A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA emitiu outro alerta sobre os perigos representados pela tianeptina, um antidepressivo que não éaprovado para nenhum tipo de tratamento médico nos Estados Unidos.

Encabea§ando a lista de possa­veis riscos de tomar a droga: envenenamento acidental e dependaªncia.

Por que um risco de dependaªncia? A tianeptina oscomumente comercializada online como tratamento para depressão e ansiedade ospertence a uma classe de medicamentos conhecidos como “agonistas de receptores opioides”. Isso significa que a droga tem um impacto semelhante no cérebro como heroa­na e outros opioides, como oxicodona, metadona, hidrocodona, morfina e a³pio.

No meio de uma epidemia de opioides em andamento, os americanos tem procurado cada vez mais a tianeptina como uma alternativa de opioide prontamente acessa­vel - embora ilegal, de acordo com o Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos da FDA.

"Nos Estados Unidos, os relatos de reações ruins e efeitos indesejados envolvendo a tianeptina estãoaumentando", afirmou o FDA em seu último alerta. “Os casos de centros de controle de envenenamento envolvendo exposição a  tianeptina aumentaram em todo opaís, de 11 casos totais entre 2000 e 2013 para 151 casos apenas em 2020”.

O envenenamento pode se manifestar como confusão, sudorese, batimentos carda­acos acelerados, picos de pressão arterial, na¡useas, va´mitos, agitação e/ou sonolaªncia. Tambanãm pode provocar uma nota¡vel desaceleração da respiração e, a s vezes, pode desencadear um desligamento total do sistema respirata³rio, levando ao coma ou a  morte.

O resultado final da FDA: "Os consumidores devem evitar todos os produtos que contenham tianeptina".

De acordo com uma análise de 2019 conduzida pela Drug Enforcement Administration (DEA) dos EUA, esses produtos incluem pa­lulas falsificadas que imitam a aparaªncia de hidrocodona e oxicodona. A tianeptina também pode ser obtida online na forma de pa³ a granel.

Embora muitas vezes comercializado on-line sob os nomes "Coaxil" ou "Stablon", a FDA observa que a droga também évendida - a s vezes em postos de gasolina ou lojas de conveniaªncia - sob uma ampla variedade de nomes bonitos e cativantes, incluindo "Tianna", "Tianna Verde", "Tianna Red" e "Tianna White".

A FDA já tentou antes controlar o uso da droga, de olho nas regras estabelecidas pela Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosmanãticos.

Essas regras determinam que todos os suplementos dietanãticos contenham no ma­nimo um "ingrediente dietanãtico", ou seja, uma vitamina, mineral, erva, aminoa¡cido e/ou produto ou extrato alimentar. Os suplementos também podem conter ingredientes não dietanãticos, desde que sejam aditivos alimentares e/ou oficialmente reconhecidos como seguros.

Como a tianeptina não atende a nenhum aspecto desse padra£o, o FDA considerou que "os suplementos alimentares contendo tianeptina são adulterados". Assim, o FDA emitiu seu primeiro aviso oficial em 2018 para duas empresas de suplementos alimentares que vendiam abertamente produtos contendo tianeptina.

As preocupações da FDA sobre o uso de tianeptina são compartilhadas pelo Dr. Arthur Chang, diretor médico da divisão de ciência e prática de saúde ambiental do Centro Nacional de Saúde Ambiental (NCEH) nos Centros de Controle e Prevenção de Doena§as dos EUA.

Embora ele tenha observado que a tianeptina anã, de fato, aprovada para o tratamento de depressão e ansiedade em certospaíses da Europa, asia e Amanãrica Latina, Chang confirmou que "tianeptina tem potencial de abuso, e vários estudos relatam efeitos adversos graves e atémorte por sua uso indevido ou abuso."

O problema, ele observou, éque, por meio de sua capacidade semelhante aos opioides de se ligar a certos receptores opioides, "tianeptina pode produzir euforia em altas doses". E isso significa que "as pessoas podem se tornar viciadas em tianeptina e experimentar sintomas significativos de abstinaªncia quando param de usar cronicamente".

O último aviso da FDA parece refletir uma preocupação crescente de que o uso de tianeptina estãose tornando cada vez mais difundido.

A DEA fez uma revisão dos dados do National Poison Data System coletados entre 2000 e 2017. Essa revisão encontrou "um aumento rápido e acentuado nas chamadas [envenenamento] relacionadas a  tianeptina durante esse período de tempo".

O estudo observou especificamente que, embora a droga tenha sido implicada em apenas cinco ligações de envenenamento em 2014, esse número subiu para 38 em 2015, 83 em 2016 e 81 em 2017. E a maioria dessas ligações envolveu pessoas relativamente jovens, entre as idades de 21 e 40.