Desde a infa¢ncia, Stephen Baker diz que tinha um fascanio terravel por coca´. Ele pegou o varus da microbiologia e passou 12 anos no Vietna£ pesquisando ...
Fotografia: Lloyd Mann
Desde a infa¢ncia, Stephen Baker diz que tinha um fascanio terravel por coca´. Ele pegou o varus da microbiologia e passou 12 anos no Vietna£ pesquisando bactanãrias que causam diarreia. Stephen acha que as bactanãrias resistentes a antibia³ticos provavelmente sera£o as maiores assassinas da humanidade no futuro. Mas diz que se continuarmos fazendo ciaªncia, teremos esperana§a.
As doenças infecciosas estãopor toda parte! Aprendemos muito mais sobre eles, dados os eventos dos últimos anos. Agora todo mundo éum especialista em doenças infecciosas. Essa experiência mostrou como eles podem ser devastadores quando circulam.Â
Sempre me interessei mais pelos aspectos aplicados do que pelos mecanicistas da ciência Percebi que, se quisesse aprender mais sobre as doenças infecciosas complexas nas quais estava interessado, deveria ir a algum lugar onde tivesse mais exposição a essas doena§as, em vez de estuda¡-las em um laboratório no Reino Unido.Â
Felizmente, surgiu a oportunidade de ir trabalhar no Vietna£. Eu inicialmente disse que iria ficar por três anos, mas acabei ficando por 12. A unidade na cidade de Ho Chi Minh se tornou uma espanãcie de centro de pesquisa em todo o sudeste da asia - tanhamos colaboradores na Taila¢ndia, Camboja, Laos, andia, Nepal e Paquistão e em outros continentes.
Stephen Baker em laboratório
Eu estava particularmente interessado em uma bactanãria chamada Shigella sonnei, que causa uma infecção chamada shigelose, um tipo de diarreia que contanãm sangue. Shigella continua a ser uma doença comum internacionalmente, com mais de 260 milhões de casos por ano, e um número estimado de 200.000 mortes como resultado.
Um caso grave de shigelose étratado com antibia³ticos, mas descobrimos que a cada três ou quatro anos a bactanãria passaria por um ciclo de resistência a cada vez mais antibia³ticos. No espaço de 12 anos, acompanhamos todo esse processo, desde o surgimento da resistência aos principais antibia³ticos atéa resistência a quase todos os antibia³ticos. A infecção por esta bactanãria agora épraticamente intrata¡vel.
Durante esse processo, usamos a gena´mica para identificar e medir uma mutação especafica que deu origem a resistência de um antibia³tico importante. Descobrimos que essa mutação surgiu apenas uma vez em um organismo no sul da asia em 2008 e, então, como quando uma pedra cai em uma poa§a, ela se espalhou por todo o mundo. Na³s o pegamos no Vietna£, Butão, Reino Unido e Estados Unidos no espaço de alguns anos.Â
A resistência antimicrobiana (AMR) éum desafio mundial que estima-se que matara¡ 10 milhões por ano até2050, a menos que encontremos maneiras de interromper sua progressão. Isso afetara¡ a todos. Nãoestamos muito longe da posição em que as condições pelas quais vocêfoi hospitalizado não podera£o mais ser tratadas com quaisquer antibia³ticos disponaveis.
Conforme demonstrado pelo SARS-Cov2, as doenças infecciosas não respeitam fronteiras. Podemos importa¡-los facilmente em nossa pessoa e transmiti-los a outras pessoas. Se desenvolvermos produtos químicos para matar esses organismos, eles desenvolvera£o resistência - este éum fena´meno natural.Â
Eu sugeriria que a magnitude do problema e a maneira como estãosendo tratado émuito semelhante a mudança climática. As pessoas sabem que isso tem o potencial de ser devastador para a humanidade nos pra³ximos anos, mas não conseguem se organizar para decidir o que deve ser feito a respeito.Â
E ainda assim AMR éum processo que pode ser desacelerado. Podemos fazer isso usando menos antibia³ticos, usando diferentes variedades de antibia³ticos e misturando as coisas. Isso nos dara¡ algum tempo.
Os antibia³ticos são uma tecnologia do século 20 que tem nos servido bem, mas precisamos pensar: “o que vem a seguir?â€. A longo prazo, precisamos obter uma maior compreensão de como podemos prevenir a RAM, desenvolver novas maneiras de matar microorganismos e chegar a melhores estratanãgias para prevenir doena§as. Precisamos ver investimentos para acelerar esses programas de pesquisa. Precisamos de uma solução do século 21.Â
A Universidade de Cambridge lana§ara¡ em breve a Cambridge International Infection Initiative (Ci3). A visão écriar aliana§as de ma£o dupla com cientistas que trabalham em Paases de Renda Baixa e Manãdia (LMIC), onde o fardo das doenças infecciosas émaior. Queremos usar a experiência e a infraestrutura da Universidade para apoiar suas prioridades de pesquisa.Â
O centro de gravidade em termos de finana§as e ciência tem enormes desigualdades, vimos isso com a distribuição de vacinas COVID-19. Nãoseria fanta¡stico se Cambridge tivesse algum papel no reajuste desse desequilabrio? E se, em 20 anos, houvesse indivíduos em vários LMIC que desenvolveram seus interesses de pesquisa na Universidade de Cambridge e então criaram e produziram a próxima geração de medicamentos e vacinas contra bactanãrias e varus?
A razãopela qual podemos ser otimistas sobre o futuro épor causa da ciaªncia. No momento em que paramos de financiar e realizar pesquisas essenciais, temos um problema. Ainda enfrentamos grandes desafios na forma de vontade econa´mica e polatica, mas estou confiante de que a ciência encontrara¡ as soluções de que precisamos.Â
Stephen Baker éum Diretor de Pesquisa do Departamento de Medicina da Universidade de Cambridge, um Pesquisador Saªnior Wellcome Fellow e um Fellow do Wolfson College.