Tecnologia Científica

Pesquisadores desenvolvem escala para avaliar dor em ovelhas
A ferramenta ésimples e traz importante apelo para o bem-estar desses animais.
Por Caroline Marques Maia - 01/11/2020


Doma­nio publico

Pesquisadores da Unesp de Botucatu coordenados pelo médico veterina¡rio Stelio Pacca Loureiro Luna, docente da Faculdade de Medicina Veterina¡ria e Zootecnia (FMVZ), recentemente publicaram um artigo na revista Plos One que traz uma escala validada para avaliação de dor em ovinos. Essa escala ébaseada nas alterações comportamentais que esses animais demonstram quando sentem dor e pode ser facilmente utilizada a partir da observação visual. O estudo, que recebeu apoio da Fapesp, reforça a importa¢ncia das considerações de bem-estar em ovelhas, que frequentemente são submetidas a procedimentos dolorosos.

A pesquisa tem destaque na área, pois embora já existam outras escalas para avaliar dor em ovelhas, éa primeira vez que háuma forte validação estata­stica. “Na literatura já existem escalas para avaliar dor em cordeiros submetidos a  castração e ao corte de cauda, além de estudos mais recentes sobre expressão facial, mas a nossa escala épioneira por ter sido elaborada a partir de um avaliação minuciosa do comportamento de animais adultos e também validada com análise estata­stica robusta”, comenta Nuno Figueiredo Silva, doutorando que éautor do artigo. Segundo Stelio, todos os outros manãtodos já existentes para avaliar dor em ovinos são apenas experimentais, não sendo aplica¡veis em situações de produção.

Por ser baseada em comportamentos, a escala ésimples e fa¡cil de ser usada. “Nãoprecisa de equipamento ou contenção das ovelhas, de forma que não gera estresse para os animais e não tem custo”, pontua Stelio. Entretanto, não foi fa¡cil desenvolver a pesquisa, já que as ovelhas expressam menos comportamentos associados a  dor que outros animais. “Ovinos operados não lambem a ferida cirúrgica e, comparados com outros ruminantes como bovinos e caprinos, ovelhas com dor não vocalizam”, destaca Nuno. Outra dificuldade foi definir os comportamentos alterados pela dor. “Foram muitas horas de filmagem seguidas de um trabalho extenuante de avaliação de cada comportamento, além de toda análise estata­stica”, lembra o docente.

Segundo Stelio, como a escala define uma pontuação limite que indica a necessidade de intervenção analganãsica, isso deve ajudar a melhorar o tratamento da dor nesses animais de forma objetiva. Assim, os resultados do estudo trazem um importante apelo para considerações de bem-estar em ovelhas, que são animais frequentemente expostos a procedimentos dolorosos. “Os ovinos são submetidos a  castração, corte da cauda, remoção da la£ e marcação na orelha sem a utilização devida de anestesia ou analgesia”, lembra Nuno.

Além de serem animais de produção, as ovelhas são importantes modelos experimentais para pesquisas em humanos, o que reforça a necessidade de melhorar a qualidade de vida desses animais. “Depois dos sua­nos, os ovinos são a espanãcie mais utilizada como modelo pré-cla­nico para investigações cienta­ficas em humanos”, destaca Nuno. “Sa³ para se ter uma ideia, 60 mil ovelhas foram usadas para pesquisas cienta­ficas na Unia£o Europeia em 2014, e elas representam a segunda espanãcie mais usada para fins de ensino, estando a  frente inclusive dos ca£es”, finaliza Stelio.

 

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