Pesquisa aponta proteana interferon como um biomarcador para mortalidade pela doena§a
Resultados dos estudos da Universidade de Yale (EUA) foram apresentados no webina¡rio de lana§amento de programa de formação em biologia e ecologia quantitativas, que tem inscrições abertas a partir do dia 9/3 - Imagem: Divulgação
Além da intensidade certa, a resposta imune ao SARS-CoV-2 precisa ter um "timing" adequado para impedir que a infecção pelo SARS-CoV-2 se agrave, tem constatado a pesquisadora Akiko Iwasaki, professora da Universidade Yale (Estados Unidos) e uma das imunologistas mais influentes do mundo.
Ao estudar a resposta imunola³gica contra o SARS-CoV-2 de pacientes que desenvolvem quadros moderados ou graves de COVID-19, a pesquisadora e colaboradores observaram que a produção fraca e tardia de um grupo de proteanas chamadas interferons tipo I, que atuam como uma das primeiras linhas de defesa do sistema imunológico contra varus, fungos e bactanãrias, permite que o novo coronavarus se replique facilmente nas células.
“A produção robusta de interferon no esta¡gio inicial da infecção pelo SARS-CoV-2 éextremamente importante. Se essa resposta não for ativada corretamente e no momento certo o sistema imunológico não consegue controlar o varus muito bemâ€, disse Iwasaki em um webinar promovido pelo Instituto Serrapilheira, por ocasia£o do lana§amento de um programa gratuito de formação de jovens cientistas em biologia e ecologia quantitativas.
O curso serárealizado em parceria com o Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental (ICTP-SAIFR), um centro de pesquisas apoiado pela FAPESP, sediado no Instituto de Fasica Tea³rica da Universidade Estadual Paulista (IFT-Unesp). As inscrições sera£o abertas hoje (09/03) e podem ser feitas pelo site https://serrapilheira.org/chamada/formacao-em-biologia-e-ecologia-quantitativas-no-1-formacao/.
A fim de caracterizar a resposta inicial do sistema imunológico a COVID-19, um grupo de pesquisadores do laboratório dirigido por Iwasaki coletou e analisou amostras de sangue, de saliva e de secreção nasal de 113 pacientes com COVID-19 em estado grave ou moderado durante todo o período em que ficaram internados no hospital Yale New Haven.
Os resultados das análises indicaram que os pacientes em estado grave não conseguiram controlar a carga viral na nasofaringe ao longo do tempo e apresentavam naveis mais elevados de interferon. Os naveis dessa proteana em pacientes que morreram em decorraªncia da COVID-19 nos primeiros 12 dias após o inicio dos sintomas da doença também eram muito maiores em comparação com os pacientes curados.
“Isso nos pareceu estranho porque espera¡vamos que, quanto maiores os naveis de interferon, menor seria a carga viral. Essa constatação indicou que o interferon elevado não ajudou esses pacientes, mas sim prejudicou eles ao longo do curso da infecçãoâ€, disse Iwasaki.
Os pesquisadores verificaram que, na fase inicial da infecção, a produção robusta de interferon permite controlar o varus porque a proteana desencadeia a ativação de uma sanãrie de genes antivirais.
Por outro lado, se o sistema imunológico não produzir interferon rapidamente, o varus pode se replicar sem ser atacado. Mais tarde, com a replicação viral descontrolada, o sistema imunológico pode responder produzindo grandes quantidades de interferon, que podem levar a inflamação ao recrutar gla³bulos brancos para o pulma£o, piorando o quadro da doena§a.
“Nossa hipa³tese éque o momento de produção do interferon realmente importa. A produção tardia éprovavelmente prejudicial e a precoce éabsolutamente necessa¡ria para a eliminação do varusâ€, afirmou Iwasaki.
Com base nessas descobertas, os pesquisadores estabeleceram o interferon como um dos principais biomarcadores para mortalidade por COVID-19. Os resultados do estudo, que teve a participação de dois brasileiros, foram publicados no ano passado na Science e mais recentemente na revista Nature.
“Ao olhar para uma variedade de fatores que estãomais associados a mortalidade por COVID-19, descobrimos que o interferon éo segundo biomarcador mais importante, seguido pela interleucina 18, que éuma citocina muito inflamata³ria e que tem sido vista em maior quantidade em pacientes com a doença em estado graveâ€, disse Iwasaki.
Lições aprendidas
De acordo com a pesquisadora, algumas das lições aprendidas sobre os coronavarus são que pessoas que se recuperaram de outros coronavarus causadores de resfriado comum podem ser reinfectadas com o mesmo varus em cerca de um ano, e que as vacinas são necessa¡rias para atingir a imunidade coletiva.
“Devemos ficar atentos a s variantes do SARS-CoV-2 que estãoem ascensão e parecem ter capacidade de transmissão aprimorada e de evitar respostas de anticorpos desenvolvidos a partir do varus original, afetando um pouco a eficácia das vacinasâ€, apontou Iwasaki.
Segundo ela, uma sanãrie de fatores sazonais, como a temperatura e a umidade, afetam diretamente os varus respirata³rios, ao alterar a viabilidade e a eficiência de transmissão deles.
Ao estudar nos últimos anos os fatores sazonais que afetam especificamente o hospedeiro, a pesquisadora e colaboradores descobriram que temperaturas mais baixas como as registradas no inverno podem prejudicar a resistência inata contra rinovarus. Já a baixa umidade em ambientes fechados também durante os meses de inverno prejudica a capacidade de animais combaterem o varus da gripe.
“Além do impacto fasico desses fatores sobre o varus, eles também afetam a capacidade de defesa do hospedeiro. Continuamos pesquisando isso, agora, em relação ao SARS-CoV-2â€, disse.