Talento

Fomentando a pesquisa e orientação em ciência dos materiais
O programa de esta¡gio online MICRO traz oportunidades remotas para graduandos.
Por Janine Liberdade - 05/03/2022


Rachel Myers, uma das primeiras participantes do programa de esta¡gio MICRO do DMSE, também veio ao campus do MIT para o Quantitative Methods Workshop em janeiro. Foto: Canãcile Chazot

Rachel Myers tinha apenas 3 anos quando sua ma£e foi diagnosticada com câncer de mama. Já uma criana§a com mentalidade cienta­fica, observar a resiliencia de sua ma£e diante dos tratamentos invasivos a deixou intimamente familiarizada com os sintomas e efeitos colaterais do tratamento do ca¢ncer. Durante um esta¡gio no ensino manãdio no National Institutes of Health ela se apaixonou pela biomedicina — “Vi pessoas que se pareciam comigo no campo, o que não era algo que eu estava acostumada antes” — e decidiu seguir sua conexão pessoal com ciência em uma carreira.

Agora, calouro na Universidade de Maryland, no condado de Baltimore, com especialização em engenharia química, Myers éum dos sete alunos de graduação de todos os Estados Unidos a participar do novo programa Materials Initiative for Comprehensive Research Opportunity (MICRO), um esta¡gio de pesquisa on-line totalmente remoto do Departamento de Ciência e Engenharia de Materiais (DMSE). Os interesses de pesquisa de Myers estãofocados no uso de nanoparta­culas como terapaªuticas de entrega de medicamentos para câncer de mama e outras doenças crônicas, e o programa MICRO ofereceu uma oportunidade sem precedentes de acesso a conhecimentos, orientação e abordagens a  biomedicina que, de outra forma, poderiam ter ficado fora do alcance dos estudantes de graduação.

O melhor do aprendizado e da pesquisa on-line

O programa de esta¡gio MICRO foi lana§ado em setembro passado, financiado por uma bolsa de Inovação no Ensino Superior do Abdul Latif Jameel World Education Lab (J-WEL) e orquestrado pelos estudantes de pós-graduação da DMSE Canãcile Chazot e Max L'Etoile, cientista do Digital Learning Lab Jessica Sandland, e os professores Alfredo Alexander-Katz e Christine Ortiz. O MICRO visa oferecer oportunidades a uma população mais ampla e diversificada de estudantes talentosos de graduação em instituições não pertencentes ao MIT que estãoconsiderando a pós-graduação ou uma carreira em um campo relacionado a  pesquisa. Projetado desde o ini­cio como um programa on-line, o MICRO se baseou na experiência do MITx Digital Learning Lab, bem como nas lições mais importantes da mudança para o aprendizado remoto durante a pandemia.

“A natureza remota do programa remove uma barreira potencial ao acesso osos alunos podem participar mesmo que não possam passar um semestre no MIT. Um programa remoto também permite que os alunos participem por semestres consecutivos, dando-lhes maior continuidade em suas pesquisas”, diz Jessica Sandland PhD '05, que éprofessora de DMSE e trabalha com professores para criar cursos para o MITx e incorporar tecnologias mistas e digitais em a sala de aula.

Um semestre em seu esta¡gio, Myers achou o programa online rigoroso e excepcionalmente recompensador. O esta¡gio tem dois componentes: pesquisa - trabalhando diretamente com o corpo docente do MIT e educação - tarefas gerais para dar aos alunos uma sãolida compreensão da ciência dos materiais como um campo.

Myers estãotrabalhando com Joelle Straehla no laboratório da professora Paula Hammond para usar o nanoPRISM para identificar os determinantes gena´micos do tra¡fego de nanoparta­culas nas células. “O maior desafio se resume a aprender novas técnicas em meu laboratório, sendo exposto a novas linguagens de codificação que eu não aprendi antes. Como não tenho um programa de ciência de materiais em casa, pensar como uma cientista de materiais tem sido um novo desafio para mim”, diz ela.

“Rachel superou minhas expectativas e taª-la como mentora remota foi uma experiência positiva para nosdois”, diz Straehla. “Estou ansioso para continuar apoiando Rachel em sua jornada enquanto ela se candidata a escolas de pós-graduação.”

Os estagia¡rios se limitam a participar de pesquisas que podem fazer remotamente, como simulações, análise de dados e modelagem computacional. A equipe do programa se esforçou muito para projetar tarefas, fluxos de trabalho e experiências que capitalizassem o formato online, em vez de contorna¡-lo.

“Foi bem projetado para uma comunidade online. A equipe do MICRO trabalhou com os pesquisadores antes de nos designar para garantir que o trabalho fosse significativo. Parecia muito estratanãgico, e não como se tivesse sido inventado ou como um plano de backup”, diz Myers. “Meu trabalho épuramente computacional, mas alguns outros alunos tinham elementos de laboratório aºmido nos quais colaboraram em suas escolas de origem. Fiz muita análise de dados, mas ainda parece que estou fazendo contribuições muito centrais e significativas por meio do meu trabalho.”

O formato de aprendizado écuidadosamente estruturado, com palestras semanais em va­deo sobre ciência e engenharia de materiais do corpo docente do MIT, incorporando reflexões escritas e discussaµes em fa³runs em grupo. Outras tarefas promovem habilidades de comunicação cienta­fica, como escrever revisaµes de literatura e propostas de pesquisa, uma oficina de redação e uma apresentação final no final do semestre.

Claro, hálguns toques extras para levar para casa a experiência do MIT: “Enquanto assista­amos a uma palestra do professor Jeffrey Grossman, recebemos sacolas de presentes da equipe MICRO. O professor Grossman faz muito trabalho interativo com seus alunos, então a equipe do MICRO nos enviou materiais para construir células unita¡rias e fazer outros exerca­cios, o que tornou uma experiência já profunda ainda mais divertida e envolvente.”

A estudante de doutorado Canãcile Chazot também orientou os estagia¡rios durante o processo de submissão de resumos e criação de pa´steres para uma conferaªncia de pesquisa. “O feedback dela foi muito útil, porque foi a primeira vez que apresentei minha própria pesquisa em uma conferaªncia nacional”, diz Myers, que ganhou o Praªmio de Apresentação Excepcional na ABRCMS , a Conferência Anual de Pesquisa Biomédica para Estudantes de Minorias.

Uma abordagem consciente para a mentoria

A parte mais importante de fazer o MICRO funcionar como um esta¡gio online épromover relacionamentos genua­nos entre os estagia¡rios e seus mentores. Os alunos de pós-graduação Chazot e L'Etoile tem sido uma importante fonte de apoio e aconselhamento, servindo como mentores profissionais, ajudando a navegar no processo de admissão de pós-graduação e fornecendo conselhos sobre pedidos de bolsas, além de liderar tarefas e discussaµes.

Chazot também desenvolveu um amplo conjunto de planilhas de treinamento de mentores/orientados. Estes abordaram uma ampla gama de tópicos, desde o planejamento de um bom projeto de pesquisa remota atéa comunicação de maneira eficaz e inclusiva durante o trabalho remoto. Com base na pesquisa atual sobre as melhores prática s em aprendizado online, diversidade e inclusão e muito mais, os treinamentos ofereceram insights aprofundados sobre como mitigar a ameaça de esterea³tipos, pistas situacionais, status individual e sub-representação e carga cognitiva. Cada treinamento destacou objetivos, exemplos e enquadramento específicos com o objetivo de melhorar a confiana§a, o conforto e o desempenho de mentores e estagia¡rios.

“Minha parte favorita do programa tem sido os relacionamentos que conseguimos construir com o corpo docente da MICRO e nossos mentores em um ambiente online. Foi muito bem planejado e nos deu a confianção de que precisa¡vamos para progredir como cientistas”, diz Myers. “Muitos de nosnão tiveram uma experiência tão extensa na escola quanto quera­amos por causa do Covid, e esse programa realmente nos ajudou a superar isso. Eles foram realmente intencionais em incutir confianção em nós.”

Esse foco na orientação também fala da missão mais ampla da MICRO de tornar o campo da ciência dos materiais mais acessa­vel, mais inclusivo e mais povoado por pessoas que tem orientação e inclusão como objetivos principais.

Esse objetivo atinge Myers, que quer trazer o maior número possí­vel de jovens osespecialmente estudantes de cor ospara o campo da ciência “Quero mostrar a eles como a pesquisa realmente ée como pode ser emocionante, e leva¡-los a isso e ajuda¡-los a se verem nela”, diz ela. “Amedida que envelhea§o, gostaria de ser investigador principal e comunicador de ciência Minha ambição foi reforçada durante a pandemia ao ver pessoas em minha comunidade, a comunidade afro-americana, lutando tanto com a ciência do que estãoacontecendo, especialmente porque fomos deixados de fora historicamente”.

Aumento da demanda por oportunidades online

O primeiro grupo de pesquisadores de graduação do MICRO terminou seu primeiro semestre em dezembro, e seis dos sete estagia¡rios, incluindo Myers, continuam pelo menos atéo semestre da primavera. A DMSE espera continuar a executar e expandir o programa.

“Embora o MICRO esteja apenas em seu primeiro ano, conseguimos aceitar menos de 10% dos candidatos ao programa”, diz Sandland, observando que háclaramente um apetite por oportunidades de pesquisa online do calibre do MIT.

“Acho que a pandemia nos ensinou que hámuitas coisas que podemos fazer com sucesso online que nunca pensa¡vamos em fazer online”, diz ela. “Certamente, existem limitações para os tipos de pesquisa que um aluno pode fazer remotamente, mas descobrimos que realmente existem muitas maneiras pelas quais um aluno pode fazer uma contribuição significativa para a pesquisa em andamento no MIT, mesmo que não possa estar fisicamente no laboratório”.

 

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