Saúde

Protea­na do bicho-da-seda e algas permitem liberação controlada de medicamento para hipertensão
O novo produto éformado por microparta­culas com capacidade de aderir a  mucosa do intestino. O manãtodo consiste em encapsular o princa­pio ativo da valsartana com dois polímeros naturais e abundantes
Por Ana Paula Palazi - 02/07/2021


Fotos: Wedja Tima³teo Vieira

O abandono do tratamento éuma das grandes dificuldades no controle da hipertensão arterial e insuficiência carda­aca. Estima-se que apenas dois em cada dez adultos diagnosticados com pressão alta estejam com a doença crônica controlada, segundo a Sociedade de Cardiologia do Estado de Sa£o Paulo (Socesp). Uma alternativa para aumentar a adesão ao tratamento pode estar na tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Engenharia Quí­mica (FEQ) da Unicamp. O invento écapaz de prolongar o efeito terapaªutico da valsartana, um dos principais anti-hipertensivos, reduzindo os efeitos colaterais e beneficiando os pacientes, principalmente aqueles que fazem o uso conta­nuo do fa¡rmaco. 

O novo produto éformado por microparta­culas com capacidade de aderir a  mucosa do intestino. O manãtodo consiste em encapsular o princa­pio ativo da valsartana numa mistura de dois polímeros naturais e abundantes: o alginato, proveniente de algas marinhas, e a sericina, protea­na que reveste o casulo do bicho-da-seda. A modificação na forma de liberação da valsartana mantanãm um tratamento efetivo por mais tempo. 

Aspartículas formadas na blenda osnome usado para a mistura de polímeros ossão gastrorresistentes, ou seja, passam pelo esta´mago sem serem digeridas. As microesferas carreadoras do princa­pio ativo chegam a­ntegras ao intestino, evitando, assim, uma irritação desnecessa¡ria da mucosa do esta´mago. Dessa forma geram maior conforto ao paciente e facilitam a diminuição das dosagens necessa¡rias ao longo do dia, pois garantem a entrega no local de ação.

“O limite recomendado pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigila¢ncia Sanita¡ria, para liberação de fa¡rmacos no esta´mago éde 10%. Nossaspartículas ficaram bem abaixo disso, liberando apenas 4% nessa fase”, conta a professora, Melissa Gurgel Adeodato Vieira. A pesquisadora explora o potencial da sericina e do alginato para fins ambientais e de saúde desde 2014. 

Segundo o grupo de pesquisa, aspartículas também promovem a liberação mais uniforme do fa¡rmaco. Isso evita picos de concentração e absorção da valsartana que podem causar sintomas como tonturas e diminuição excessiva da pressão. A liberação da valsartana pelaspartículas de sericina e alginato resultou no prolongamento do tempo de liberação do ativo ao ser comparada com a forma farmacaªutica convencional. 

“Conseguimos ter uma curva bem mais prolongada, de atévinte e três horas, para o fa¡rmaco atingir cem por cento de liberação. Com isso, minimizamos efeitos colaterais e aumentamos o tempo de administração entre uma dose e outra, melhorando a adesão ao tratamento e reduzindo custos para o paciente”, relata a engenheira química, Caroline Santinon, ao citar os resultados dos testes in vitro.

 

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