De acordo com a Organizaa§a£o Mundial da Saúde, todos os anos de 250.000 a meio milha£o de pessoas em todo o mundo sofrem uma lesão medular gravemente incapacitante
Um acidente de moto deixou Michel Roccati com paralisia completa da parte inferior do corpo devido a uma devastadora lesão na medula espinhal.
Isso foi em 2017.
Mas agora, o nativo italiano estãoandando novamente, cortesia da pesquisa suaa§a inovadora que restaura a função motora em um dia por meio de estimulação elanãtrica cuidadosamente direcionada .
"No inacio, não conseguia mover os maºsculos das pernas e não sinto nada", lembrou Roccati recentemente.
Agora ele pode ficar de panã, andar e subir escadas. De fato, "tudo o que tenho em mente para treinar posso fazer com a estimulação", disse Roccati em uma coletiva de imprensa organizada pela Nature Medicine , que publicou recentemente as descobertas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, todos os anos de 250.000 a meio milha£o de pessoas em todo o mundo sofrem uma lesão medular gravemente incapacitante , na maioria das vezes resultado de uma queda, violência ou, como Roccati, um acidente de tra¢nsito. Em comparação com pessoas sem essa lesão, elas tem duas a cinco vezes mais chances de morrer prematuramente.
Roccati éum dos três pacientes inscritos no esfora§o suiço, todos homens entre 29 e 41 anos. Cada um havia sofrido uma lesão medular completa pelo menos um ano antes do lana§amento do estudo.
"Isso significa que eles não conseguiam mover as pernas e não tinham nenhuma sensação sobre as pernas", disse a coautora do estudo, Dra. Jocelyne Bloch, neurocirurgia£ e chefe da unidade de neurocirurgia funcional do Hospital Universita¡rio de Lausanne, na Suaa§a.
Falando no briefing, Bloch observou que em 2020 os três homens foram submetidos a uma cirurgia no NeuroRestore em Lausanne para implantar um marca-passo no abda´men e eletrodos diretamente na medula espinhal.
Esses eletrodos são uma inovação importante, explicou o colega de estudo e neurocientista Granãgoire Courtine.
Construados para serem permanentes, eles estão"precisamente posicionados para atingir todas as regiaµes da medula espinhal que são relevantes para ativar os maºsculos do tronco e das pernas", disse Courtine, que trabalha no Instituto Federal Suaa§o de Tecnologia em Lausanne.
Â
Os eletrodos foram então emparelhados com um novo software que facilitou um mapeamento altamente personalizado da medula espinhal de cada paciente, disse Courtine no briefing.
O software também fornece uma interface simples baseada em tablet que permite que pacientes e fisioterapeutas configurem facilmente programas de estimulação semiautomatizados que permitem uma variedade de movimentos.
Os pra³prios pacientes podem operar esses programas por meio de um tablet e pequenos controles remotos que podem se comunicar sem fio com o marcapasso do paciente.
Para Roccati, tudo isso significou que, após um período de recuperação pa³s-cirurgia de 10 dias, a reabilitação começou - e "consegui andar depois de um dia", disse ele. Os controles remotos estãoligados ao seu andador.
"Graças a essa tecnologia, todos os três pacientes, imediatamente após a cirurgia, conseguiram se levantar e andar", disse Bloch durante o briefing. Pedalar, nadar e movimentar o tronco também foram habilitados. Nenhum relatou qualquer dor ou efeitos colaterais desencadeados pela estimulação.
Ainda assim, Bloch observou que o controle motor "não era perfeito no inacio". E Courtine enfatizou que recuperar o movimento após a cirurgia éum processo, "não um milagre". com pacientes que inicialmente precisam de muito suporte fasico. Além disso, "a recuperação da sensação émuito diferente de um paciente para outro", acrescentou.
"Mas o que ele faz épermitir uma capacidade imediata de treinar", observou Courtine. E como a tecnologia épequena e porta¡til, esse treinamento pode ocorrer no mundo real.
Todos os dias, com o estamulo ligado, "Michel consegue ficar em pépor duas horas e caminha quase 1 quila´metro em linha reta, sem parar", além de subir e descer escadas, disse Courtine. "Quando a estimulação édesligada, ele teve alguma recuperação, mas de forma muito limitada."
Bloch disse que a tecnologia quase certamente funcionaria igualmente bem entre pacientes com paralisia feminina.
E embora pesquisas futuras possam expandir o que épossível, Bloch reconheceu uma limitação importante: "Precisamos de pelo menos 6 centametros de medula espinhal sauda¡vel sob a lesão. a‰ aa que implantamos nossos eletrodos".
Claudia Angeli, diretora do Centro de Pesquisa de Lesaµes na Medula Espinhal da Universidade de Louisville, em Kentucky, concordou que o trabalho da equipe suaa§a é“encorajadorâ€, mas disse que outras abordagens também mostram manãrito.
"Este grupo estãousando um manãtodo de sinalização de estimulação muito especafico", enquanto esforços alternativos tentam permitir o controle motor atravanãs da estimulação direta de sinais cerebrais, disse ela.
Tais abordagens alternativas "mostram resultados semelhantes", observou Angeli. “Nãohouve uma comparação direta dos dois manãtodos, mas ambos estãose mostrando promissores para a recuperação após lesão na medula espinhalâ€.
Enquanto isso, a equipe suaa§a tem um teste em andamento nos Estados Unidos. Os pesquisadores observaram que a Food and Drug Administration dos EUA aprovou uma designação de "dispositivos inovadores" para acelerar o processo pelo qual a tecnologia pode se tornar comercialmente disponavel. Essa designação também garantiria a cobertura por meio do programa Medicare Coverage of Innovative Technology se ensaios clínicos maiores fossem bem-sucedidos, disseram os pesquisadores.
Quanto a Roccati, após nove meses de reabilitação em Lausanne, ele agora vive de forma independente na Ita¡lia. "Continuei a reabilitação em casa, trabalhando sozinho, com todos os aparelhos", disse. "E vejo melhorias todos os dias."