Saúde

Jovens adultos mais atingidos pela solida£o durante a pandemia
Rede social robusta éa chave para aliviar a dor, evitando uma espiral descendente, diz estudo
Por Colleen Walsh - 25/02/2021


Ilustração de Annalisa Grassano

Enquanto os psica³logos temem que a pandemia do coronava­rus esteja desencadeando uma epidemia de solida£o, uma nova pesquisa de Harvard sugere que os sentimentos de isolamento social estãoaumentando e que os mais atingidos são os adolescentes mais velhos e os jovens adultos.

Nos resultados recentemente divulgados de um estudo conduzido em outubro passado por pesquisadores do Making Caring Common , 36 por cento dos entrevistados em uma pesquisa nacional com aproximadamente 950 americanos relataram se sentir solita¡rios "frequentemente" ou "quase todo o tempo ou o tempo todo" no período anterior quatro semanas, em comparação com 25 por cento que se lembra de ter experimentado problemas sanãrios nos dois meses anteriores a  pandemia. Talvez o mais impressionante seja que 61% das pessoas com idade entre 18 e 25 anos relataram na­veis elevados.

“Fiquei surpreso com o grau de solida£o entre os jovens”, disse Richard Weissbourd, psica³logo e professor saªnior da Harvard Graduate School of Education (HGSE) que ajudou a conduzir a pesquisa. “Se vocêolhar para outros estudos sobre idosos, seus a­ndices de solida£o são altos, mas eles não parecem ser tão altos quanto são para os jovens.”

A estata­stica inquietante éainda mais preocupante quando combinada com os dados de junho dos Centros de Controle e Prevenção de Doena§as, mostrando que 63% dos jovens relataram sintomas substanciais de ansiedade e depressão. “a‰ um grupo com o qual estamos realmente preocupados”, disse Weissbourd, que suspeita que vários fatores estejam em ação.

Adolescentes mais velhos e jovens adultos podem ser particularmente suscetíveis porque muitas vezes estãoem transição de suas "fama­lias herdadas para as fama­lias escolhidas", disse Weissbourd, o que significa que não tem conexões importantes com aqueles que podem "ser proteções essenciais contra a solida£o". Os alunos na faculdade podem estar lutando para se encaixar e sentir saudades de casa, enquanto os que não estãona escola podem se sentir desconectados de grupos sociais ou comunidades importantes. Os jovens também costumam tomar decisaµes cra­ticas sobre suas vidas e relacionamentos profissionais e pessoais, o que pode aumentar o estresse e a sensação de isolamento, disse ele.

“Se todas as pessoas que estãoem boa forma puderem se comprometer a estender a ma£o para uma pessoa de sua preocupação, talvez se sinta solita¡ria uma vez por semana, isso seria uma coisa boa.”

- Richard Weissbourd, psica³logo, professor saªnior da Escola de Graduação em Educação

O novo relatório também aponta para o modo como esses sentimentos podem levar a uma espiral descendente. Muitos jovens que relataram grande solida£o também disseram que se sentiam como se ninguanãm “se importasse genuinamente” com eles. A pesquisa também sugere que pessoas solita¡rias muitas vezes sentem que estãoestendendo a ma£o ou ouvindo outras pessoas mais do que outras pessoas estãoestendendo a ma£o ou ouvindo. “Essas coisas podem se tornar contraproducentes”, disse Weissbourd. “Quando vocêsente que estãose esforçando enquanto outras pessoas não estãose esforçando, ou sente que vai ser rejeitado novamente, vocêse retrai, o que aumenta sua solida£o e sua ansiedade em relação a s situações sociais”.

Weissbourd e sua equipe argumentam que eliminar a solida£o requer uma infraestrutura social robusta. As escolas podem ser pontos importantes de intervenção, eles sugerem, onde os professores podem ser treinados para conectar os pais uns aos outros e garantir que cada aluno esteja conectado a um adulto escolar. Os médicos também devem perguntar sobre a solida£o durante os exames médicos anuais, ajudando a conectar os pacientes que estãolutando com suporte social; escolas de segundo grau, faculdades e centros para idosos devem se concentrar em conectar os jovens aos idosos; e os empregadores devem verificar com os funciona¡rios se eles estãosozinhos e fornecer-lhes recursos que apoiem ​​a conexa£o. Para reduzir ainda mais o estigma associado a  solida£o, os autores também recomendam a criação de campanhas nacionais, estaduais e locais que enfatizem a importa¢ncia de manter os laa§os sociais,

“Precisamos de educação pública que remova o estigma da solida£o e realmente tente aliviar a vergonha”, disse Weissbourd, “porque a vergonha também pode ser contraproducente e fazer com que vocêevite situações sociais ou esconda seus verdadeiros sentimentos de maneiras que fazm conexões significativas com outros muito difa­cil. ”

Weissbourd disse que ele e seus colegas consideram o combate a  solida£o um imperativo moral em uma “sociedade hiperindividualista” cada vez mais, onde muitas pessoas geralmente optam por se concentrar no bem-estar de seu pequeno ca­rculo de familia e amigos.

“Estamos defendendo que háuma questãomoral em termos de saúde comunita¡ria e que aqueles de nosque estãoem posição de fazer isso devem tentar alcana§ar as pessoas que podem estar solita¡rias. Se todas as pessoas que estãoem boa forma puderem se comprometer a estender a ma£o para uma pessoa com quem elas se preocupam, talvez se sintam sozinhas uma vez por semana, isso seria uma coisa boa. ”

 

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