Saúde

Cortar calorias e comer na hora certa do dia leva a uma vida mais longa em camundongos
Uma receita para a longevidade ésimples, se não fa¡cil de seguir: coma menos. Estudos em uma variedade de animais mostraram que restringir calorias pode levar a uma vida mais longa e sauda¡vel.
Por Howard Hughes Medical Institute - 06/05/2022


Experimentos que testaram vários planos de dieta em camundongos descobriram que os animais vivem mais com uma dieta de baixa caloria com períodos de jejum dia¡rio. Crédito: Fernando Augusto / made-for.studio. Usado com permissão.

Uma receita para a longevidade ésimples, se não fa¡cil de seguir: coma menos. Estudos em uma variedade de animais mostraram que restringir calorias pode levar a uma vida mais longa e sauda¡vel.

Agora, uma nova pesquisa sugere que os ritmos dia¡rios do corpo desempenham um papel importante nesse efeito de longevidade. Comer apenas durante a hora mais ativa do dia estendeu substancialmente a vida útil de camundongos em uma dieta de calorias reduzidas, relatou o investigador do Instituto Manãdico Howard Hughes, Joseph Takahashi, e colegas em 5 de maio de 2022, na revista Science .

No estudo de sua equipe com centenas de camundongos ao longo de quatro anos, apenas uma dieta com poucas calorias prolongou a vida dos animais em 10%. Mas alimentar os ratos com a dieta apenas a  noite, quando os ratos estãomais ativos, prolongou a vida em 35%. Essa combinação - uma dieta de calorias reduzidas mais um hora¡rio noturno de alimentação - acrescentou nove meses extras a  expectativa de vida média ta­pica de dois anos dos animais. Para as pessoas, um plano ana¡logo restringiria a alimentação a s horas do dia.

A pesquisa ajuda a desvendar a controvanãrsia em torno dos planos de dieta que enfatizam comer apenas em determinados momentos do dia, diz Takahashi, bia³logo molecular do Centro Manãdico Sudoeste da Universidade do Texas. Esses planos podem não acelerar a perda de peso em humanos , como relatou um estudo recente do New England Journal of Medicine , mas podem trazer benefa­cios a  saúde que se somam a uma vida útil mais longa.

As descobertas da equipe de Takahashi destacam o papel crucial do metabolismo no envelhecimento, diz Sai Krupa Das, cientista de nutrição do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana Jean Mayer USDA sobre Envelhecimento, que não esteve envolvido no trabalho. "Este éum estudo muito promissor e marcante", diz ela.

Fonte da juventude

Danãcadas de pesquisa descobriram que a restrição cala³rica estende a vida útil de animais, desde vermes e moscas atécamundongos, ratos e primatas. Esses experimentos relatam perda de peso , melhor regulação da glicose, pressão arterial mais baixa e inflamação reduzida.
 
Mas tem sido difa­cil estudar sistematicamente a restrição cala³rica em pessoas, que não podem viver em um laboratório e comer porções de comida medidas por toda a vida, diz Das. Ela fez parte da equipe de pesquisa que conduziu o primeiro estudo controlado de restrição cala³rica em humanos, chamado de Avaliação Abrangente dos Efeitos de Longo Prazo da Redução da Ingestãode Energia, ou CALERIE. Nesse estudo, mesmo uma modesta redução de calorias "foi notavelmente benanãfica" para reduzir os sinais de envelhecimento, diz Das.

Os cientistas estãoapenas comea§ando a entender como a restrição cala³rica retarda o envelhecimento nonívelcelular e genanãtico. Amedida que o animal envelhece, os genes ligados a  inflamação tendem a se tornar mais ativos, enquanto os genes que ajudam a regular o metabolismo se tornam menos ativos. O novo estudo de Takahashi descobriu que a restrição cala³rica, especialmente quando programada para o período ativo dos camundongos a  noite, ajudou a compensar essasmudanças genanãticas a  medida que os camundongos envelhecem.

Questãode tempo

Nos últimos anos, surgiram muitos planos de dieta populares que se concentram no que éconhecido como jejum intermitente, como jejuar em dias alternados ou comer apenas durante um período de seis a oito horas por dia. Para desvendar os efeitos das calorias, jejum e ritmos dia¡rios ou circadianos na longevidade, a equipe de Takahashi realizou um extenso experimento de quatro anos. A equipe abrigou centenas de ratos com alimentadores automatizados para controlar quando e quanto cada rato comeu durante toda a sua vida útil.

Alguns dos ratos podiam comer o quanto quisessem, enquanto outros tiveram suas calorias restritas em 30 a 40 por cento. E aqueles em dietas com restrição cala³rica comiam em hora¡rios diferentes. Os ratos alimentados com a dieta de baixa caloria a  noite, durante um período de duas ou 12 horas, viveram mais tempo, descobriu a equipe.

Os resultados sugerem que comer com restrição de tempo tem efeitos positivos no corpo, mesmo que não promova a perda de peso, como sugeriu o estudo do New England Journal of Medicine . Takahashi ressalta que seu estudo também não encontrou diferenças no peso corporal entre camundongos em diferentes hora¡rios de alimentação - "no entanto, encontramos diferenças profundas na expectativa de vida", diz ele.

Rafael de Cabo, pesquisador de gerontologia do Instituto Nacional do Envelhecimento em Baltimore, diz que o artigo da Science "éuma demonstração muito elegante de que, mesmo que vocêesteja restringindo suas calorias , mas não esteja [comendo na hora certa], vocênão obtanãm todos os benefa­cios da restrição cala³rica."

Takahashi espera que aprender como a restrição cala³rica afeta os rela³gios internos do corpo a  medida que envelhecemos ajude os cientistas a encontrar novas maneiras de prolongar a vida sauda¡vel dos seres humanos. Isso pode ocorrer por meio de dietas com restrição cala³rica ou por meio de medicamentos que imitam os efeitos dessas dietas.

Enquanto isso, Takahashi estãoaprendendo com seus camundongos osele restringe sua própria alimentação a um período de 12 horas. Mas, diz ele, "se encontrarmos uma droga que possa aumentar seu rela³gio, podemos testa¡-la em laboratório e ver se isso prolonga a vida útil ".

 

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