A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que 400 mil pessoas sejam vitimas de problemas cardaacos nopaís. 18,4 milhões de brasileiros estãocom altos naveis de colesterol no sangue, o que éconsiderado um fator de risco.
O pedido de patente foi feito junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)
pela Agência de Inovação Inova Unicamp que também foi responsável pela l
icena§a junto a empresa recanãm fundada.
Os problemas de coração são os que mais matam nopaís. Dois a³bitos são registrados a cada três minutos. E atéo fim do ano, a Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que 400 mil pessoas sejam vitimas de problemas cardaacos nopaís. 18,4 milhões de brasileiros estãocom altos naveis de colesterol no sangue, o que éconsiderado um fator de risco.
Preocupada com esses números, a startup Cognita Technology osformada por alunos e ex-alunos da Unicamp ostrabalha com nanotecnologia para aumentar a oferta de alimentos funcionais que ajudam no controle do colesterol. Pensando nisso, foi desenvolvida uma nova tecnologia, já patenteada, que usa nanoestruturas lipadicas, feita de a³leos convencionais, para carrear compostos bioativos em alimentos, mantendo sua estabilidade sem promover alterações indesejadas nos produtos onde são adicionados.
Esses compostos são fitoestera³is, estera³is vegetais, naturalmente presentes em alguns gra£os e a³leos, como por exemplo, na soja. Eles atuam como redutores do colesterol sanguaneo, pois competem com o esterol de origem animal, o colesterol, no momento da absorção. Estão presentes também, em outros alimentos de origem vegetal, mas em pequenas proporções. Desta forma, a quantidade de fitoestera³is consumida pelas pessoas ainda fica muito abaixo do recomendado para a redução dos naveis de colesterol sanguaneo.
As nanopartaculas com fitoestera³is foram desenvolvidas durante a pesquisa de doutorado da química de alimentos, Valeria da Silva Santos, orientada em parceria pelas professoras Maria Helena Andrade Santana, da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) e Ana Paula Badan Ribeiro, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), da Unicamp. O pedido de patente foi feito junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) pela Agência de Inovação Inova Unicamp que também foi responsável pela licena§a junto a empresa recanãm fundada.
Ana Paula explica que existem dois tipos de fitoestera³is na natureza. O esterificado éligado a uma molanãcula de a¡cido graxo e, por isso, ésolaºvel em a³leo, já sendo usado pela indústria alimentacia em apenas uma margarina disponavel comercialmente no Brasil. Já o fitoesterol livre écerca de dez vezes mais eficaz para redução do colesterol, poranãm insolaºvel. Quando adicionado a alimentos, os fitoestera³is livres se cristalizam, precipitam e, em geral, não são incorporados de forma eficaz.
As nanopartaculas foram desenvolvidas, justamente, para revestir os fitoestera³is livres e evitar essa cristalização indesejada, o que pode ocasionar a separação de fases nos produtos onde eles são adicionados. Elas são feitas a partir de a³leos convencionais como o de soja, canola, girassol e outras gorduras vegetais comestaveis, que também são fontes naturais de fitoestera³is. Segundo Ana Paula, essa éa primeira patente no mundo a usar tal tecnologia:
“A tecnologia não requer nenhuma santese química, não temos nenhum processo que envolva o uso de solvente. a‰ um processo que estãototalmente dentro do contexto da indústria de a³leos e gorduras.â€, avalia a docente da FEA.
Como funciona
Dispersa numa emulsão de águae a³leo, a substância de interesse éatraada para dentro da partacula por afinidade fasico-química, após um processo de cisalhamento feito em alta pressão. Já revestidos, os fitoestera³is podem ser incorporados como ingrediente no preparo de diversos produtos, em larga escala; como iogurtes, bebidas la¡cteas, bebidas vegetais, sucos, entre outros.
As nanopartaculas lipadicas podem ainda ser usadas para incorporar outros bioativos, dando margem para o enriquecimento nutricional de alimentos com uma sanãrie de outras substâncias funcionais como vitaminas, polifena³is, carotena³ides e a´mega 3. As nanopartaculas de fitoestera³is, feitas a partir de a³leo de girassol, já foram testadas num prota³tipo de iogurte. E o prea§o final do produto mostrou-se competitivo entre outras opções de iogurtes funcionais disponíveis no mercado.
Valeria, que também édiretora técnica da startup, explica que para a comprovação de segurança das nanoestruturas, elas foram submetidas a testes laboratoriais in vitro e in vivo. Os resultados descartam qualquer perigo ao consumo e a expectativa éque o primeiro produto no modelo B2C (Business to Consumer) seja lana§ado em 2021 pela startup Cognita Technologies:
“Sera¡ um suplemento alimentar para auxiliar na redução de colesterol, na forma laquida, em sachaª que podera¡ ser consumido puro ou adicionado em alimentos. Sendo uma opção versa¡til, principalmente para pessoas que tem dificuldade de consumir ca¡psulas gelatinosas.â€, comenta Valeria sobre o modelo de nega³cios da empresa.
A startup, que licenciou a patente em cara¡ter não-exclusivo, também pretende comercializar as nanopartaculas enriquecidas com fitoestera³is para empresas interessadas do setor alimentacio.
“Elas podem ainda serem usadas em rações para nutrição animal e na indústria cosmanãtica. Para isso, ainda precisamos da aprovação da Agência Nacional de Vigila¢ncia Sanita¡ria (ANVISA), por se tratar de um produto inovador desenvolvido com nanotecnologia.â€, antecipa a empreendedora.