Saúde

Nova pesquisa mostra que humanos possuem inteligaªncia nutricional surpreendente
O estudo internacional, liderado pela Universidade de Bristol (Reino Unido), se propa´s a reexaminar e testar a visão amplamente difundida de que os humanos evolua­ram para favorecer alimentos densos em energia e nossas dietas são...
Por Universidade de Bristol - 24/04/2022


Pixabay

Pesquisas pioneiras lançaram uma nova luz sobre o que impulsiona as preferaªncias alimentares ba¡sicas das pessoas, indicando que nossas escolhas podem ser mais inteligentes do que se pensava anteriormente e influenciadas pelos nutrientes específicos, em vez de apenas calorias, de que precisamos.

O estudo internacional, liderado pela Universidade de Bristol (Reino Unido), se propa´s a reexaminar e testar a visão amplamente difundida de que os humanos evolua­ram para favorecer alimentos densos em energia e nossas dietas são equilibradas simplesmente pela ingestãode uma variedade de alimentos diferentes. Contrariamente a essa crena§a, suas descobertas revelaram que as pessoas parecem ter "sabedoria nutricional", segundo a qual os alimentos são selecionados em parte para atender a s nossas necessidades de vitaminas e minerais e evitar deficiências nutricionais .

O autor principal, Jeff Brunstrom, professor de psicologia experimental, disse: "Os resultados de nossos estudos são extremamente significativos e bastante surpreendentes. Pela primeira vez em quase um século, mostramos que os humanos são mais sofisticados em suas escolhas alimentares e parecem selecionar com base em micronutrientes específicos, em vez de simplesmente comer tudo e obter o que eles precisam por padra£o."

O artigo, publicado na revista Appetite , da¡ peso renovado a uma ousada pesquisa realizada na década de 1930 por uma pediatra americana, Dra. Clara Davis, que colocou um grupo de 15 bebaªs em uma dieta que lhes permitiu "auto-selecionar", em outras palavras, comam o que quiserem, de 33 alimentos diferentes. Embora nenhuma criana§a tenha comido a mesma combinação de alimentos, todas alcana§aram e mantiveram um bom estado de saúde, o que foi tomado como evidência de "sabedoria nutricional".

Suas descobertas foram posteriormente analisadas e criticadas, mas replicar a pesquisa de Davis não foi possí­vel porque essa forma de experimentação em bebaªs hoje seria considerada antianãtica. Como resultado, já se passou quase um século desde que qualquer cientista tentou encontrar evidaªncias de sabedoria nutricional em humanos osuma faculdade que também foi encontrada em outros animais, como ovelhas e roedores.

Para superar essas barreiras, a equipe do professor Brunstrom desenvolveu uma nova técnica que envolvia medir a preferaªncia mostrando a s pessoas imagens de diferentes combinações de frutas e vegetais para que suas escolhas pudessem ser analisadas sem colocar sua saúde ou bem-estar em risco.

No total, 128 adultos participaram de dois experimentos. O primeiro estudo mostrou que as pessoas preferem certas combinações de alimentos mais do que outras. Por exemplo, maçã e banana podem ser escolhidas com um pouco mais de frequência do que maçã e amoras. Notavelmente, essas preferaªncias parecem ser previstas pelas quantidades de micronutrientes em um par e se sua combinação fornece um equila­brio de diferentes micronutrientes. Para confirmar isso, eles realizaram um segundo experimento com diferentes alimentos e descartaram outras explicações.
 
Para complementar e cruzar essas descobertas, foram estudadas as combinações de refeições do mundo real, conforme relatado na Pesquisa Nacional de Dieta e Nutrição do Reino Unido. Da mesma forma, esses dados demonstraram que as pessoas combinam as refeições de uma maneira que aumenta a exposição a micronutrientes em sua dieta. Especificamente, os componentes das refeições populares do Reino Unido, por exemplo, 'peixe e batatas fritas' ou 'curry e arroz', parecem oferecer uma gama mais ampla de micronutrientes do que as combinações de refeições geradas aleatoriamente, como 'chips e curry'.

O estudo também énota¡vel, pois apresenta uma colaboração incomum. O coautor do professor Brunstrom éMark Schatzker, jornalista e autor, que também éo escritor residente no Centro de Pesquisa de Dieta e Fisiologia Moderna, afiliado a  Universidade de Yale. Em 2018, os dois se conheceram na Fla³rida na reunia£o anual da Society for the Study of Ingestive Behavior, onde Schatzker fez uma palestra sobre seu livro, The Dorito Effect, que examina como o sabor de alimentos integrais e processados ​​mudou, e as implicações para a saúde e o bem-estar.

Curiosamente, a pesquisa do professor Brunstrom e Mark Schatzker originou-se de um desacordo.

O professor Brunstrom explicou: "Eu assisti Mark dar uma palestra fascinante que desafiava a visão recebida entre os cientistas de nutrição comportamental de que os humanos realmente são procuram calorias nos alimentos. Ele apontou, por exemplo, que vinhos finos, especiarias raras e cogumelos selvagens são muito procurados depois, mas são uma fonte pobre de calorias.

"Isso tudo foi muito intrigante, então fui vaª-lo no final e basicamente disse: 'Boa conversa, mas acho que vocêprovavelmente estãoerrado. Quer testar?' Isso marcou o ini­cio desta jornada maravilhosa, que finalmente sugere que eu estava errado. Longe de ser um generalista um tanto simpla³rio, como se acreditava anteriormente, os humanos parecem possuir uma inteligaªncia perspicaz quando se trata de selecionar uma dieta nutritiva."

Mark Schatzker acrescentou: "A pesquisa levanta questões importantes, especialmente no ambiente alimentar moderno. Por exemplo, nossa fixação cultural com dietas da moda, que limitam ou proa­bem o consumo de certos tipos de alimentos, perturbam ou perturbam essa "inteligaªncia" dietanãtica em maneiras que não entendemos?"

"Estudos mostraram que os animais usam o sabor como um guia para as vitaminas e minerais de que necessitam. Se o sabor desempenha um papel semelhante para os humanos, então podemos estar imbuindo junk food, como batatas fritas e refrigerantes, com um falso 'brilho' de nutrição ao Em outras palavras, a indústria alimenta­cia pode estar virando nossa sabedoria nutricional contra nós, fazendo-nos comer alimentos que normalmente evitara­amos e, assim, contribuindo para a epidemia de obesidade."

 

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