Saúde

Estudo revela que o va­rus Ebola pode se esconder no cérebro e persistir mesmo anos após o tratamento
Em um estudo inovador publicado hoje, os cientistas descrevem como o va­rus Ebola, que pode persistir em certas áreas do corpo, pode ressurgir para causar doenças fatais osmesmo muito tempo após o tratamento com anticorpos monoclonais.
Por Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército dos EUA - 09/02/2022


O va­rus Ebola (marrom) recai no sistema ventricular cerebral e neura³pilo adjacente em um macaco rhesus que sobreviveu a  exposição ao va­rus Ebola após tratamento com anticorpos monoclonais. (Naºcleos contrastados em azul.) Crédito: Dr. Xiankun (Kevin) Zeng, USAMRIID

Em um estudo inovador publicado hoje, os cientistas descrevem como o va­rus Ebola, que pode persistir em certas áreas do corpo, pode ressurgir para causar doenças fatais osmesmo muito tempo após o tratamento com anticorpos monoclonais. Sua pesquisa, usando um modelo de primata não humano da infecção pelo va­rus Ebola, aparece na capa da edição de hoje da Science Translational Medicine .

Alguns surtos recentes da doença do va­rus Ebola na áfrica tem sido associados a  infecção persistente em pacientes que sobreviveram a surtos anteriores, de acordo com o autor saªnior do artigo, Xiankun (Kevin) Zeng, Ph.D. Em particular, o surto de 2021 da doença do va­rus Ebola na Guinéressurgiu de um sobrevivente persistentemente infectado do grande surto anterior hápelo menos cinco anos. No entanto, o "esconderijo" exato do va­rus Ebola persistente e a patologia subjacente da doença recrudescente ou recorrente subsequente nos sobreviventes - especialmente aqueles tratados com terapia padrãode anticorpos monoclonais - eram amplamente desconhecidos. Então, Zeng e sua equipe do Instituto de Pesquisa Manãdica de Doena§as Infecciosas do Exanãrcito dos EUA usaram um modelo de primata não humano, o que mais recapitula a doença do va­rus Ebola em humanos.

“O nosso éo primeiro estudo a revelar o esconderijo da persistaªncia do va­rus Ebola no cérebro e a patologia que causa a doença fatal recrudescente subsequente relacionada ao va­rus Ebola no modelo de primata não humano”, explicou Zeng. "Descobrimos que cerca de 20 por cento dos macacos que sobreviveram a  exposição letal ao va­rus Ebola após o tratamento com terapia de anticorpos monoclonais ainda tinham infecção persistente pelo va­rus Ebola - especificamente no sistema ventricular cerebral, no qual o la­quido cefalorraquidiano éproduzido, circulado e contido - mesmo quando o Ebola va­rus foi eliminado de todos os outros órgãos."

Em particular, disse Zeng, dois macacos que inicialmente se recuperaram da doença relacionada ao va­rus Ebola após o tratamento com terapia de anticorpos tiveram recorraªncia de sinais clínicos graves de infecção pelo va­rus Ebola e sucumbiram a  doena§a. Inflamação grave e infecção macia§a pelo va­rus Ebola estavam presentes no sistema ventricular cerebral; nenhuma patologia a³bvia e infecção viral foram encontradas em outros órgãos.

A recrudescaªncia já havia sido relatada em sobreviventes humanos da doença do va­rus Ebola, de acordo com os autores. Por exemplo, uma enfermeira brita¢nica experimentou uma recaa­da do va­rus Ebola no cérebro, sofrendo de meningoencefalite nove meses depois de se recuperar da doença grave do va­rus Ebola. Ela havia recebido anticorpos terapaªuticos durante o surto de 2013-2016 na áfrica Ocidental, o maior surto desse tipo atéo momento. Além disso, um paciente vacinado que havia sido tratado com terapia de anticorpos monoclonais para a doença do va­rus Ebola seis meses antes recaiu e morreu no final do surto de 2018-2020 na República Democra¡tica do Congo. Infelizmente, esse caso também levou a muitas transmissaµes subsequentes de humano para humano.
 
Durante os últimos anos, a equipe de Zeng no USAMRIID realizou estudos sistema¡ticos da persistaªncia do va­rus Ebola usando sobreviventes de primatas não humanos como modelo. Essa pesquisa mostrou que o va­rus, apesar de ser eliminado de todos os outros órgãos, pode se esconder e persistir em regiaµes especa­ficas de órgãos com privilanãgios imunológicos oscomo a ca¢mara va­trea dos olhos, os taºbulos semina­feros dos testa­culos e o sistema ventricular do cérebro relatado em este estudo.

O va­rus Ebola (vermelho) persiste especificamente nos macra³fagos (verde) que
se infiltram no sistema ventricular cerebral de um macaco rhesus que sobreviveu
a  exposição ao va­rus Ebola após tratamento com anticorpos monoclonais.
(Naºcleos contrastados em azul.) Crédito: Dr. Xiankun (Kevin) Zeng, USAMRIID

"O va­rus Ebola persistente pode se reativar e causar recaa­da da doença nos sobreviventes, potencialmente causando um novo surto", disse Jun Liu, Ph.D., do USAMRIID, que atuou como coprimeiro autor do artigo atual com John C. Trefry, Ph. D.

O va­rus Ebola causa uma das doenças infecciosas mais mortais conhecidas pela humanidade. Ainda éuma grande ameaça na áfrica, e houve três surtos na áfrica somente em 2021, segundo a Organização Mundial da Saúde. Os esforços globais de pesquisa levaram a  aprovação regulata³ria de duas vacinas e duas terapias de anticorpos monoclonais para prevenir e tratar a doença do va­rus Ebola nos últimos anos. Essas terapaªuticas agora fazem parte do padrãode atendimento aos pacientes infectados.

“Felizmente, com essas vacinas aprovadas e terapias de anticorpos monoclonais, estamos em uma posição muito melhor para conter surtos”, acrescentou Zeng. "No entanto, nosso estudo reforça a necessidade de acompanhamento de longo prazo dos sobreviventes da doença do va­rus Ebola - incluindo sobreviventes tratados por anticorpos terapaªuticos - para evitar o recrudescimento. Isso servira¡ para reduzir o risco de reemergaªncia da doena§a, ao mesmo tempo em que ajudando a evitar mais estigmatização dos pacientes."

 

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