Pesquisadores da USP Ribeira£o Preto criam esteira capaz de avaliar a fadiga de corredores
Premiado em principal evento de inteligaªncia artificial do Brasil, equipamento pode prevenir lesões em corredores com custo seis vezes menor que outros modelos nacionais
Sistema inteligente da esteira avalia a fadiga do corredor, prevendo o padrãode corrida da pessoa e se ela estãocansada ou descansada. Foto: Cedida pelo pesquisador
A tecnologia evoluiu muito ao longo dos anos e, hoje, estãocada vez mais presente em todas as áreas. Ao mesmo tempo, o número de pessoas preocupadas com a saúde e que começam a praticar exercacios fasicos também aumentou. Unir tecnologia e esporte, então, se tornou um trabalho essencial, principalmente para evitar lesões naqueles que estãoiniciando na prática .Â
Nesse contexto, pesquisadores da USP Ribeira£o Preto desenvolveram uma esteira com sensores e sistema inteligente capaz de avaliar a fadiga de um corredor. A nova tecnologia nacional éexplicada por Sanãrgio Baldo Jaºnior, aluno do curso de Informa¡tica Biomédica da Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP e responsável pelo projeto. “A partir de sinais de força, épossível extrair algumas caracteristicas dele e, junto com o uso de redes neurais artificiais, épossível prever o padrãode corrida dessa pessoa e se ela estãocansada ou descansada.â€
O professor Renato Tinós, da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeira£o Preto (FFCLRP) da USP e orientador de Baldo Jaºnior, conta que toda a análise épossível pela rede de inteligaªncia artificial acoplada diretamente no equipamento e que armazena os dados dos sensores. “A pessoa corre na esteira e essa base de dados vai ser usada para treinar a rede neural, que depois vai ser capaz de classificar o padrãode corrida dessa pessoa.â€
Esteira Ergomanãtrica
Conta com 4 células de carga utilizadas como sensores de força vertical
Os sinais de força emitidos por cada canãlula de carga passam por um amplificacor de sinal
Uma canãlula de carga aclopada na base da esteiraÂ
Sa£o enviados por canais diferentes para uma placa de aquisição dados
Software MATLAB para a gravação dos sinais em tempo real
Segundo os pesquisadores, trata-se de uma esteira que envolve um altonívelde controle, com sensores e motores que chegam a 40 ou 50 quila´metros por hora (km/h). Atualmente, as esteiras semelhantes existentes no mercado nacional podem custar atéR$ 120 mil, já os modelos importados podem chegar a US$ 230 mil. Os altos custos e a importa¢ncia, principalmente para a pesquisa nacional, de equipamento preciso e mais acessavel motivaram os pesquisadores a desenvolver o projeto.
a‰ o que argumenta o outro orientador de Baldo Jaºnior, o professor Paulo Santiago, da Escola de Educação Fasica e Esporte (EEFERP) da USP. “Pela impossibilidade de comprar equipamentos como esse, surgiu a ideia de construir a nossa própria esteiraâ€. E, segundo avaliação do professor, obtiveram uma nova esteira ainda melhor que uma importada. “O motor émais potente e o valor, muito mais baratoâ€, garante, ressaltando que o custo da esteira que desenvolveram não passa dos R$ 20 mil.
A importa¢ncia cientafica e acadaªmica da esteira da USP édestacada por Santiago que afirma ter desenvolvido uma unidade “barata e de excelente qualidade para uso em pesquisas que necessitam de um monitoramento preciso e refinado para corredores de alto navelâ€. Além do que, pode também beneficiar a população já que a ideia éque a esteira chegue ao mercado. “Ela vai ajudar a monitorar as cargas de treino para, pelo menos, a pessoa saber quando estãocansada ou descansada, o que pode ajudar a prevenir dores e lesõesâ€, destaca o professor Santiago.
Projeto premiado
Usar inteligaªncia artificial na prática de exercacios fasicos, com o poder de evitar lesões, fez o trabalho da USP Ribeira£o Preto ser premiado no 16º Encontro Nacional de Inteligaªncia Artificial e Computacional (ENIAC 2020). O evento, que discute as inovações, tendaªncias, experiências e evolução nos campos de Inteligaªncia Artificial e Computacional, foi realizado on-line entre 20 e 23 de outubro.
O reconhecimento do projeto pelo meio cientafico foi recebido pelo acadêmico Baldo Jaºnior num “misto de orgulho e alegriaâ€, como ele mesmo descreve seu sentimento. Para o aluno, ganhar o praªmio em um evento desseníveléalgo muito difacil e o fato o deixa muito animado a continuar, já que seu “trabalho foi reconhecido por quem éreferaªncia na áreaâ€.
O projeto “Uso de redes neurais artificias para classificar padraµes de corrida em esteira ergomanãtrica em esportes de alto desenvolvimento†foi financiado pela Pra³-Reitoria de Pesquisa da USP, pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientafico e Tecnola³gico (CNPq).