Tecnologia Científica

Canãlulas que esperam o inesperado
Pesquisadores da Columbia no laboratório do professor Rafael Yuste descobrem neura´nios que detectam novos esta­mulos.
Por Eve Glasberg - 07/04/2021


Neura´nios no cérebro de ratos vivos tirados com microscopia de dois fa³tons do laboratório do professor Rafael Yuste. Os neura´nios, que residem em camadas superficiais do cortex visual prima¡rio, expressam um indicador fluorescente de ca¡lcio (GCaMP6f), que permite o registro da atividade neuronal in vivo. As células de detecção de novidades identificadas experimentalmente são destacadas em vermelho.

Somos constantemente inundados com esta­mulos sensoriais em nossos ambientes, totalizando mais informações do que podemos processar com eficiência. Mas o cérebro nos protege desse ataque. Danãcadas de pesquisa sugeriram que nossos cérebros suprimem automaticamente as respostas a esta­mulos previsa­veis, mas aumentam as respostas a novos esta­mulos. No entanto, essa detecção automa¡tica de novidades édeficiente em pessoas com transtornos psica³ticos importantes, como a esquizofrenia, aparente mesmo antes do primeiro episãodio sintoma¡tico. 

Como o cérebro écapaz de realizar a detecção de novidades permanece um mistanãrio. Um grupo de neurocientistas de Columbia no laboratório do professor de Ciências Biola³gicas Rafael Yuste estudou recentemente a atividade cerebral evocada visualmente em camundongos, usando testes semelhantes aos usados ​​em humanos com esquizofrenia. Ao pesquisar a atividade em centenas de neura´nios, eles descobriram que alguns neura´nios nas camadas superiores do cortex cerebral responderam seletivamente a novos esta­mulos sensoriais.

"A noção de que essas respostas cerebrais impulsionadas pela novidade são exibidas em apenas um subconjunto dos neura´nios foi surpreendente para nós", disse o Dr. Jordan Hamm, ex-pesquisador de pa³s-doutorado no laboratório de Yuste e principal autor de um estudo publicado recentemente no Proceedings of a National Academy of Sciences , que documenta neura´nios com essas propriedades funcionais. “Esta éuma virada de jogo em potencial para como os danãficits sensoriais são estudados e compreendidos na psiquiatria.”

Grupos Seletivos de Neura´nios

Pesquisas anteriores em humanos para estudar como o cérebro processa a novidade normalmente envolviam gravações em grande escala, como a eletroencefalografia. Esse trabalho forneceu uma imagem um tanto enganosa de como o cérebro realmente codifica um evento inesperado, sugerindo uma resposta ampla de toda a população a novos esta­mulos. A equipe do Columbia agora mostra que a detecção de novidades anã, de fato, realizada por grupos seletivos de neura´nios.

Para fazer essa descoberta, a equipe usou imagens de ca¡lcio de dois fa³tons, um tipo de neuroimagem que eles ajudaram a criar, que pode resolver a atividade cerebral viva em uma regia£o inteira com resolução de neura´nio aºnico.

“Uma coisa nota¡vel sobre essas células de detecção de novidades éque elas mostram conexões de função fortes e persistentes umas com as outras, formando um conjunto especializado de detecção de novidades, mas elas estãomisturadas com outras células, fazendo outras coisas”, disse Yuste, autor saªnior do estudo.

Centros Cognitivos do Projeto do Canãrebro Previsaµes

O estudo também mostra que as regiaµes cognitivas superiores do cérebro, como o cortex pré-frontal, enviam sinais para trás para ativar ou suprimir dinamicamente esses conjuntos de detecção de novidades. "Isso sugere um mecanismo pelo qual os centros cognitivos do cérebro projetam ativamente previsaµes sobre o mundo para as regiaµes cerebrais inferiores, sinalizando quais esta­mulos ignorar e quais esta­mulos são excitantes no ambiente", disse o Dr. Hamm.

“Tambanãm acho que, como a função última do cérebro poderia ser prever o futuro, essas novidades detectando neura´nios poderiam ser uma pea§a essencial desse quebra-cabea§a”, disse Yuste.

Mais estudos são necessa¡rios. Sera¡ importante examinar as propriedades celulares, moleculares e genanãticas desses novos neura´nios detectores, que podem sugerir novas drogas destinadas precisamente a melhorar os danãficits de processamento sensorial em pessoas com esquizofrenia. Embora os manãtodos não existam atualmente para confirmar funcionalmente a existaªncia dessas células em humanos, estratanãgias farmacola³gicas para aumentar seletivamente a função desses neura´nios poderiam ser desenvolvidas e testadas no futuro.

 

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