Saúde

Neurocientistas da Johns Hopkins encontram mecanismo cerebral ligado a  perda de memória relacionada a  idade
Amedida que o cérebro envelhece, uma regia£o do hipocampo fica desequilibrada, causando esquecimento. Os cientistas dizem que entender essa regia£o do cérebro e sua funa§a£o...
Por Rachel Wallach - 22/05/2022


Imagem Getty

Trabalhando com ratos, neurocientistas da Universidade Johns Hopkins identificaram um mecanismo no cérebro responsável por um tipo comum de perda de memória relacionada a  idade. O trabalho, publicado na Current Biology , lana§a luz sobre o funcionamento dos cérebros envelhecidos e pode aprofundar nossa compreensão da doença de Alzheimer e distúrbios semelhantes em humanos.

"Estamos tentando entender a memória normal e por que uma parte do cérebro chamada hipocampo étão cra­tica para a memória normal", disse o autor saªnior James Knierim , professor do Zanvyl Krieger Mind/Brain Institute da universidade . "Mas também com muitos distúrbios de memória, algo estãoerrado com esta área."

Os neurocientistas sabem que os neura´nios do hipocampo, localizados nas profundezas do lobo temporal do cérebro, são responsa¡veis ​​por um par complementar de funções de memória chamadas separação de padraµes e conclusão de padraµes. Essas funções ocorrem em um gradiente em uma pequena regia£o do hipocampo chamada CA3.

Em cérebros normais, a separação de padraµes e a conclusão de padraµes trabalham lado a lado para classificar e dar sentido a s percepções e experiências, das mais ba¡sicas a s mais complexas. Se vocêvisitar um restaurante com sua familia e um maªs depois vocêvisitar o mesmo restaurante com amigos, vocêdeve ser capaz de reconhecer que era o mesmo restaurante, mesmo que alguns detalhes tenham mudado osisso éconclusão de padra£o. Mas vocêtambém precisa se lembrar de qual conversa aconteceu quando, para não confundir as duas experiências osisso éseparação de padraµes.

"ESTAMOS TENTANDO ENTENDER A MEMa“RIA NORMAL E POR QUE UMA PARTE DO Ca‰REBRO CHAMADA HIPOCAMPO a‰ TaƒO CRaTICA PARA A MEMa“RIA NORMAL. MAS TAMBa‰M COM MUITOS DISTašRBIOS DE MEMa“RIA, ALGO ESTa ERRADO COM ESSA aREA."

James Knierim
Instituto Mente/Canãrebro

Quando essas funções ficam desequilibradas, a memória fica prejudicada, causando sintomas como esquecimento ou repetição. A equipe da Johns Hopkins descobriu que a  medida que o cérebro envelhece, esse desequila­brio pode ser causado pelo desaparecimento do gradiente CA3; a função de separação de padraµes desaparece e a função de conclusão de padraµes assume.

Os neura´nios responsa¡veis ​​pela separação de padraµes são tipicamente mais prevalentes na regia£o proximal da área CA3, enquanto os responsa¡veis ​​pela conclusão do padrãosão predominantes na regia£o distal, disse o principal autor Heekyung Lee, cientista assistente de pesquisa do Mind/Brain Institute. Com o envelhecimento, a atividade neural na regia£o proximal torna-se hiperativa e a interação entre as duas regiaµes torna-se anormal, criando uma predomina¢ncia na conclusão do padra£o.

Quando a separação do padrãodesaparece, a conclusão do padrãodomina o processo. No exemplo do restaurante, seu cérebro pode se concentrar na experiência comum do restaurante, excluindo os detalhes das visitas separadas, levando vocêa se lembrar de uma conversa que ocorreu durante uma visita, mas confundir quem estava falando. "Todos noscometemos esses erros, mas eles tendem a piorar com o envelhecimento", disse Knierim.

Em experimentos, os pesquisadores compararam ratos jovens com memórias intactas a dois grupos de ratos mais velhos: um grupo com memórias intactas e um grupo com memórias prejudicadas. Enquanto os ratos mais velhos com memórias intactas realizavam tarefas de labirinto aqua¡tico, assim como ratos jovens, os neura´nios nas regiaµes CA3 de seus hipocampos já estavam comea§ando a favorecer a conclusão de padraµes em detrimento da separação de padraµes. Como esse achado fisiola³gico não havia aparecido em seu comportamento, os pesquisadores conclua­ram que algo estava permitindo que os ratos compensassem o danãficit.

Essa descoberta ecoa em humanos que permanecem surpreendentemente afiados em seus anos mais velhos, dizem os pesquisadores. Portanto, identificar o mecanismo de perda de memória pode lana§ar as bases para aprender o que impede o comprometimento da memória em alguns humanos e, portanto, como prevenir ou retardar o decla­nio cognitivo em idosos.

"Se pudermos entender melhor quais são esses mecanismos compensata³rios, talvez possamos ajudar a prevenir o decla­nio cognitivo com o envelhecimento", disse Knierim. "Ou, se não pudermos impedir, talvez possamos melhorar outras partes do cérebro para compensar as perdas que estãoocorrendo."

Outros autores seniores do artigo foram Michela Gallagher , professora de psicologia e neurociaªncia, e Scott Zeger , professor de bioestata­stica da Escola Bloomberg de Saúde Paºblica da Johns Hopkins. O laboratório de Gallagher demonstrou anteriormente que o medicamento antiepilanãptico Levetiracetam melhora o desempenho da memória, reduzindo a hiperatividade no hipocampo. Então Lee também especula que essas novas informações mais especa­ficas sobre como ocorre o comprometimento da memória podem permitir que os cientistas direcionem melhor essas drogas para os danãficits no futuro.

"Isso nos daria melhor controle de onde podera­amos direcionar os danãficits que vemos", disse ela.

Os outros coautores do artigo foram Zitong Wang, Arjuna Tillekeratne, Nick Lukish e Vyash Puliyadi, todos da Johns Hopkins.

 

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