.

Asma éuma doença inflamata³ria crônica que acomete os bra´nquios e resulta em crises de tosse e falta de ar. A forma mais comum de asma éo efeito de uma resposta alanãrgica contra componentes dos a¡caros, fungos, pa³lens e animais domanãsticos. Se não for adequadamente tratada, a asma pode levar a uma perda progressiva da função respirata³ria e, eventualmente, a  morte precoce.

Por causa do componente inflamata³rio e da sua natureza crônica, a asma pode aumentar a chance do desenvolvimento de formas mais graves de pneumonias causadas por va­rus e bactanãrias. Assim, acreditava-se que pacientes com asma seriam mais vulnera¡veis a  infecção pelo SARS-CoV-2, o va­rus causador da Covid-19. Mas, considerando que foram analisados todos os artigos cienta­ficos relacionados a  Covid-19 publicados no princa­pio da pandemia - primeiros seis meses - os autores acreditam que a asma não se constitui condição importante de risco.

O grupo da Unicamp não descarta, entretanto, que alguns fatores podem ter provocado uma distorção dos dados epidemiola³gicos. Caso os pesquisadores não estejam sendo criteriosos e detalhistas na descrição dos quadros clínicos e antecedentes médicos dos pacientes com Covid-19, pode resultar em uma subnotificação do diagnóstico pregresso de asma. Uma outra possibilidade seria que mais de 20% dos pacientes descritos nos 1.069 artigos eram origina¡rios da China,país com uma das menores prevalaªncias de asma no mundo.


A equipe envolvida no estudo também integra o Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (Cepid-OCRC), um dos centros de pesquisa, inovação e difusão, mantidos pela Fapesp.  

O artigo Asthma and COVID-19: a systematic review foi publicado na Biomedcentral (BMC), que faz parte da Springer Nature. 

 

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