Talento

A arte e a ciência de permanecer firmes
Mindy Bishop encontra conexões entre inteligaªncia artificial, energia sustenta¡vel e atendimento ao paciente
Por Joelle Carson - 05/01/2021


Mindy Bishop. Foto: Sarah Bastille Photography

“NA ENGENHARIA ELa‰TRICA, MUITAS VEZES ME surpreendo com o conceito simples de um switch - que éessencialmente o que os transistores são, os minaºsculos dispositivos de que os sistemas de computação são feitos”, diz Mindy D. Bishop, uma estudante de doutorado em Harvard-MIT Programa em Ciências e Tecnologia da Saúde (HST) no Instituto de Engenharia e Ciência Manãdica do MIT. “a‰ verdadeiramente inspirador como algo tão simples pode ser aproveitado, por meio de muitas camadas de abstração, para fazer tantas coisas diferentes, desde digitar um e-mail atévideoconferaªncia e aproveitar a inteligaªncia artificial sofisticada.”

A jornada de Bishop pela academia contanãm váriasmudanças de uma mira­ade de interruptores. Nãosão muitos os alunos de PhD do MIT que ira£o lhe dizer que tiveram dificuldades com a¡lgebra no colanãgio, não tiveram aulas de ciências antes de ingressar na faculdade comunita¡ria e, originalmente, seguiram a carreira de baixista de jazz. Mas o caminho de Bishop não éexatamente convencional. Depois de lidar com o abuso e as consequaªncias psicológicas do trauma durante o ini­cio de sua carreira musical, ela recebeu um diagnóstico de transtorno bipolar, que despertou seu interesse pela ciência enquanto investigava a dina¢mica química de seu pra³prio cérebro.

“Já que os conceitos cienta­ficos por trás do meu diagnóstico eram novos para mim, percebi que realmente não sabia nada sobre o mundo fa­sico”, lembra Bishop. “E aos poucos, tudo o que vi se tornou um mistanãrio. A maneira como os carros funcionam, como eu podia ouvir a voz de alguém no meu celular a  distância, eletricidade, o que écâncer e por que nossos corpos são tão estranhos por dentro. Eu queria saber tudo. ” Ela acabou se matriculando em a¡lgebra intermedia¡ria e química introduta³ria em uma faculdade comunita¡ria e, finalmente, se formou em bioengenharia e ciência de materiais e engenharia pela Universidade da Califórnia em Berkeley. “Estudar ciência me permitiu treinar minha mente de uma forma consistente, fundamentada e incrivelmente espiritual.”

A liberdade de ser criativo

Ao considerar as escolas de pós-graduação, Bishop descreve se sentir mais “em casa” com as pessoas do HST, o que édistinto por seu curra­culo para engenheiros e cientistas que estãodesenvolvendo inovações centradas no paciente para prevenir, diagnosticar e tratar doena§as. “Durante a entrevista, senti que poderia ser mais expansiva sobre as coisas em que estava pensando e escolher o que estudar do lado da ciência e da engenharia, enquanto ainda obtive o treinamento médico”, explica ela. “Gosto do fato de que abrange todo o espectro, desde cuidar de pacientes individuais no hospital atéo desenvolvimento de novas tecnologias em qualquer campo que possa ter amplas implicações para toda a humanidade”.

Esse potencial de pensamento expansivo significa que Bishop estara¡ equipada para seguir uma sanãrie de caminhos diferentes quando receber seu doutorado. Em junho de 2020, ela foi a autora principal de um artigo publicado na Nature em que ela e seus colaboradores no laboratório de Max Shulaker, um professor associado de engenharia elanãtrica e ciência da computação do MIT, demonstraram que os transistores de nanotubos de carbono podem ser feitos rapidamente em instalações comerciais com o mesmo equipamento usado para fabricar transistores baseados em sila­cio, que são a espinha dorsal da indústria de computação. Como os transistores de nanotubos de carbono e as arquiteturas 3-D que eles permitem prometem ganhos substanciais no desempenho de computação em relação aos seus homa³logos de sila­cio, as implicações são enormes para consumidores individuais e gigantes da indaºstria.

Este estudo recente éapenas uma faceta da pesquisa de Bishop e um exemplo de nanotecnologia em funcionamento. Em 2020, ela recebeu uma das primeiras bolsas do Programa MIT-Takeda, que foi projetado para fomentar o desenvolvimento e aplicação de recursos de inteligaªncia artificial (IA) para beneficiar a saúde humana e o desenvolvimento de medicamentos. “A beleza de trabalhar com nanomateriais emergentes, como os nanotubos de carbono, éque estamos constantemente encontrando maneiras de usar suas propriedades de novas maneiras”, diz Bishop. “Estamos apenas comea§ando nossa investigação desse novo terreno.”

Nesse mar de possibilidades, diz ela, a liberdade que uma irmandade proporciona éimportante. “O financiamento da bolsa de estudos me deu mais liberdade para pensar realmente sobre a melhor maneira de proceder”, diz ela.

Fazendo conexões para um mundo melhor

O que os semicondutores tem a ver com o atendimento ao paciente e a condição humana em geral? Muito, de acordo com Bishop. “Hoje, a tecnologia estãoa­ntima e exponencialmente conectada a  nossa vida cotidiana”, diz ela. “Eu me pergunto como podemos aprender com o quanto enormemente lucrativo e transformador o setor de semicondutores se tornou para ajudar a resolver alguns de nossos maiores problemas.”

Esses problemas variam de ameaa§as abrangentes como a mudança climática, mas também, aos olhos de Bishop, como cuidamos dos indivíduos em um sentido médico e espiritual. “Temos bilhaµes de pessoas incra­veis e lindas no planeta para cuidar em todos os sentidos da palavra. Temos tudo o que precisamos para fazer isso; são temos que limpar algumas das baguna§as que fizemos ao longo do caminho e usar tudo o que sabemos para fechar o ca­rculo para algo sustenta¡vel. ”

Alunos de pós-graduação do MIT estãorealizando muitas dessas pesquisas. “Se alguém estãoconsiderando financiar uma bolsa de pós-graduação no MIT, eu o encorajaria a fazer isso”, diz Bishop. “Na³s faremos o trabalho.”

 

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