Saúde

Fa¡rmaco para doença degenerativa pode prejudicar função carda­aca no pa³s-menopausa
Estudo visa a entender as consequaªncias dos fa¡rmacos inibidores de colinesterase para o coraça£o de faªmeas. Realizado em camundongos, foi eleito um dos melhores trabalhos em fisiologia pela American Physiological Society
Por Giovanna Grepi - 18/03/2021


Reprodução

Pesquisadores brasileiros apontam que o uso de medicamentos inibidores de colinesterase, enzima que tem o papel de regular os na­veis de acetilcolina, que éum importante neurotransmissor envolvido na regulação de diferentes funções biológicas, pode ter impacto negativo no coração de mulheres no pa³s-menopausa. O estudo Increased cholinergic activity under conditions of low estrogen leads to adverse cardiac remodeling foi publicado pelo American Journal of Physiology e considerado um dos melhores artigos em fisiologia pela American Physiological Society.

Os inibidores de colinesterase estãopresentes em medicamentos para o tratamento de doenças neurodegenerativas e atuam inibindo a enzima responsável pela degradação de uma molanãcula chamada acetilcolina, ou seja, os medicamentos provocam o aumento da atividade colinanãrgica. “Conclua­mos que o aumento da atividade colinanãrgica impacta negativamente o coração feminino em condições de baixo a­ndice de estrogaªnio, tornando os camundongos mais suscetíveis a  dilatação e insuficiência carda­aca descompensada”, revela a professora Silvia Guatimosim, da Universidade Federal de Minas Gerais, que éa coordenadora do estudo.

Os pesquisadores contaram com dois grupos experimentais: camundongos faªmeas do tipo selvagem e modificados geneticamente que superexpressam o transportador vesicular de acetilcolina de forma sistemica. Dessa forma, camundongos com aumento da expressão do transportador vesicular de acetilcolina possuem aumento da atividade colinanãrgica, simulando o que ocorre em pacientes que são tratados com inibidores de colinesterase.

“O aumento da atividade colinanãrgica não teve nenhum impacto no coração de animais que possuem na­veis normais de estrogaªnio, no entanto, quando os animais foram submetidos a  ovariectomia, procedimento de remoção de ova¡rios, os camundongos com aumento da atividade colinanãrgica foram mais suscetíveis ao desenvolvimento da disfunção carda­aca quando comparado ao grupo controle submetido ao mesmo procedimento”, conta.

Mulheres pa³s-menopausa com doença de Alzheimer passam apresentam redução
nonívelde estrogaªnio - Foto Marcos Santos/USP Imagens

De acordo com os pesquisadores, apesar de os inibidores de colinesterase terem um amplo uso na prática cla­nica, não hámuitos estudos que investigam o impacto desses medicamentos na função carda­aca em condições de estrogaªnio reduzido, como acontece com mulheres no pa³s-menopausa com doença de Alzheimer.

“Os resultados fornecem novas informações sobre a inter-relação funcional entre acetilcolina e estrogaªnio no coração feminino. Reafirmamos a importa¢ncia de continuar os estudos com o objetivo de compreender as consequaªncias da inibição da colinesterase na função carda­aca de mulheres no pa³s-menopausa”,

 Helio Cesar Salgado

Apesar dos resultados, os pesquisadores ressaltam que esse éum dos primeiros estudos que buscam relacionar os impactos do aumento da atividade colinanãrgica no coração de mulheres no pa³s-menopausa. Dessa forma, sera£o necessa¡rios novos estudos para confirmar o comportamento dos fa¡rmacos no caso em destaque e as possa­veis diferenças que existem entre homens e mulheres nos períodos prée pa³s-menopausa tratados com anticolinestera¡sicos com relação a  função carda­aca.

O artigo, que tem a pesquisadora Vanessa P. Teixeira egressa do Programa de Pa³s-Graduação em Fisiologia e Farmacologia da UFMG como primeira autora, contou com os pesquisadores Geisa C. S. V Tezini e Mauro de Oliveira e o professor Helio C. Salgado, todos da FMRP; os pesquisadores Kiany Miranda, Sergio Scalzo, Cibele Rocha-Resende, Ma¡rio Morais Silva, Marcos B. Melo, Fernando Pedro Souza-Neto, Kaoma S. C. Silva, Itamar C. G. Jesus e Anderson K. Santos e os professores Raphael E. Szawka, Maristela O. Poletini e Silvia Guatimosim, todos da UFMG; e o professor Marco Antonio Ma¡ximo Prado, da University of Western Ontario, do Canada¡.

 

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