Primeira dose da CoronaVac éefetiva contra variante P.1 do coronavarus, mostra estudo em Manaus
Resultados preliminares de pesquisa feita com profissionais de saúde no Amazonas apontam que primeira dose da vacina diminui risco de conta¡gio em 50%
Divulgação/Prefeitura de Manaus
A vacina CoronaVac continua a ser efetiva na prevenção da covid-19 na cidade de Manaus, no Amazonas, onde háo predomanio da variante P.1 do varus sars cov-2, que causa a doena§a. A conclusão faz parte dos resultados preliminares de um estudo feito com 67 mil profissionais de saúde que receberam a primeira dose da vacina em Manaus, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com participação da USP e outras universidades brasileiras, além de órgãos paºblicos do Amazonas e instituições de pesquisa do Brasil e da Espanha. O estudo calculou uma redução de 50% do risco de conta¡gio, são com a primeira dose da vacina, o que os pesquisadores apontam como sinal de que a vacinação precisa continuar, mesmo com o aumento da transmissão da variante P.1.
Os resultados da pesquisa são apresentados em um artigo publicado como preprint (versão prévia de artigo cientafico) no site medRxiv em 7 de abril. AndréSiqueira, pesquisador da Fiocruz e um dos autores do artigo, disse ao Jornal da USP que, apesar de ser ainda uma análise inicial, o estudo de efetividade da vacina érobusto, pois foi feito com 67 mil profissionais de saúde da cidade de Manaus, onde a variante P.1 já épredominante. “Consideramos apenas uma dose em um período de segmento não tão longoâ€, avalia Siqueira. “a‰ necessa¡rio continuar o estudo e fazer a sequaªncia que já estava programada.â€
Apa³s a vacinação dos profissionais de saúde, foram selecionados grupos de pessoas que testaram positivo para a covid-19, a partir dos dados da vigila¢ncia epidemiola³gica, e outras que não tiveram a doena§a, no período entre 19 de janeiro e 25 de mara§o, para calcular a efetividade da CoronaVac. “A estimativa de redução de risco éde 50%, ou seja, a capacidade da vacina prevenir o adoecimento pela covid-19, após 14 dias do recebimento da primeira dose, éde 50%â€, apontam os pesquisadores Jaºlio Croda, da Fiocruz, e Ota¡vio Ranzani, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e do Instituto de Saúde Global, em Barcelona (Espanha), que também participaram do estudo. Os dados sobre a efetividade da segunda dose ainda estãoem fase de coleta.
Efetividade
De acordo com Croda e Ranzani, a importa¢ncia de estudar a efetividade das vacinas onde a P.1 éprevalente éverificar se a vacina continua funcionando para essa variante. “Existem mutações importantes, algumas mais ligadas a transmissibilidade, como a 501, mas outras relacionadas a um possível escape imune, como a 484, presente nas variantes brasileira e sul-africanaâ€, relata. “Ha¡ estudos preliminares, inclusive brasileiros, evidenciando queda de anticorpos neutralizantes, poranãm, ainda não háum valor que se possa dizer que, a partir de um certo momento de queda de anticorpos, vocêtem uma perda de efetividade da vacina.â€
Siqueira explica, ainda, que o estudo contribuiu para mostrar, em um período curto de tempo, que a CoronaVac tem uma proteção considera¡vel com uma dose em uma circulação elevada da variante P.1. “A pesquisa mostra que essa vacina tem a capacidade de proteção e uma das grandes preocupações em relação a s novas variantes éa possibilidade de escape de resposta a s vacinasâ€, diz o pesquisador. “Vamos seguir com a avaliação, mas os resultados da£o respaldo para continuar com a vacinação mesmo com a circulação dessa variante.â€
Croda e Ranzani reforçam que, como a pesquisa demonstrou que a CoronaVac manteve a efetividade, ela pode continuar a ser usada. “Ao mesmo tempo, estamos fazendo outros estudos, principalmente em colaboração com o governo do Estado de Sa£o Paulo, para avaliar a efetividade da CoronaVac e também da vacina AstraZeneca, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, junto a população acima de 60 anos de idade, o que não foi possível em Manausâ€, relatam. “Além disso, também serápossível entender qual éa efetividade das vacinas na prevenção de casos severos, que necessitem hospitalização, e de mortes.â€
As conclusaµes do trabalho são apresentadas no artigo Effectiveness of CoronaVac in the setting of high SARS-CoV-2 P.1 variant transmission in Brazil: A test-negative case-control study, publicado como preprint no site medRxiv em 7 de abril. A pesquisa teve a participação de pesquisadores da Universidade de Brasalia (UnB), da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), da Universidades da Fla³rida, de Stanford e de Yale (Estados Unidos), da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus e da Fundação de Vigila¢ncia em Saúde do Estado do Amazonas.
Em Sa£o PauloÂ
Uma outra pesquisa sobre a CoronaVac, realizada com profissionais do Hospital das Clanicas da FMUSP, traz resultados que corroboram a efetividade da vacina mesmo com o predomanio da variante P.1.Â
Antes da vacinação dos funciona¡rios do hospital, a incidaªncia de casos de covid-19 no HC era semelhante a incidaªncia geral da doença na população de Sa£o Paulo capital.
Duas semanas após a aplicação da segunda dose da vacina nos funciona¡rios do hospital, houve 50,7% menos casos confirmados entre eles do que a taxa média de novos casos verificada na cidade.
E cinco semanas após a vacinação, o número de novos casos de covid-19 no HC foi 73,8% menor do que o registrado na população da capital.
O estudo feito entre os profissionais avaliou também a ocorraªncia de variantes do coronavarus. Dentre 142 amostras analisadas aleatoriamente, 67 foram identificadas como variantes, das quais 57 correspondiam a P.1 (do Amazonas), cinco B.1.1.7 (do Reino Unido) e outras cinco que não puderam ser identificadas pelos manãtodos utilizados no estudo. Essa análise sugere que a P.1 já era a variante de maior circulação em Sa£o Paulo quando os profissionais foram vacinados.